Neighborly Relations | frerard | completa

Epílogo

Julho, seis anos depois

Não havia uma palavra para descrever o que Frank sentia sempre que olhava para aquela fotografia. Seus olhos sempre pousavam em Gerard primeiro, é claro – era como se o resto da imagem ou deste mundo não existisse enquanto ele continuasse olhando para Gerard. Gerard, seu Gerard. Seu melhor amigo, seu amante, seu amor, seu tudo. Seu marido.

Que estava insanamente atraente. Igual todos os dias, na verdade, mas Frank sentia que essa foto, a foto do casamento deles, era um nível completamente diferente. Reeve tinha feito um trabalho fenomenal, de verdade. Ambos usavam ternos pretos, o de Frank era um pouco menor que o de Gerard, com uma rosa vermelha de cada lado do peito. A gravata borboleta de Gerard era preta, a de Frank era branca e, fora isso, as roupas eram completamente idênticas. Frank não pôde deixar de notar o quão bem Gerard estava, quão angelical ele parecia, o preto de seu cabelo e terno criando um contraste atraente com sua pele pálida, quão alto e esguio e perfeito ele parecia ao lado de Frank. Quão sortudo Frank era.

Ainda assim, a verdadeira beleza de Gerard não estava no terno que ele usava naquele dia, mas sim em sua expressão facial. Talvez Frank o conhecesse muito bem, mas seus olhos eram como um livro aberto para ele.

Ele viu descrença dentro deles. Como se ele fosse o sortudo, Jesus. Frank balançou a cabeça levemente com o pensamento, um sorriso brincando em seus lábios. Gerard sempre foi modesto pra caralho, ele não tinha ideia de como era incrível.

Seus olhos também mostravam um toque de insegurança, pânico e autoconsciência que só aumentava por ser o centro de dezenas de fotos, mesmo que fosse Reeve atrás da câmera. Frank lembrou-se de como a mão de Gerard estava apertada e úmida durante todo o tempo e como ele só lentamente se permitiu relaxar. Parte dele ainda era aquele cara nervoso que havia tocado a campainha de Frank tantos anos atrás.

E tinha também orgulho. E Deus, Gerard deveria estar orgulhoso de si mesmo, ele chegou tão longe. De um funcionário mal pago e tratado injustamente a um dos artistas autônomos mais bem-sucedidos de Nova Jersey, permanecendo totalmente ele mesmo o tempo todo. O coração de Frank explodiu de orgulho só de pensar nisso, e se sentiu bem consigo mesmo sabendo que foi ele que incitou Gerard a explorar sua criatividade, a continuar tentando e ignorando quaisquer falhas que pudesse ter.

Mas o que Frank viu principalmente no rosto de Gerard foi felicidade absoluta. Ele estava sorrindo, largo e mostrando os dentes enquanto segurava a mão de Frank com firmeza, os olhos brilhando tanto quanto os dele. Ele era lindo. Eles eram lindos. Completos.

Todo o casamento foi lindo, para ser sincero. Seu pai estava lá, Mikey e Kristin com sua filhinha, os pais de Gerard, Reeve e Carlie, seus funcionários... e até mesmo sua mãe. A mãe de Frank no casamento gay de seu filho. Significou o mundo para ele.

Frank nunca pensou que isso iria acontecer com ele, que ele era o tipo de cara que iria gostar desse tipo de felicidade. Casar e ter a lua de mel mais cafona, clichê e romântica de todos os tempos. Morar em uma casa bonita e iluminada com grandes janelas e um pequeno jardim nos arredores da cidade depois de deixar para trás seu amado apartamento, ignorando intencionalmente todas as perguntas do proprietário sobre um certo buraco no teto.

De repente, o tamborilar frenético de patas excitadas contra o piso de linóleo interrompeu sua linha de pensamento, seguido por latidos persistentes no corredor. Com um sorriso carinhoso, ele pressionou a fotografia nos lábios brevemente antes de colocá-la de volta e caminhou em direção à fonte dos ruídos.

Lupin e Coco chegaram à porta muito antes dele, felizes demais até para notar Frank a princípio, balançando o rabo enquanto latiam. Eles devem ter ouvido o carro de Gerard na garagem e agora mal podiam esperar para atacá-lo com suas patinhas e línguas ansiosas assim que ele abrisse a porta.