Segunda chance

Capítulo 16

                         Gwyneth

Acompanhava Lucien em seus afazeres, não estava muito bem para treinar ninguém hoje. Mas não iria ser inútil.

A Elain estava sendo crucial para a corte primaveril. Ontem, ela chegou tarde, e sua explicação foi que a mesma estava tendo uma conversa agradável com os aldeões e que tinha feito uma lista de todas as sugestões que eles deram. Nunca fui muito próxima da Archeron do meio, mas eu nunca vi ela tão radiante quando ontem.

E aparentemente acordou de bom humor, já que preparou um delicioso café da manhã. Graças a Mãe alguém tirou o Lucien da cozinha.

Não é que ele cozinhe mal. Ele só não cozinha bem.

Azriel foi embora quando a mesma chegou. O imbecil parecia mal humorado e grunhia como respostas para alguma coisa.

Aparentemente Elain e Azriel não estavam se dando bem, considerando que o mesmo passou reto por ela. E Elain sequer o olhou.

Quase me joguei da escada quando senti alívio e uma leve satisfação.

E dois dias depois descobri que Elain e Azriel sairiam em uma missão juntos. Novamente. A Archeron resmungava sobre como aquela missão seria a última.

Toda essa situação me trouxe um sentimento nostálgico. E dos ruins. Eu e Lucien apostamos com Jurian e Vassa que eles voltariam juntos e iriam se reconciliar.

Eles estavam nessa missão há um mês. Tempo suficiente para resolverem suas diferenças.

Não queria estar tão confiante na minha vitória, mas estou.

- Você também deveria dar uma volta, sabe? - Pisco os olhos, tentando sair dos meus pensamentos. - Você visitou poucas vezes os aldeões.

- Vou acompanhar Elain quando a mesma voltar. - Dei de ombros. Queria andar a cavalo, mas Lucien me proibiu. Poxa, eu não sou nenhuma lesada, não iria cair do cavalo.

Apenas no sentido figurado da palavra, não no literal.

- Seria uma boa idéia. - Lucien parecia distraído hoje. - Já marquei a data da minha posse. Vou querer que você suba do meu lado e seja apresentada como herdeira da primaveril.

Começo a tossir desesperadamente. Engasgar com a saliva é uma merda.

O Vanserra dava tapas leves nas minhas costas. Era tão leve que quase arrancava meus pulmões fora. Respiro fundo várias vezes tentando me recompor.

"Herdeira da primaveril" de onde saiu isso?

- Lucien, não posso ser apresentada como herdeira. - Pigarreio. - Não sou sua filha ou parente.

O Vanserra deu um sorriso sem graça, quase tenso. Franzi a testa. Ele estava tão estranho ultimamente.

- Pode. - Lucien passa uma mão pelo cabelo. - Pode sim.

- Agradeço a consideração.  - Sorri. - Mas isso viola muitas coisas. Não posso estar na sua linha de sucessão, Lucien. - Explico pacientemente.  - Seus filhos devem estar. Mas eu adoraria ter um pai como você.

Ele pareceu emocionado quando terminei de falar. Tudo que eu disse era a mais pura verdade, nunca tive um pai ou sei como é uma presença paterna, mas sei que Lucien seria um ótimo pai.

- Sobre isso…

- O que é aquilo? - Sussurro, olhando discretamente para uma movimentação estranha na moita.