novamente, contradição;

28 3 1
                                    

Mesmo no pior segundo
Haviam horas a serem pagas,
Em meio ao fim do mundo
Havia uma arma apontada;
"Decida-se, ou eu explodo a tudo...!".

Haviam palavras regravadas
Prontas para serem gravadas mais uma vez;
Escrevi nos segundos que me restavam
Uma prece por aquilo que não se fez,
E odiei a forma como eles revelavam
Toda a covardia da minha sordidez.

Sordidez? Cinismo ou timidez?
Palavras que arranquei
de mim a carne viva
Quem sabe no fundo havia
um pouco de lucidez?
Contemplaram a decadência
De quem não pediu perdão uma única vez,
Até a esperança cair de joelhos choramingando de viuvez,
Me perguntando: "O que você fez?!"
"Fechei a porta, os vagalumes foram embora,
Mas juro! eu não os matei
Nem uma única vez."

No fundo, nem eu acreditava em mim mesmo,
Olhando no espelho, ria com escárnio
Daquilo que nunca seria perfeito;
Nunca acreditei na Esperança em meio-termo,
Deixei vir e passar a tempestade,
Mas estranhamente a primavera nunca veio.

Talvez foi pura burrice,
E talvez eu devesse ter mentido assim mesmo,
Incrementado com minhas próprias mãos o roteiro,
Olhar melhor, além da superfície,
Não se contentar com um ideal conveniente e mastigado,
Queria o novo, além do imaginado
Mas não quis pagar o preço da decepção do Passado;
Tão decepcionante, a emoção foi uma tristeza em demasiado,
Queria o estranho imaginário,
Que antes de entrar em minha casa
Ao menos fizesse o favor de bater bem os sapatos.

p͟r͟o͟c͟u͟r͟a͟-͟s͟e͟Onde histórias criam vida. Descubra agora