Capítulo 8

231 14 1
                                        


Olho pelo retrovisor de centro,e vejo o mais velho entregar o saco de papel para seu sobrinho. Coitadinho,ele está até meio amarelo. Enfim chegamos no hospital,e já saímos às pressas do carro. Nem me lembro de ter verificado se tranquei as portas. Assim que chegamos na recepção,um grupo de enfermeiras nos atendem educadamente - Oi pequeno,o que houve? - Diz uma delas,loira,que se abaixa na altura do pequeno,e escuta atentamente - Acho que minha barriga tá dodói. - Ele diz,e a mesma nos guia para um consultório mais próximo. Uma delas,a ruiva me entrega a prancheta para colocar os dados do pequeno. Pedro pega gentilmente de minhas mãos e começa á escrever.

Assim que entramos na pequena sala com decorações infantis,o pediatra nos cumprimenta - Boa noite,o que houve com o pequeno Buzz? - Ele diz, enquanto Pedro põe o mesmo sentado na maca - Ele começou a vomitar muito,e está meio amarelado. - O mais velho diz,e o pediatra começa a averiguar melhor o pequeno - São os pais dele? - Ele pergunta casualmente,e eu fico vermelha. Pedro me olha,dá um sorriso meio fraco - Não,sou tio dele. E ela,é minha assistente. - O mesmo responde,e eu quero sumir daquele consultório - Bem,parece que ele comeu algo que não desceu bem. Vou fazer a receita e ele vai precisar tomar bastante água,água de coco e soro fisiológico. Geralmente vômitos desidratam muito nosso organismo. - Ele diz,já anotando. Depois do pequeno ganhar uma estrelinha na ponta do nariz do pediatra,decidimos ir á uma farmácia.

Assim que descemos do carro,uma fã de Pedro aparece. Dá pra notar que ele fica meio desconfortável de não dar uma atenção á ela,e eu decido pegar o pequeno no colo e entrar dentro do comércio. Depois de pegar os remédios e o soro fisiológico,vamos até a geladeira. Pego umas 5 caixinhas de água de coco e duas garrafas de água mineral. Quando chegamos ao caixa,Pedro já está pagando por tudo. Assim que entramos no carro,ele segura levemente meu ombro - Me desculpa por tudo isso,seu carro foi o primeiro que vi na hora,e então... - Eu afago devagar sua mão dizendo - Olha,tá tudo bem. O que importa é ver ele bem,seu sobrinho. - Digo,colocando a mão de volta no volante. Olho pelo retrovisor e vejo ele abrir um sorriso mínino de alívio - Tio,mas se bem que vocês seriam um casal legal não é? - O pequeno diz,e eu até me esqueço de como ligar o automóvel. Pedro o encara com os olhos arregalados,e suas bochechas ficam levemente rosadas. - Toma sua água de coco tá? - Ele diz,enquanto dá a embalagem para o pequeno. Assim que chegamos novamente na casa do mais velho,decido tomar mais um copo de bebida.

Admito que passar por situações como aquelas com o Pedro,estavam cada vez mais recorrentes,mas admito que é gostoso de passar por elas. Quando dou por mim,estou pulando no pula-pula com algumas crianças, totalmente agitada por conta dos energéticos e meu irmão aparece me puxando pelo braço - Se pular mais você sai voando maninha. Vamos,tá na hora do parabéns. - Ele diz rindo,e vamos até a mesa com o bolo,docinhos e atrás da mesma,o aniversariante. Começamos a bater palmas pedindo discurso,e Pedro aparece ao lado de seu sobrinho mais velho,lhe abraçando e encorajando a fazer o discurso - Bem,eu não sou bom com isso,mas quero agradecer a presença de todos. Quero agradecer a Mia por levar meu irmãozinho ao médico,sério mesmo você é um anjo. Obrigado tio por ceder a casa á essa bagunça que chamamos de festa,e dizer que cada um de vocês é especial de um jeito pra mim. Amo vocês! - Ele termina,e batemos mais palmas e enfim cantamos o parabéns. Me sento em um balanço de madeira que há na varanda,e vejo a festa meio de longe.

Crianças correndo pra lá e pra cá,meu irmão rindo de algo que o Oscar disse,o pequeno já estando melhor, comendo um docinho e todo grudento de granulado. Fofo. Quando noto,Pedro se senta do meu lado - Quer um pedaço? - Ele diz enquanto corta um pedaço com o garfo,e guia o talher até perto de meu rosto - Eu tenho 31 anos,e não 13 Pedro. - Digo enquanto vejo ele dar uma risada - Faz sentido. Vem cá,você fica desconfortável quando falam que a gente seria um casal legal? - Não esperava aquela pergunta do nada,e acabo me enroscando nas asas. Ele ri novamente e ao tentar me ajudar, acabamos nos enroscando juntos. Rimos,e quando percebemos estamos tão próximos que sinto a respiração dele falhar. Nossos olhos se conectam,e juro que posso sentir o tempo parando - Então,eu gosto de saber que acham que formamos um belo casal. E você? - Pergunto enquanto inclino o rosto para o lado oposto do dele - É,eu... Bem não,quer dizer eu acho legal que pensem que somos um casal. - Ele diz sorrindo,e luto contra todas as minhas forças pra não beijar ele agora mesmo.

- Tio? - Escutamos a voz fofa do sobrinho mais novo dele chamar o mais velho,e damos um jeito de se desenroscar na mesma hora. Pedro pega o mais novo no colo,e sai andando pela festa. Meu coração ainda está na garganta quando me arrumo na cadeira. Ok,ok,eu quase beijei ele. Quase. Aí Jesus. Preciso de outro copo de energético.

Depois de tantos copos de energético,óbvio que iria parar no banheiro. De repente,escuto alguém bater na porta - Mia? Tá tudo bem? - É Maycon na porta. - Tô sim,só não devia ter tomado tanto energético e refrigerante. - Escuto ele soltar uma risada. Quando abro a porta,vejo o mesmo com a cara pintada de homem-aranha - Mas quem te pintou? - Pergunto, enquanto olho pra carranca dele - Foi a esposa do Isaac. Qualé,deixa eu ser criança pelo menos agora tá? E sai com água - Ele diz com um bico pidonho - Ok,fica com isso. Mas depois eu vou limpar isso ok? - Ah,e eu vi aquilo hein... Atrevidinha - Ele diz enquanto faz uns bicos - Viu o que? - Pergunto dando um beliscão nele - Você e o Pedro. Quase rolou um beijão hein. Fala a verdade tá apaixonada não tá? - Ele diz, enquanto abri um sorriso travesso - Não,vaza daqui Maycon. - Digo enquanto ele pega o sobrinho mais novo do Pedro do colo e sai andando pelos cômodos. Tá na cara,eu já devia saber.

SHAMELESS Onde histórias criam vida. Descubra agora