20-Gabriel

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Um garoto alto e grande que morava com os avós, cujo eles eram chamados de pai e mãe pelo rapaz.

Ele tinha olhos castanhos e cabelo cor fogo.

Mesmo sendo gigante para um adolescente de sua idade sua expressão sempre calma, divertida e gentil atraia as pessoas, ele sabia se enturmar na pequena escola do interior.
Possuía quinze anos.

- pai, mãe cheguei- ele sorriu abrindo a porta encontrando um idoso lavando a louça enquanto a mulher organizava a mesa.

- Gabi? - ela sorriu- chegou cedo. Aconteceu alguma coisa?

- não- ele a acompanhou sorrindo brilhantemente.

O homem grande possuía cabelo grisalho já pela idade, e a idosa ainda mantinha um pouco do ruivo vivo, que a falecida filha herdou, e assim passou para Gabriel.

- Gabi... Hoje nós vamos subir o monte- a mulher falou calmamente.

- sim mãe , vou tomar um banho e me arrumar então.

- antes coma alguma coisa pequeno- mesmo sendo uma mulher baixa ela gostava de chamar qualquer pessoa de forma carinhosa "pequeno".

- certoo- ele se sentou a mesa enquanto olhava para seus " pais" - obrigado pela comida - e atacou seu prato totalmente cheio.

Após pegar mais duas servidas ele se mostrou satisfeito.

- ele come tanto quanto o pai - o homem riu.

'O monte' era o lugar aonde eles iam todos os anos para fazerem uma pequena visita no cemitério da família.

Todos da família quando morriam eram cremados e suas cinzas colocadas em uma urna de madeira e essa urna era colocada dentro de uma lindo vaso de cerâmica com desenhos que os próprios familiares faziam como uma forma de representar quem era aquela pessoa, e na frente uma foto grande da pessoa. Depois colocava o vaso e a foto em um líquido transparente que quando secava parecia vidro.

Se a pessoa desejasse que suas cinzas fossem jogadas em algum lugar específico, elas eram. No cemitério ainda teria o vaso vazio e sem urna.

Dia 27 de Abril aconteceu um acidente que fez um pequeno Gabriel perder seus pais que voltavam para casa após irem no médico fazer uma ultrassom.

Os pneus furaram e o carro perdeu o controle.

- Gabriel vai ficar mais?- a mais velha olhou o garoto que estava sentado de frente para as cinzas de seus pais.

-sim.

- vamos te esperar lá embaixo.

-obrigado..

A idosa só sorriu e desceu o enorme lance de escadas com a ajuda de seu marido.

Gabriel encarou a primeira foto.

Uma mulher de cabelo ruivo e grandes olhos verdes, com algumas sardas espalhadas pelas bochechas, o sorriso que ela carregava nos lábios era grandioso.

Ele virou de leve o rosto olhando para a foto do homem. Ambos tiveram seus vasos unidos.

Ele tinha cabelo castanho claro e olhos castanho escuro, o sorriso era discreto mas tinha.

As fotos escolhidas para serem eternizadas eram nos momentos mais felizes da vida de alguém. Para quando os familiares irem rezar por suas almas, sentir seus corações tranquilos quando verem os sorrisos.
E Gabriel sempre aprovou isso, mesmo que aqueles sorrisos o fizesse querer chorar por não ter mais aquele casal gentil ao seu lado.

Por isso valorizava tantos seus avós ele temia os perder e não ter aproveitado o bastante da companhia dos idosos.

Quando Gabriel notou que o sol se tornava cada vez mais ausente se levantou e desceu os degraus com calma. Se sentindo mais leve, toda vez que subia aquele monte sentia que um peso era levado, mas quanto mais tempo ficava mais o peso sumia. Era um ciclo.

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