Capítulo 4

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Dustin Leibovitch

Somos um borrão em meio a vegetação daquela densa floresta boreal, as nossas patas correndo em uma velocidade sobrenatural até mesmo para nós. Estamos quase chegando a New Westminster. O plano é nos separarmos quando chegarmos nas proximidades da fazenda, cercar a propriedade e atacar de surpresa e por todos os lados.

Eu, Sinclair, Kundon, Rohan e outros dez lobos seguimos pelo norte, onde os rastreadores encontraram o cheiro de Anthony. Estávamos perto da fazenda quando ouvimos uivos e tiros vindos do lado leste da floresta, o cheiro de medo, pólvora e raiva ficando forte no ar e corremos para onde um lobo jovem corre com um grupo de humanos armados até os dentes em sua cola.

Cercamos e atacamos o grupo de humanos que atiravam para todas as direções em uma vã tentativa de atingir o lobo, não foi difícil desarmá-los e matá-los. O lobo marrom avermelhado percebe a nossa presença e para de correr abruptamente, ele parece assustado e olha para todos os lados como se buscasse uma forma de escapar do nosso cerco.

“— Fique onde está, filhote!” — Ordeno e ele arregala os olhos,  abaixando a cabeça em submissão. “— Não vamos lhe fazer nenhum mal, lobo”. — Falo, tentando tranquilizá-lo. “— Pelo contrário, só queremos te ajudar”.

“— Sério?” —Questiona, me olhando esperançoso.

“— Sim!” — Confirmo, olhando em seus grandes e expressivos olhos amarelos. “— Mas precisamos saber quem é você e o que aconteceu aqui? E por que esses humanos estavam atrás de você?”

“— Me chamo Aiden Kannenberg e esses desgraçados estavam atrás de mim porque eu os atraí”. — Ele responde, se aproximando do meu lobo.

Sinclair rosna baixinho, o fazendo paralisar no lugar.

“— E por que você os atraiu, filhote?” — Sinclair o questiona, se aproximando do jovem macho e o cheirando. “— Você poderia ter sido morto, sabia?”

Acho meio estranho a postura do meu beta em volta do tal lobo chamado Aiden, principalmente quando o seu lobo grunhi com a possibilidade do jovem macho ter sido machucado ou até mesmo morto. Noto que o lobo marrom avermelhado também fica estranho com a aproximação do lobo de Sinclair, o farejando de forma mais discreta.

“— Eu sei, mas era o único jeito de distrair os guardas e Yelle conseguir resgatar os filhotes sequestrados”.

Ele tenta explicar e acho meio suspeita aquela história. O sobrenome Kannenberg me soa familiar, mas quem é este lobo? E como ele sabe sobre os filhotes sequestrados?

Yelle…

Quem é Yelle? E por que esse simples nome mexe tanto comigo? Sinto a estranha marca na minha pata direita pinicar como se pequenas chamas estivessem sob ela. 

Sacudo o focinho para dispersar os pensamentos confusos e volto a observar o jovem lobo à minha frente. Ele deve ter o quê? Uns 17 ou 18 anos, no máximo. O que para nós, lobos, significa que ele ainda é apenas um jovem filhote. Já que um metamorfo de lobo só é considerado adulto quando completa os seus 21 anos e o seu lobo está biologicamente pronto para acasalar.

“— Acho melhor você explicar essa história direito, filhote!” — Ordeno e ele se assusta.

“— Eu fui sequestrado da minha antiga alcateia há alguns meses atrás , em Quebec, e fiquei em cativeiro com outros lobos e crianças humanas por cerca de três meses”. — Ele começa a explicar, apressado. “— Até que em uma madrugada como esta Yellena nos encontrou e nos resgatou daquele inferno”.

Yellena...

Yelle...

Este nome saindo da boca desse macho com tanta intimidade me causa uma estranha sensação de posse, meu lobo se agitando instintivamente.

YELLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora