Em Família

462 53 29
                                    

Adora Grayskull's POV

O castelo Vladulescu pode ter me intimidado por seu tamanho e sua história sinistra, assim como pelas paredes de pedra que o deixavam frio e assustador, mas a sala, onde Catra e eu oferecemos um jantar pré-casamento para nossos parentes e amigos mais íntimos, parecia cálida e acolhedora. As pessoas que eu mais amava estavam ali, reunidas à mesa de mogno comprida e brilhante, que refletia a luz de, nada menos que, quatro enormes candelabros de ferro fundido, cada um com dezenas de velas tremeluzentes lançando um brilho suave na sala.

Apesar de ambas sermos anfitriãs da festa, claro que Catra chegou lá primeiro, sobretudo, porquê meu pequeno grupo de convidados se atrasou, graças aos acertos intermináveis que Glim fez em nossos dois penteados. Catra sorriu e se aproximou enquanto entrávamos na sala.

– Bem-vindos, todos vocês. – disse, chegando ao meu lado e pegando minha mão. Seu olhar encontrou o meu e vi a apreciação, o amor que eu sempre desejava ver em seu olhar. – Você está linda, Adora... – disse ela, baixando os olhos para avaliar meu vestido de seda, longo, volumoso, com um padrão discreto, mas intricado de cristais Swarovski no corpete.

Na verdade, não tinha escolhido esse vestido para impressioná-la, e sim, para homenagear minha mãe biológica, que era conhecida por usar carmim.

– Adoro você vestida de vermelho. – acrescentou Catra, levantando os olhos na direção dos meus outra vez. Apesar de seus olhos serem incrivelmente coloridos, vi que estavam com um brilho caloroso, por isso, soube que a havia agradado também. – Se bem que... – observou ela, provocando. – Amei você, mesmo quando usava aquela camiseta com cavalo.

Compartilhamos um sorriso com a referência à camiseta da qual Catra costumava zombar, e que eu tinha usado na noite em que ela tentou dissolver o pacto e terminar nosso noivado. Mas, obviamente, ela não pôde evitar um destino que nós duas queríamos tanto.

Então ela se aproximou ligeiramente, segurou meu queixo e beijou meus lábios. Enquanto meu coração martelava, como sempre acontecia quando nos tocávamos, percebi que fiquei um pouco vermelha por meus pais estarem ali. Não fazia muito tempo desde que eu me sentira envergonhada só por ter sido pega com Catra na varanda, nós duas nos aproximando para um beijo que acabou não acontecendo. Enquanto Catra e eu nos separávamos, meu olhar saltou para mamãe e papai, para ver se minha súbita transformação em adulta, se o fato de estar beijando uma garota... Uma mulher... Em público, mesmo um beijo casto e doce, parecia estranho para eles também.

– Marlena, Randor, que prazer revê-los! – disse Catra, interrompendo minha especulação. Ela soltou minha mão e passou por mim para abraçar meus pais. – Bem-vindos à minha casa.

– É bom ver você, Catra! – disse mamãe, fechando os olhos e puxando-a para perto, abraçando-a com força como uma mãe de verdade faria. – Sentimos saudades.

As duas se abraçaram por tempo suficiente para eu saber que minha futura esposa também havia sentido saudades da minha mãe. O fato de ela não ter dito isso imediatamente, me fez pensar que Catra, que não tinha mãe, estava saboreando o toque maternal, ou, talvez, estivesse perto demais de ser dominada pela emoção para conseguir falar.

Durante o breve tempo em que tínhamos morado todos juntos na Pensilvânia, minha mãe, com toda a certeza, havia destrancado algo em Catra. Um lugar vulnerável que nem mesmo eu conhecia, uma parte de minha endurecida princesa, que era apenas uma criança querendo receber amor materno.

– Obrigada por terem vindo. – disse ela finalmente e, apesar de sua voz ter saído baixa, tive quase certeza de que Catra se esforçava para controlar a emoção.

– Venha cá, Cat!

Em seguida, papai apertou Catra contra o peito e deu uns cinco tapas calorosos em suas costas, até que, rindo, minha noiva se soltou e segurou papai a distância, dizendo:

O Casamento  |  CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora