Capítulo Sete

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Postando mais cedo pra voce, aproveitem a Enid bêbada, falando mais do que devia :)
Não se esqueçam de votar e comentar!
Obrigada por ler <3

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- Em qual lado você quer dormir? - a voz doce de Wednesday parecia cansada.

- Do seu - um riso baixo acompanha a fala.

- Eu tô falando do lado da cama, Ennie - o sorriso em seu rosto era discreto - o lado da tomada ou o lado que bate mais vento?

- Pode ser o do vento - grogue, ela caminha e se joga na cama da morena.

- Você ainda tem que colocar o pijama - ela aponta para as roupas dobradas sob os lençóis - se não vai passar frio durante a noite.

Ouvindo tais palavras, a loira levanta, se troca e cai novamente por cima dos cobertores.

- Eu vou tomar banho, okay? - a menor já tinha uma toalha em mãos, assim como um pijama - vou tomar no banheiro aqui do quarto mesmo, qualquer coisa bate na porta.

- Vai demorar? - a voz manhosa fazia Sinclair parecer uma criança.

- Não, me dá cinco minutos e eu tô de volta.

De fato, cinco minutos depois a morena estava de volta, usando uma calça de moletom e uma blusa preta, com os cabelos um pouco bagunçados e com uma expressão de cansada.
Ela se deita ao lado de sua amiga e poucos segundos depois, sente algo fazer peso sobre seu corpo e, ao se virar para olhar, vê a loira com a cabeça enterrada em seu pescoço a encarando como se fosse a coisa mais linda do mundo. E ela estava terrivelmente perto. Perigosamente perto. O cheiro de seu shampoo doce inebriava o sistema da menor, a deixando bêbada sem uma gota de álcool sequer. Aquele cheiro era viciante, tal qual uma droga. Droga essa que ela havia aprendido a ser dependente.

- Tá tudo bem? - ela tentava esconder a vontade que tinha de tomar seus lábios em um beijo.

- Tá sim - as orbes azuis encaravam as sardas em seu rosto - suas sardas são fofas.

- Hm. Obrigada - aquela era a primeira vez que alguém as elogiava.

- Elas parecem várias estrelinhas no seu rosto - os dedos da loira traçavam delicadamente linhas imaginárias entre as manchas, fazendo a morena fechar os olhos com o contato - parece um monte de constelações.

- Obrigada, Ennie - um suspiro deixa seus lábios - você é a primeira que elogia elas.

- Que bom - ela para os movimentos e abraça o corpo da morena - odiaria te dividir com alguém.

- Como assim? - seu riso fez a loira sentir seu coração aquecer.

- Não gosto de dividir coisas que eu gosto - simples e objetiva talvez até demais - e eu gosto de você.

- Okay então - naquele momento, ela agradeceu que Sinclair já estava de olhos fechados, porque o rubor que tomou conta do seu rosto, a fez parecer uma pimenta - boa noite, Ennie. Dorme bem.

- Boa noite, Willa.

Poucos minutos depois, as duas já haviam dormido.
Enid abraçava o corpo de Wednesday como se ela fosse fugir ou abandoná-la a qualquer momento, tinha seu rosto afundado no pescoço da morena e suas pernas estavam por cima das pernas da menor, que por sua vez, a abraçava protetivamente, como se a protegesse de todo o mal do mundo. Se alguém as visse sem saber o que e quem eram, poderiam dizer que eram um casal.

A de cabelos escuros se condenava todos os dias por não ter coragem de contá-la sobre seus sentimentos. Ela havia feito literalmente mais de vinte cartas, onde explicava como se sentia e se declarava para a loira, mas sempre faltou coragem para a entregar os presentes. Seus pais já sabiam o quão perdidamente apaixonada ela era pela garota de personalidade tão alegre e colorida, e a incentivavam a contar, pois tinham certeza absoluta de que o sentimento era correspondido, mas as longas conversas e incentivos de nada adiantavam.

