Capítulo 2

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Dessa vez acordei cedo.

Estou com uma ressaca brava,e engulo a aspirina com um gole de café. Dessa vez,já estou devidamente arrumada - e de sutiã obviamente - e estou na cozinha revisando minha bolsa. Estou levando meu iPad,agenda,algumas canetas,uma garrafa de água e umas barrinhas cereais.

De repente,meu celular toca e eu o pego o mesmo - É a Vic. - Bom dia sumida. Aliás obrigada por ir pra cama com um estranho ao em vez de me dar uma carona. - Reclamo,enquanto limpo a caixa de areia de Nina - Oi? E quem foi que me ligou ontem dizendo que trabalha pro Pedro Pascal? Aonde você tava ontem? E tava bebassa. - Ela conta,e me lembro de ter acabado com uma garrafa de whisky em casa. Só não sabia que tinha ligado pra Vic - É,eu não me lembro disso. - Digo, tentando me lembrar de ontem. Ela da uma risada - Você é maluca. E aí,passou na entrevista? - Ela pergunta,e eu penso se devo contar sobre meu novo chefe.

Vic é a minha melhor amiga,mas não sei se devo - Sim,daqui meia hora vou estar no escritório. - Digo por fim,e já procuro minhas chaves do carro - Parabéns! Podíamos sair pra comemorar o que acha? - Ela diz toda feliz - Ué não vai estar ocupada com o estranho da balada? - Alfineto a mesma que faz 'hm' em resposta - Digamos que ele tinha só a língua grande mesmo. Bom de papo,mas péssimo de cama. - Ela diz,e eu dou uma risada - Tá,vou indo. Chegando em casa depois do trabalho,vamos nos encontrar no Roots. Tchau Vic. - Encerro a chamada,e já com as chaves do carro em mãos,sigo pra porta.

Eu estou bem mais calma do ontem,e a lembrança dos olhos cor de chocolate encima de mim me fazem apertar o metal da chave em minha mão direita. Preciso me acalmar mais. Uma dose daquele whisky agora iria ajudar muito.

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- Sr. Pascal,que tal checar sua agenda? - Porque soava tão sensual? Aqueles óculos,a boca carnuda com uma camada de batom vermelho,os olhos em um brilho selvagem e ao mesmo tempo inocente. Dessa vez,a camisa social branca destaca o decote generoso dela,e eu tento não atacá-la ali mesmo - Mia,eu... - Tento dizer,mas ela avança pela mesa e me puxa pela gravata - Sr. Pascal,acho que não me entendeu. Preciso que cheque a sua agenda agora mesmo. - Eu estou tão próximo de sua boca,não sei se devo... Quanto dou por mim,ela deu a volta na mesa e está sentada em meu colo. Meu membro desperta na hora. Ela me olha de canto de olho,e da uma piscadela - Hora de acordar Sr. Pascal. - Acordo caindo de minha cama.

Meu cão vem até mim,me olhando confuso. Afago suas orelhas,e acabo notando um certo volume em meu baixo ventre. Ok,eu preciso de um banho gelado. Daqui meia hora ela chega,e me ver nesse estado não vai ajudar muito. Corro para o banheiro e ligo minha ducha. Estou debaixo de água, curtindo a água gélida descendo pelo meu corpo que está fervendo quando escuto minha campainha tocar. Droga. Procuro minha toalha,e amarrando a mesma em minha cintura,sigo pra porta da frente com meu cão em meu encalço. Vejo no olho-mágico que se trata de Mia. Putz. Ela toca a campainha novamente,e eu abro a porta assim mesmo - Bom dia Sr. Pascal,digo Pe- Ela diz toda sorridente,e se vira de costas pra mim toda vermelha - Me perdoe,eu não sabia que estava de toalha. - Ela diz toda atrapalhada - Bom dia Mia,e eu que devo desculpas. Entra,vou me vestir devidamente e já volto. Fique á vontade. - Digo enquanto vejo a mesma entrar sem contato visual comigo. Dou um sorriso travesso,e sigo para meu quarto. Visto uma camisa branca,uma Boxer preta e uma bermuda jeans. Sigo para cozinha ainda secando meus cabelos,e me sirvo de um copo de café - Aceita café,Mia? - Digo da cozinha e escuto a mesma negar educadamente.

