Capítulo Oito

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Depois de tomar o café da manhã e lavar a louça suja, Wednesday se joga no sofá da sala, enquanto Enid se senta na poltrona, esperando por algo que nem ela mesma sabia o que era.
Seus olhos azuis traçavam cada curva e movimento da morena no móvel ao lado, que parecia alheia ao seu olhar tão consumidor e cheio de desejo.

- Mais uns dez minutos e você toma o remédio, okay? - o rosto da menor fica vermelho ao perceber que já estava sendo encarada - o que foi? Eu tô suja?

Nos próximos segundos, ela se levantou e começou a analisar a própria roupa, buscando por alguma mancha, rasgo ou defeito.

- Não tá suja, boba - o riso sereno da loira fez o seu coração errar uma batida - a cara que você tava fazendo era engraçada.

- Idiota - ela joga uma almofada - a cabeça ainda tá doendo muito?

- Um pouco - ela assente - vamo assistir algum filme.

- Escolhe aí.

Duas longas horas de busca por algum título interessante depois, o óbvio começou a passar na tela: HER, o filme favorito da loira se repetia pela milionésima vez naquela mesma TV.
As duas já sabiam as falas de cor, de tanto que assistiam juntas o longa metragem. Costumavam dizer que "aquele seria o futuro do mundo" em alguns anos, onde sistemas operacionais ocupariam a sensação de vazio dentro dos seres vivos. Mas elas sabiam que para elas não seria assim.

Ao final do filme, a mesma cena de sempre também se repete: Sinclair dormindo e Addams mais acordada que nunca. Ela pega a loira nos braços e a carrega de volta para o quarto, a deitando na cama com cuidado e cobrindo seu corpo com o cobertor mais quente que possuía, apesar de estarem dentro de casa, a neve do lado de fora fazia a temperatura cair em disparada.
Decidida a passar o tempo, ela deixa a porta de seu quarto entreaberta e vai em direção ao cômodo no final do corredor: não havia entrado ali nos últimos meses, sequer se lembrou que existia. Dentro das quatro paredes, havia um piano e um violoncelo, sendo o menor da morena e o maior uma herança de família. Ela havia sido ensinada a tocar ambos, mas preferia gastar o tempo no cello, já que se sentia mais confortável, mas por algum motivo, naquele momento optou pelas teclas.
Com cuidado, ela abre a pequena proteção das teclas e folheia o livro de partituras que havia logo acima, procurando por algo que soubesse tocar e que a fizesse, de algum modo, relaxar e liberar a tensão desconhecida em seu corpo. Poucos minutos depois, o caderno estava aberto em uma música a qual sempre acabava tocando: Arabesque No.1, de Debussy.
Em um ritmo um pouco mais lento, as primeiras notas vem e, de pouco em pouco, a música vai se arrastando e preenchendo os cantos vazios daquele cômodo, levando consigo toda a ansiedade e a tensão presente em seu corpo. Ela tocava de olhos fechados e com maestria, afinal, sabia aquela música como a palma de sua mão e sempre que podia a tocava.
Ao final, suas mãos apenas seguem o comando de sua cabeça: Nocturne Op.9 No.2, de Chopin.
Agora sim estava livre de qualquer fardo que antes carregava, aquela música, aquela combinação de teclas específicas a acalmava de uma forma surreal.

- Fazia tempo que não te ouvia tocar - a voz doce e rouca da loira a assusta, fazendo uma ou duas teclas erradas serem apertadas pela confusão.

- Que susto, Ennie! - abruptamente, ela para de tocar - caramba, faz quanto tempo que tá aí?

- Deve ter uns vinte segundos - seus passos vão em direção à cadeira no canto - acordei ouvindo você tocar e queria ver. Desculpa se te assustei.

- Tudo bem - ela passa a mão pelos cabelos.

Stay (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora