One Piece - O Maior Tesouro de um Pirata

Capitulo Um

Era um dia importante para as brasileiras Giuliana e Dalile, depois de semanas se esquivando de qualquer spoiler vindo das redes sociais e noticiários Geeks, finalmente o famigerado episodio mais aguardado de um de seus animes prediletos chegou a ser legendado para sua língua, elas estavam ansiosas para ver Luffy e seus companheiros encontrando o tal falado tesouro de Gol D. Roger, o One Piece, depois de mais de Mil episódios, o grande dia chegou, e como espectadoras vorazes nçao viam a hora de ver aquela descoberta fantástica.
Giuliana, a mais nova da dupla, saiu afobada da faculdade, seus cabelos cacheados bicolores bagunçados num Afro-puff mal feito, pediam por uma arrumadinha, mas a garota pouco se importava com aquilo no momento. Parou em frente ao ponto de ônibus e aguardou, tentando ler a placa com seus óculos que a muito tempo precisava de uma troca, quando sua habitual carruagem de pobre parou, deu sinal e entrou, estava lotado como sempre. A jovem teve que espremer seu corpo grande pelos passageiros afim de ficar próxima a porta, não queria demorar muito pra descer, afinal sua amiga já a esperava em sua casa para o grande dia.
Por outro lado, Dalile estava em casa a algumas horas, tinha chegado de seu estagio e estava preparando a casa para a visita, comprou guloseimas para as duas, mesmo sabendo que provavelmente Giuliana comeria a maioria deles. A morena de cabelos lisos estava ansiosa pelo episódio, tanto que de tanto pensar naquilo estava avoada no trabalho, derrubou mais coisas que o natural, mas nada que não pudesse resolver.
Estava feliz particularmente por seus vizinhos “adoráveis” amantes de um funk proibidão terem tirado o dia de folga e não terem ligado o rádio para que até o Japão escutasse MC Livinho, MC Don Juan etc. Parece que hoje o mundo estava conspirando ao favor das jovens. Não demorou muito para sua amiga chegar, ambas se cumprimentaram eufóricas.
-Não acredito que finalmente esse dia chegou! Estava esperando sei lá, eu ter uns 50 anos. – Ria a mais nova.
- Né! Parece até mentira. – A outra concordava. – O episodio já baixou, então só estava te esperando, não viu nenhum spoiler né?
- Pela primeira vez na minha vida, não. – A gordinha sorria, ela amava ler spoilers, dizia que ficava preparada para os acontecimentos, mas desde a morte de Ace,tinha parado um pouco. – Li apenas meus BL’s (Boys Love/Yaoi) nos intervalos.
- Ótimo! Ai... Não vejo a hora de ver o Zoro, parece que faz meses que não vejo ele.
- Mana, você namora a figure Action dele todo dia. -  Giuliana revirou os olhos, brincando.
- Quer tocar mesmo nesse assunto? Porque se sua Pillow do Sanji falasse, ele diria muitas coisas interessantes. – A outra alfinetava, logo ambas se entreolharam e caíram no riso, elas sabem que uma não estava atrás da outra quando a questão era paquerar seus mimos do Marimo e do Erocook.
- Vai tomar um banho, deve ter sido um sufoco no ônibus. – Dalile sugeriu a amiga, elas viviam no Brasil, em São Paulo, onde o calor era tão cruel quanto no nordeste num verão como este, e também, passava as 17 horas, ou seja, a jovem havia pego um ônibus em horário de pico, que era bem semelhante a pegar uma carona com o diabo.
Giuliana concordou, vendo a amiga prender algumas mechas mescladas em preto e vinho, a nuca suando, realmente estava calor. Como ambas costumavam dormir uma na casa da outra, haviam roupas de ambas em cada uma das casas para casos como esses, então a jovem apenas foi até  quarto da outra e abriu o guarda roupas procurando um de seus vestidos que havia largado ali, deus sabe quando.
A casa de Dalile era pequena, como a casa de qualquer jovem pobre que havia saído da casa dos pais recentemente e estava começando uma independência. Tinha um quarto, sala, cozinha, um banheiro pequeno e uma área pequena para lavar as roupas, perfeito para uma mulher solteira como ela, somente não podia chamar todos seus amigos de uma vez, ficaria abafado demais.
Depois de um banho não muito demorado, afinal não era ela que pagava a conta de água e luz da casa, Giuliana saiu já vestida e mais fresca, o vestido azul com flores brancas como detalhes medindo um pouco acima dos joelhos e os cabelos presos mais firmemente no topo da cabeça, destacando as mechas vermelhas na ponta que molhadas brilhavam mais, agora ela estava pronta.
Muitas vezes as pessoas perguntavam se foi combinado ambas as garotas ter detalhes avermelhados nos cabelos, mesmo que os tons fossem diferentes, não era, mas riam com a coincidência , na verdade a vida de ambas era cheia de coincidências, se conheceram quando mais novas num super mercado, no programa de jovem aprendiz, o interessante é que o assunto entre as duas surgiu quando coincidentemente descobriram amar um personagem em comum, Deidara, do anime Naruto, foi uma amizade entre otakus quase instantaneamente, depois descobriram que ambas escreviam também e por ai vai, realmente semelhanças engraçadas que só as uniram mais.
