18.
EVANGELINE
- É uma boa surpresa - ele me diz. - Ver que os jovens ainda valorizam coisas como a pontualidade. É sempre tão frustrante quando as pessoas desperdiçam meu tempo. Olá, Evangeline, como vai, querida?
Minha cabeça está cheia de botões e faltando e cacos de vidro e pontas de lápis quebradas. Estou balançando a cabeça muito devagar, piscando como uma idiota, incapaz de achar palavras na minha boca, ou porque elas estão perdidas ou porque elas nunca existiram ou porque não faço ideia do que dizer.
- Oi, tio. - consigo pronunciar, meu peito subindo e descendo rapidamente.
Anderson é um homem lindo.
Ele deve ter, pelo menos, 45 anos, alto e forte e envolto por um terno que o veste com tanta perfeição que é quase injusto. Seu cabelo é grosso e macio como palha; sua linha do queixo é bem definida, as linhas do seu rosto têm simetria perfeita, suas maçãs do rosto foram endurecidas pela vida e a idade. Porém, são seus olhos que fazem toda a diferença. Seus olhos são a coisa mais espetacular que já vi.
São quase como água-marinha, parecidos com os meus e os de James.- Por favor - ele diz, abrindo o sorriso mais incrível. - Entrem.
Entro no que parece ser uma pequena sala de estar. Há sofás velhos e cheio de caroços arrumados ao redor de uma pequenina mesa de centro. O papel de parede está amarelado e descascando por causa do passar do tempo. A casa está pesada com um cheiro estranho de mofo que indica que as janelas de vidro rachado não são abertas há anos, e o carpete tem cor verde-floresta sob meus pés, as paredes enfeitadas com painéis de madeira falsos que não fazem nenhum sentido para mim. Esta casa é, em uma única palavra, feia. Parece ridículo que um homem tão estonteante encontre-se dentro de uma casa tão horrivelmente inferior.
- Ó, espere - ele diz - só uma coisinha.
- O qu...
Ele prende Juliette contra a parede pelo pescoço, as mãos protegidas com cuidado por um par de luvas de couro, já preparadas para tocar sua pele e cortar minha respiração, fazê-la sufocar até a morte.
- Tio! - exclamo, puxando-o para trás inutilmente - Solte-a! Solte-a!
Tento arranhá-lo, batendo em seu corpo com minha energia me esquecendo completamente das minhas habilidades, até que me lembro delas. Uso todo o treinamento com Ian para puxar o braço dele do pescoço de Juliette e ele começa a se afastar, olhando surpreso com minha força. Ele abre os coldres, rouba as armas de Juliette e as coloca nos seus bolsos.
Ele a solta.
Ela cai no chão.- Parece que se esqueceu de me contar de alguma coisa, Evangeline. - ele me olha, estendendo a mão esperando por minhas armas.
Eu ergo meu queixo.
- Se o senhor acha que vou entregar minhas armas de bom grado, está errado, tio.
- Entregue-as, ou sua amiguinha sofre.
Franzo os lábios, tirando as quatro armas que eu tinha comigo e entregando para ele, além da minha glock que eu ganhei do mesmo.
- Boa garota. - ele diz.
Ele diz para eu me sentar.
Ajudo Juliette a se levantar do chão e estou falando para ela respirar e respirar e respirar. Estou aqui dentro há menos de dois minutos e ele já me dominou.- Onde estão os reféns. - exige Juliette
- Eles estão bem. Eles ficarão bem. Tem certeza de que não querem se sentar?
- O quê... O que você quer de mim?
Ele inclina-se para frente na cadeira. Junta as mãos.
- Sabe, já não tenho muita certeza.
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Bad Word [Kenji Kishimoto]
FanfictionEvangeline Warner - prima de Aaron Warner, encarregado do Setor 45 - vivia sua vida de uma maneira monótona, ela sabia que as coisas eram assim há muito tempo, já que o mundo quebrou há anos. A chegada de uma nova prisioneira de seu irmão e de um so...