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Após finalmente chegarmos a casa de Hyunjin, eu me senti feliz e protegido pela primeira vez em anos, era incrível o efeito que Hyunjin causava em mim sem nem saber. Entramos na sala de estar e Os dois meninos imediatamente me abraçaram, eu percebi que eles estavam segurando as lágrimas no carro, e quando entramos em casa eles desabaram em meus braços, como se sentissem toda a minha dor.
— Porque... Porque você não me disse nada antes?.. —Hyunjin perguntava me apertando ainda mais forte.—
As lágrimas que escorriam pelo rosto dele me cortavam como facas afiadas, e a cada soluço seu as facas giravam e me destruíram completamente. Ele chorava, soluçava e eu tinha a vontade de fazer o mesmo, o nó em minha garganta e o grito que guardei comigo tanto tempo eram como ondas gigantescas que eu sempre tentei desviar e quando eu conseguia voltar a superfície se aproximava outra onda maior ainda. Mas eu não posso deixar que continue assim, eu tinha que deixar as ondas me atingirem para que eu aprendesse a nadar ou me afogasse de uma vez.
— Eu não podia, Hyunjin. —Tentei explicar mas acabei por deixar um alto soluço escapar e eu acabei desabando junto com os dois outros garotos.—
E nós ficamos lá, chorando abraçados até que uma pequena parcela da angústia tivesse passado, o suficiente para podermos ter a coragem de nos olharmos com os olhos inchados e vermelhos.
Eu nunca havia visto Minho chorar, mas ele sempre pareceu se preocupar muito comigo, eu o considero um irmão pra mim, vê-lo chorar foi a coisa mais triste e desesperadora que eu já havia visto. Ele soluçava alto e suas mãos tremiam, as lágrimas caiam uma atrás da outra e ele não conseguia se manter de olhos abertos. Foi assustador.
~×~
Tomei um banho e troquei de roupa. Sentei-me na cama do quarto de hóspedes me sentindo um lixo, eu simplesmente não tinha mais forças para nada, estava cansado de lutar, não me importava mais em vencer a guerra que venho travando com meus próprios pensamentos. Mas tudo isso foi embora por um tempo quando um Hwang de cabelos bagunçados e os olhinhos cansados adentrou o quarto com uma bandeja cheia de frutas. Ele se sentou ao meu lado e beijou minha testa.
— Eu trouxe pra você, você precisa comer. —Disse me fazendo rir nasalado.
— Obrigado, Hyunjin. —Eu disse e sorri de leve.
O menino apenas sorriu tímido para mim e saiu do quarto rindo bobo quando eu o mandei um beijo no ar e ele fingiu pegá-lo e guardar em seu coração
~×~
Já se passara quase duas horas que eu estou no quarto de hóspedes chorando. Meu celular é bombardeado de mensagens a todo segundo e eu preferiria jogar minha cabeça na parede do que lê-las. Nada poderia descrever o que eu sinto agora, nem mil facadas ou cem mil tiros doeriam mais do que se sentir abandonado pelo próprio pai e ser agredido ao ponto de ter que buscar ajuda. Me sinto constrangido. Mas todo esse constrangimento dá lugar a uma sensação de felicidade e conforto quando escuto três batidas na porta e quando eu dou a permissão para abrir um Lee de cabelos roxinhos entra seguido por três lindos gatinhos
— Gatos melhoram o humor, não é? —Disse ele com um sorriso de orelha a orelha.
— Com certeza! —Digo enquanto acaricio o macio pelo dos pequenos felinos que pularam em mim assim que me viram por já terem confiança em mim.
O Lee saiu do quarto e eu achei que ele iria me deixar sozinho com os gatos, mas me surpreendo quando ele volta com brinquedos de gato, Kigurumis de animais, pelúcias fofinhas e um Hwang todo pimposo
— O que é isso? —Pergunto rindo.
— Isso meu caro, é uma festa do pijama —Minho joga o Kigurumi de pato em mim— Vai se trocar e depois vem pra sala—
Eu ri e pela primeira vez eu me senti feliz e confortável, eles são os melhores amigos que alguém poderia ter.
Troquei minha roupa e quando eu saí do banheiro do meu quarto os outros dois meninos também já estavam vestidos. Hyunjin usava um Kigurumi de Unicórnio e Minho usava um de coelho. Ri ao ver os meninos tentando arrastar o sofá para longe.
— Querem ajuda?
— Com certeza —O Hwang pediu.
Fui até eles e com um pouquinho de dificuldade conseguimos arrastar o sofá e trazer os colchões e as pelúcias.
Como sempre, dois colchões com lençóis branquinhos nos cantos e apenas o meu com lençóis amarelos no meio, as pelúcias também já eram tradição, eu ficava com o Pintinho, Hyunjin com o furão e o Minho com a pelúcia de Coelho.
— Porque só o meu lençol é amarelo?
— Porque é a sua cor favorita, besta —O Lee disse e me deu um peteleco na testa me fazendo sorrir.
Nos deitamos e eu abracei os dois meninos ao meu lado e eles rapidamente retribuiram, mas o Hwang demorou um pouco mais para me soltar, o que fez sentir eu me sentir estranho e rapidamente me afastar, Mas oh céus! Que abraço gostoso.
~×~
Quando Felix se afastou do abraço eu senti meu coração se entristecer de imediato, porque mesmo ele estando tão perto sua proximidade nunca é o bastante? Eu sempre o quero mais perto, sempre o quero mais. Chega a ser assustador o que sinto por ele, eu não sei ao certo o que é e nem como aconteceu, mas eu sei que não vai passar tão cedo. A sensação de euforia me consome, o desejo me controla e a vontade me enlouquece, eu perco a noção de certo e errado e minha mente deixa de me perturbar quando ele está por perto. Minhas mãos tremem, minha respiração acelera e eu sinto aquela arritmia gostosa em meu coração, é incrível, é maravilhoso, e ele e só ele pode me deixar assim.
Depois de alguns instantes fazendo contato visual com Felix, percebo que Minho nos olhava com uma cara de bunda que eu pararia milhões pra ver novamente.
— O que foi? Perdeu alguma coisa, narigudo? —Digo quebrando o contato visual com Felix e olhando para o outro Lee.
—Ele finge que não escutou e disfarça assobiando. — Um trio é formado por três e não dois, eu não quero ser um empata muito menos uma vela, Ebaaa. —Ele diz cantarolando.
Felix sorri achando graça da situação do nosso amigo e logo puxa ele pra um abraço apertado, colocando a cabeça de Minho encostada em seu peito.
— Você não é vela, Lino. É meu melhor amigo do mundo! Ele diz cheirando o couro cabeludo do menino que gargalha sentindo cosquinha.
Confesso que me senti um pouco deixado de lado, se eu não sou o melhor amigo dele eu sou o que?! Mas ao mesmo tempo foi fofo ver o sorriso dos dois.
— E eu fico aonde? —Digo de braços cruzados fingindo raiva.
Os dois meninos se entreolham e sorriram de canto, eu já sabia que eles estavam tramando algo quando Minho contou até três.
Os dois pularam encima de mim me fizeram cócegas até que eu estivesse implorando por socorro. Eles pararam quando me viram chorar de rir, eu estava vermelho e com dor na barriga, mas ver os sorrisos de Minho e escutar as gargalhadas gostosas de Felix são duas coisas que me fariam passar por milhões de sessões de cócegas só para me lembrar pra sempre
