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"Me leve para sair esta noite
Oh, me leve para qualquer lugar
Eu não me importo, não me importo, não me importo
Dirigindo no seu carro
Eu nunca, nunca mais quero ir pra casa
Porque eu não tenho mais uma casa, não."

— There's A Light That Never Goes Out, The Smiths.

O céu brilhava com nuvens brancas que tocavam a quente luz do Sol, esquentando o corpo de todas aquelas pessoas caminhando rapidamente pela grande cidade, pisando desajeitadamente nas delicadas folhas amareladas, alaranjadas e até mesmo esverdeadas que estavam caídas pelo chão, como um tapete dos mais belos, o vento ameno daquela manhã as fazendo voar pelo ar como se dançassem uma músicas em grupo, apenas delas.

E Eleanor estava falando alguma coisa que provavelmente era extremamente importante sobre a cidade, mas Will sequer a escutava, maravilhado por aquela encantadora manhã, como se fosse um simples príncipe em uma vila do século 18, caminhando em pulinhos com uma cesta recheada de frutas, ao invés de estar caminhando para um escritório de paredes brancas e pedidos infinitos.

Balançou a cabeça, focando na garota ao seu lado, com seus braços cruzados juntos, como El tinha o costume de fazer desde a adolescência, andando por aí de braços dados.

"Então eu pensei que seria legal você sair com meus amigos! São a Max, o Lucas e o Mike, e todos concordaram em ir em um pub no final do mês, o que você acha?" Ela desviava das pessoas na calçada como uma profissional, sequer olhando para a frente, focada em cada reação que seu irmão esboçava. Seus cabelos curtos, na altura do ombro, estavam soltos hoje, castanho voando pelo ar como um quadro Renascentista, um vestido florido e uma tiara rosada a deixando ainda mais adorável, sabendo que seus alunos do estágio adoravam quando ia com roupas das mais coloridas.

Will focou novamente em seus olhos castanhos, lembrando que ela esperava por uma resposta, e optou por ir pela pergunta mais óbvia. "E o Dustin?"

A mais velha revirou os olhos, como o Byers sabia que ela faria. "Ele é literalmente meu namorado, Will, e vocês eram melhores amigos quando éramos crianças, preciso mesmo citar ele agora?"

"Estressada." Murmurou, com El lhe dando uma cotovelada nas costelas em resposta "Ei!"

"A única coisa que me estressa é essa sua encheção de saco."

Will, tão maduro quanto ela, lhe mostrou a língua como resposta, ganhando uma risada da irmã.

"Enfim, você vai no pub?"

"El...você sabe que não gosto de muitas pessoas, ou barulhos muito altos."

Ela parou repentinamente, só então Will notou que estavam aguardando o semáforo fechar para atravessarem a avenida. Um homem loiro, com um cachecol verde escuro e olhos cor de mel olhou para Will, lhe sorrindo suavemente enquanto também aguardava o fechar do semáforo, e, Deuses, que olhos belos, quase como o outono amarelado e castanho brilhando logo ali.

O Byers corou, rapidamente abaixando seus olhos para a calçada úmida da chuva que caiu torrencialmente naquela madrugada, com diversas tonalidades diferentes, como um agradável desenho degradê de se observar.

O semáforo fechou, com várias pessoas atravessando rapidamente, perdidas demais na rotina para serem gentis no ato. Eleanor mal se importou, seus olhos arregalados para o irmão que ainda sentia suas bochechas queimando. "O que?"

"Will, sério, que olhada foi aquela? E você nem vai pedir o número dele?!" Perguntou, alarmada, olhando em volta como se alguém estivesse escutando a conversa e estivesse tão abismado quanto ela.

atenciosamente, will.Onde histórias criam vida. Descubra agora