don't let me go | Charles Leclerc

1.0 - she said that?

Isabella

1 mês e meio depois.

No próximo final de semana acontecerá o Grande Prêmio da Espanha, o que me deixava extremamente feliz, pois a distância de Barcelona para Londres é de menos de 3 horas, ou seja, sem mala muito pesada e sem aquela correria de fazer escalas para só então poder chegar no destino final.

Minha mãe pediu para que passasse a tarde na casa dela, que ficava localizada na região de Kensington e Chelsea. Eu nunca fui muito fã daqui, a vizinhança é bem calma, para não dizer mal educada e quando conversam, são sempre os mesmos assuntos: poder aquisitivo. Sabe aquele ditado " a grama do vizinho é sempre mais verde"? Pois é, eu tenho certeza que esse poderia ser o slogan daqui.

Antes de ir para a casa dela, passei na escola para buscar a minha irmã, que veio metade do caminho em silêncio, o que me causou estranheza.

- O que foi? - Falei enquanto tirava a atenção do trânsito para olhar para ela.

- A mamãe não deixa eu fazer o que eu quero - Respondeu fazendo bico e cruzando os braços. Maisie era uma criança emburrada e de personalidade forte e como qualquer outra da idade dela, não gostava de ser contrariada - Eu não quero fazer ballet. Eu não gosto da sapatilha e nem naquela roupa rosa.

- E o que você quer fazer? - Perguntei enquanto voltava a minha atenção para o trânsito.

- Natação - Respondeu.

- E porque você não fala para ela que é disso que você gosta? - Falei enquanto estacionava o carro na frente da casa e me sentei virada para o banco de trás do carro.

- Porque ela disse que natação vai estragar meu cabelo - Ela balançou a cabeça negativamente - Fala com ela por mim, por favor por favor.

- hmmm, vou pensar, ok? - Desci do carro e a ajudei a sair da cadeirinha.

Da mesma forma que minha mãe sempre quis escolher as coisas por mim, eu tinha certeza que ela faria com Maisie. Se hoje eu e ela temos uma péssima relação, se dá muito por conta de que ela queria que eu fizesse medicina assim como ela fez, mas eu nunca tive vocação para isso, além de morrer de medo de agulha. E então nós passamos a minha adolescência inteira discutindo sobre isso. Ela dizia que não queria ter uma filha jornalista porque jornalismo era uma profissão com prazo de validade, já meu padrasto sempre disse o contrário, inclusive, se eu consegui entrar em Oxford foi muito graças a ele, que sempre me apoiou, mesmo quando eu já estava perdendo as esperanças de conseguir estudar em uma das melhores faculdades do mundo.

- Maisie, vem tomar banho!- Disse minha mãe enquanto abria a porta do banheiro do quarto da minha irmã.

- Isa, não esquece - Gritou a minha irmã enquanto corria para o banheiro.

- Não esquece do que? - Questionou minha mãe.

- Fala primeiro o que a senhora quer e depois eu falo sobre o que ela quer - Respondi me sentando na poltrona que ficava no quarto da minha irmã.

- Quem ouve assim pensa que eu só te chamo para brigar...- Respondeu minha mãe enquanto procurava alguma roupa nas gavetas.

- E não é? - Falei em tom de deboche - Da última vez que nos encontramos a senhora disse que eu estava colapsando a minha carreira pois ter aceitado ir para a fórmula 1.

- E eu menti? Em menos de um mês todo mundo soube do escândalo que foi o seu casamento - Não tinha uma vez que nos encontrássemos e ela não lembrasse do meu não casamento.