Sigo até a sala,e vejo a mesma sentada no sofá enquanto Sting,a enche de beijos e lambidas - Parece que ele gostou de você. - Digo,me sentando no sofá de outro lado do cômodo.  Ela se liberta dos carinhos do pequeno de 4 patas e ajusta sua postura no sofá - Bem,como havia dito na mensagem que lhe enviei ontem,tenho algumas dúvidas. - Pego meu celular do bolso,e releio as perguntas que ela me envio no SMS - Bem,como vou começar a gravar a terceira temporada de The Mandalorian,vou para o estúdio todo dia as 9. Almoço lá pelas 11,em relação á remédios controlados eu não tomo,e não sou alérgico á nada. Minha agenda,bem é uma bagunça e quase sempre não checo meus e-mails. - Vejo ela arregalar um pouco os olhos. Ela pega um iPad em sua mochila,e começa a digitar algo - Bem,preciso organizar seus e-mails e vou comprar uma agenda pra você. Vou te ensinar á ser organizado. - Ela diz séria,e eu só fico lá escutando tudo com atenção. De repente,ela me pede meu notebook e eu sigo para meu quarto para pegar o mesmo. Meu estômago ronca alto,e ao entregar o aparelho para ela,sigo para cozinha - Mia,vem pra cá. Vou fazer algo pra comer. - Digo, enquanto pego os ovos na geladeira. Depois de alguns minutos ela aparece na cozinha,e se senta na mesa de centro - Bem,pelo que eu vi sua caixa de e-mails é uma baita bagunça hein. - Ela diz,e eu fico envergonhado por ser desorganizado.

Quebro os ovos na frigideira,e já aproveito e coloco as torradas pra tostar. Mia está concentrada mexendo em meu computador,que me pego olhando para a morena - a forma como mordia levemente a caneta,ou o jeito que os óculos vez ou outra escorrega pelo nariz da mesma - volto a atenção para a frigideira,quando escuto o chiar dos ovos. Dou uma mexida,e já aproveito e coloco as tiras de bacon - Então vi que seu médico vive te mandando e-mails. Não acha melhor vê-los depois? Pode ser algo sério. - Ela me alerta,e eu dou de ombros. Monto meu prato e me sento ao lado dela - Servida? - Ofereço,mas ela se nega gentilmente - Começo a comer,e ela acaba achando minha galeria no notebook. Havia fotos com amigos meus,pessoal do Studio e até dos meus sobrinhos. Ela abre um sorriso tão lindo,que quase engasgo com a comida - Nossa,você é tão família. Queria ser assim com a minha também. - A mesma diz,e eu acabo colocando a mão por cima da dela. A mesma se arrepia por completo e me olha com seus belos olhos negros - Relaxa com o tempo você se apega á eles. Vai por mim. - Tiro minha mão,e vejo a mesma respirar fundo como se estivesse tentando se controlar - Desculpa eu não tô tão acostumada com a sua presença ainda. Releva se eu ficar agitada. - Ela sussurra como se fosse um segredo,e eu não consigo segurar um sorriso sacana - Tranquilo. Só não quero que se sinta desconfortável do meu lado. - Digo á ela, enquanto pego uma tira do bacon do prato.

O dia se estende até rápido demais - ela acabou almoçando comigo - disse que eu cozinho bem,o que me deixa todo bobo. Após terminar de comer a sobremesa,ela se levanta do sofá dizendo que precisa ir indo. Quando olho para o relógio da sala,vejo que já são 15:45 da tarde. Quando abro a porta para ela,vemos uma chuva caindo. O carro está na rua de baixo,e por instinto entro dentro de casa á procura de um guarda chuva.

A mesma fica confusa ao me ver entrando novamente em casa,e aguarda pacientemente no batente da porta. Volto com meu guarda chuva,e ela me olha meio envergonhada - Não precisa me levar até meu carro,Sr. Pascal,digo Pedro. - Ela diz e eu abro um sorriso - Tá tudo bem. Vamos? - Digo enquanto abro o guarda chuva. Fecho a porta atrás de nós e seguimos rua á baixo. Ela permanece em silêncio o trajeto todo,e eu fico curioso em saber no que ela tanto pensava. Enfim chegamos ao carro da mesma,eu pego minha carteira - Olha,esse dinheiro é um pequeno adiamento. E não quero que gaste seu dinheiro comigo comprando a agenda. - Digo enquanto entrego 500 dólares na mão dela - Oh, obrigada. Bem,tenho que ir agora. Até amanhã Pedro. - Ela diz finalmente meu nome sem ser formal,e eu não controlo o sorriso - Até. - Ela entra em seu automóvel,e eu me afasto. Ela manobra o carro,e segue rua abaixo. Preciso ligar pro Isaac.

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