vingança

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incapazes de construir
nos pomos a destruir,
como única saída
para suas mãos incapazes de moverem
ao menos uma mísera peça do tabuleiro
sem desmontar o jogo por inteiro.

estamos no mesmo porão
acorrentados como prisioneiros
apenas sinto como
suas cicatrizes arranham as minhas;
sutil como o toque
do teu desprezo,
me rendo a inabilidade
de uma descontinuidade
é preciso afiar a navalha
arrancar o corte antes que apodreça.

estamos apenas mofando
ignorando o ódio enraizado
atrelado a erva daninha das tuas palavras,
será que podemos reconstruir?
"antes de dormir, feche a porta,
afie a navalha e esqueça
esqueça, meu bem, que um dia estivemos aqui.";

não nos enganemos, pro favor;
não estamos de mãos dadas com o destino,
dois heróis trágicos
atirando-nos como amantes
até o fundo do penhasco.

somos entretanto, tão fracos
incapazes do pôr um fim,
tão amaldiçoados ao descomeço,
sutil como a morte
de um amor imaturo
que desfaleceu taciturno
velho e ressequido dentro do túmulo.


p͟r͟o͟c͟u͟r͟a͟-͟s͟e͟Onde histórias criam vida. Descubra agora