Stay (wenclair)

Capítulo Quatorze

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UMA SEMANA DEPOIS

O celular continuava tocando, 14 ligações perdidas e mais de 20 mensagens. Até que quando foi vencida pelo cansaço, ela atendeu.

- Que susto você nos deu, Wednesday! - o tom de Morticia era de alívio - por que não atendeu antes? Está tudo bem? Foi para a escola hoje?

- Bom dia, mãe - a voz de sono denunciava que ela havia acabado de acordar - eu estava dormindo. Sim, tá tudo bem e não, não fui pra escola.

- Está sentindo algo, minha nuvem de chuva? - aquele apelido de Gomez a descrevia muito bem no momento, porque ela se sentia tão carregada quanto uma, prestes a desabar - temos novidades interessantes para contar.

- Não acordei muito bem do estômago - uma mentira do bem, não contaria que havia faltado para não ter que olhar no rosto terrivelmente perfeito da Sinclair durante o dia todo. Passou a odiar segunda feira depois do ocorrido, pois tinha a grade inteira com a loira - então acabei ficando na cama hoje. Amanhã eu vou.

- Na verdade, amanhã você também não vai - ela sabia que sua mãe estava com um sorriso no rosto - as gravações aqui em Missouri acabaram e estamos voltando pra casa. Chegamos hoje pela madrugada.

- Sério? - a morena estava feliz, veria seus pais novamente - não acredito!

- Não há motivos para mentir sobre isso, meu pequeno escorpião - seu pai parecia muito mais animado - comprei algo pra você e acredito que irá amar. Não durma cedo hoje, vamos chegar por volta das duas horas da manhã.

- Vou esperar vocês acordada - involuntariamente um sorriso surge no rosto da garota - cuidado no caminho de volta.

- Se cuide você também, filha - ao fundo, algumas vozes os chamam - bom, vamos acabar de resolver algumas coisas e já iremos. Até mais tarde, Nes. Eu e seu pai amamos muito você.

- Até mais tarde - ela se espreguiça - eu também amo vocês. Muito.

Por um instante, ela se permite sentir a felicidade de ter seus pais de volta em casa. Eram uma família muito próxima, na verdade, apesar de serem rotulados como esquisitos pelos costumes de usar roupas monocromáticas e modo de falar extremamente formal, eram uma família acolhedora e com muito amor para distribuir àqueles com quem se importavam. Veneravam a dança da morte e a achavam esplêndida, mas nada superaria a paixão que tinham pela vida.
Assim que checa as mensagens, vê que haviam algumas da loira a qual ela tentava tirar da sua mente nos últimos dias, mas em vão.

📨

Enid
Oi
Queria saber pq faltou de novo, apesar de não ser mais da minha conta
Me preocupo com você, Willa
Se cuida

📨

- Agora você se preocupa - ela sussurra para si mesma.

Frustrada, caminha em passos confusos até o banheiro, para tomar um banho e escovar os dentes. Precisava distrair sua cabeça antes de fazer qualquer escolha para o restante do dia, não poderia se esconder para sempre de seus amigos e teria de dar um motivo plausível para as faltas que tivera na última semana.
A água fria que caía sob seu corpo desnudo, causava calafrios e acordava os músculos ainda dormentes, fazendo seu cérebro voltar a maquinar com toda a força e seus pensamentos voltarem ao normal. Suas conclusões pairavam entre tentar esquecer o que aconteceu e retomar sua amizade com a garota, e esquecer que um dia já compartilhou seus segredos mais profundos com ela. Droga, qualquer coisa a levava na direção da maldita loira. Naquele momento ela gostaria de poder se afogar para finalmente parar de depender da droga de olhos azuis, cabelos curtos e sorrisos acolhedores. Realmente Enid era como uma droga para a morena, se ficasse tempo demais longe, os sintomas começavam a aparecer e, por mais que fingisse não se importar, ela não poderia simplesmente apagar quatro anos de sua vida, apenas para esquecer o que sentia pela garota.
Mais uma vez, o celular toca e sem sequer ver quem ligava, ela atende.