Agora ambas moravam relativamente perto, morar junto não daria muito certo, afinal por mais semelhantes que fossem as personalidades gritavam em diferenças que poderiam por uma casa abaixo, Giuliana era mais sentimental e preguiçosa, fazia as coisas no seu tempo, já Dalile era mais proativa e pouco sentimental, não daria muito certo dividir uma casa, mas a amizade em si funcionava completamente, afinal ambas já estavam acostumadas, pois além delas existiam Tayler e Adriene, seus amigos próximos de personalidades igualmente divergentes também.
Dalile observou a mais nova se deitar preguiçosamente no sofá da sala, era como ver um gato grande e preguiçoso, mas ainda assim adorava estar na companhia da mesma. Chegou perto e pegou o balde de salgadinhos que separou, olhando para ela com as sobrancelhas levemente arqueadas. A outra se pós alerta, estendendo os braços para pegar a comida.
- Senta direito, folgada. – Ria a mais velha. – Não vai comer deitada né?
- Bem que podia. – Respondeu ela, se sentando no sofá com as pernas em lótus, a morena por sua vez entregou o pote para a cacheada, que de prontidão encaixou-o entre as pernas. – Agora vamos a isso, quero ver meu Sanji e a gostosa da Robin!  Também o Luffy, a lindeza da Yamato e...
- Já entendi, caiu na rede é peixe. – A morena interrompeu, rindo, a amiga era pansexual , ou seja, para ela não  havia muita distinção. – Agora vamos lá.
Dalile se levantou para pegar o controle da televisão, o pendrive já estava plugado nela, mas como no Brasil nada e fácil, houve uma escuridão, foi um apagão. A mais velha jogou xingamentos para o ar, enquanto a mais nova praguejou, estava tudo bom de mais pra ser verdade, a vida do brasileiro é essa, uma rasteira atrás da outra.
Giuliana pegou o celular, ligado a lanterna do mesmo, colocou o pote de salgadinhos na pequena mesa redonda que tinha na sala e suspirou, indignada.
- É serio isso? Pelo amor dos deuses, eu esperei semanas por isso! nEu não li um só spoiler Deus!
- Calma ai, eu já volto.
A mais velha falou, sua voz parecia calma, mas por dentro a de menor estatura estava igualmente indignada com a situação. Depois disso Dalile saiu porta afora, deixando a amiga sozinha na casa pensando no que a mesma teria ido fazer. Cerca de 20 minutos depois a menor voltou, o celular na mão e um suspiro longo.
- Bom, eu liguei pra companhia de luz, pelo que entendi em no Maximo 2 horas a luz estará de volta, então... vamos esperar né, o que é 2 horas para o tanto que a gente já esperou.
- Tá, não é como se tivéssemos outra opção. - Suspirou a menina sentada no sofá. - Dali, eu quero sorvete. – Exclamou.
- É serio isso? Tem um monte de coisa ai pra comer.
- Mas tá calor. – Suspirou a mais nova, fazendo a outra retribuir com outro suspiro.
- Tudo bem, acho que a vendinha da rua de trás tem gerador, vamos lá, não tem nada melhor pra fazer aqui mesmo.
Com a outra sendo convencida, Giuliana sorriu finalmente levantando do sofá. Nisso ambas saíram de casa e caminharam até a vendinha, quem olhava conseguia ver bem a diferença de altura e de formas das duas, a mais velha era mais magra e não tinha seios fartos mas tinha um corpo bem delineado, e era visivelmente mais baixa, seu corpo era moreno e os cabelos lisos eram mesclados em preto e vinho, um pouco abaixo das ombros, já a outra, era mais alta e tinha o corpo mais rechonchudo, tinhas pernas e seios fartos, mas pneuzinhos visíveis com facilidade, pele branca e cabelos cacheados pintados de vermelhos, porem pela falta de retoque a raiz castanha era grande. Ambas eram bonitas, mesmo que diferentes.
O caminho não perdurou mais de meia hora, logo estavam em frente ao estabelecimento iluminado, lá pegaram cada uma um picolé e decidiram ficar ali por um tempo, julgando a vizinhança com os olhos.
Conversa vai, conversa vem, o tempo foi passado, as duas trocavam informações sobre a faculdade, trabalho etc, gostavam de se manter informadas da vida uma da outra, então em algum momento notaram que, não somente a luz da vendinha estava acesa, mas também as das casas gradualmente iam acendendo, a luz tinha retornado.
Dalilie sorriu com a notícia, embora gostasse de estar ao ar livre, não suportaria por mais tempo os pernilongos que faziam a festa em sua pele e de sua amiga naquela noite de mormaço, e claro agora poderiam finalmente fazer o que tanto aguardavam.
As duas pagaram os sorvetes e saíram do estabelecimento caminhando de volta para casa ansiosas pelo que viria depois. Assim que chegaram a dona da casa fez o trabalho de ligar a TV e colocar no modo de leitura do pendrive, enquanto a amiga voltou a se acomodar no sofá, ambas estavam eufóricas, animadas demais por esse momento.
E finalmente houve o play do capitulo, Dalile sentou ao lado da amiga e agora o foco das duas era apenas para a tela da Televisão que apresentava o grande capitulo esperado por todos que acompanham o anime. Conforme decorria o episodio houve múrmuros de todo o tipo, comentários soltos, mas ainda assim seus olhos focavam na tarefa de assistir e seguir a legenda sem perder nada.
Quando Luffy chegou ao Baú antigo e conseguiu destrancar o item, o coração de ambas estava a mil, esperaram por esse momento há muito tempo. Quando o dito rei dos piratas finalmente abriu o baú para ver o que tinha de tão valioso ali, uma luz forte atingiu a tela toda, era branca e forte, depois disso uma escuridão total e o silêncio.