De pouco em pouco, a consciência retorna à pequena, que abre os olhos e observa a claridade que entrava pela janela, se culpando por ter a deixado aberta quando foi deitar.
Recuperando os sentidos, ela sente algo fazer pressão contra seu corpo e, instintivamente, abaixa o olhar para uma loira completamente apagada e abraçada ao seu corpo como uma criança abraça um bicho de pelúcia. Ela odiava negar, mas amava servir como o ursinho de Sinclair, mesmo que por poucas horas, aquilo era o suficiente para que ficasse satisfeita. Seu peito subia e descia em um ritmo lento e leve, pelo deuses, aquele sono parecia o mais gostoso do universo inteiro. A boca entreaberta, os cabelos bagunçados e a expressão serena eram tudo o que tinha para se ver, e Wednesday não se queixava daquela visão dos céus que tinha no momento. Rápida o suficiente, ela sacou a câmera do celular e registrou o momento, aproveitando para olhar a hora: 08:48 A.M de um sábado frio do típico inverno que trazia consigo todos os anos, temperaturas baixíssimas e com neve o suficiente para dividir com pelo menos, quatro estados diferentes.
Os minutos pareciam agir a favor da morena, já que passavam tão lentamente que ela jurou estar em um sonho.

- Hm? - um resmungo da loira a tira de seus pensamentos.

- Bom dia, Ennie - o melhor sorriso possível estava em seu rosto. Pela manhã o azul de seus olhos pareciam ficar ainda mais fortes - sentindo alguma coisa?

- Uma dor de cabeça chata - ela passa as mãos pela testa - que droga, disse que não ia beber ontem.

- Você sempre acaba bebendo - Addams inicia uma carícia lenta nas costas da maior - vamo tomar café pra você tomar algum remédio.

- O que eu bebi ontem? - sua dúvida era genuína: pela primeira vez a ressaca estava quase insuportável.

- Um drink duvidoso do Eugene, que tinha vodka, energético e limão - a menor enumera nos dedos enquanto fala - pelo menos seis doses de uísque, quase um litro de gin e quatro shots de tequila. É, acho que foi só isso.

- E você não me parou? - as orbes azuis se arregalaram: como havia chegado a tal ponto?

- Eu tentei te parar, mas você literalmente fez manha igual uma criança e disse que eu não te amava por te proibir - um riso rouco - você saiu virando todas enquanto tava na pista de dança, antes de me chamar pra dançar com você.

- Eu dancei com você? - o terror parecia apenas aumentar e a morena estava se divertindo com as reações.

- Sim e ainda dançou em cima da mesa com o Gene - em um segundo, ela já tinha o celular em mãos e estava abrindo o vídeo - fiz questão de gravar.

Enquanto assistia, os olhos da loira se arregalavam cada vez mais. Quando chegou na parte em que caminhou na direção da morena, com uma energia sedutiva e repleta de desejo, sentiu seu rosto pegar fogo e seu corpo dar um leve espasmo com o pensamento de que pudesse ter entregado o jogo.

- Depois dessa tortura matinal, acho que é bom você comer - ela se desvencilha da menor e sai da cama - o que quer pro café?

- Você vai cozinhar? - um brilho se instalou no rosto da loira.

- É a nossa tradição, não é? - ela se apoia no batente da porta - sempre que você dorme aqui eu cozinho café da manhã.

- Panqueca Addams com mel e suco de laranja? - sua boca salivava ao se lembrar do gosto da comida.

- Panqueca Addams com mel e suco de laranja - a menor assente - sua bolsa tá no banheiro do quarto, vou conferir se tem as coisas pra cozinhar e depois subo pra escovar os dentes.

Após devidamente higienizadas, as duas descem para a cozinha, onde ela assiste sua amiga preparar a comida e, por um instante, se perde nos movimentos da morena: o modo delicado como ela mexia na massa, o modo como todo seu corpo também balançava ao misturar os ingredientes dentro da bacia e especialmente a expressão de concentração em sua face, com o lábio inferior preso entre os dentes e o cenho franzido. Céus, se aquilo não fosse a própria perfeição, ela não saberia o que mais poderia se encaixar naquela categoria.
A menor percebeu o olhar queimando sobre si, dando o seu melhor para fingir que não havia notado a forma como a loira parecia analisar cada traço de seu corpo com calma. Mesmo assim, continuou a cozinhar o café e, alguns minutos depois, panquecas que chamavam de estilo Addams (massa de waffles, com frutas vermelhas no meio) com mel e um suco de laranja bem concentrado estavam dispostos sobre a mesa.

Naquele instante, ambas pensaram na possibilidade de que, se o sentimento fosse recíproco, aquela poderia ser suas vidas em um futuro não tão distante.

Stay (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora