A Guardiã

22- Conversa

Ele subiu os degraus correndo e chegou no quarto vendo a garota observando a rua lá embaixo.

- Violeta - ele a chamou pelo apelido.

- olá Brian - ela se virou, seus olhos brilhavam perigosos no escuro e o sorriso de seus lábios o deixou com a garganta seca.

»»-----------¤-----------««»»-----------¤-----------««
»»-----------¤-----------««»»-----------¤-----------««

- o que aconteceu com você?

Tantas perguntas que ele queria fazer, tantas coisa pedir, mas a que mais mostrava lógica era aquela.

- hum? - ela fez um beicinho sumindo e aparecendo atrás dele- está com medo?- a voz saiu bem do lado de seu ouvido e ele estremeceu ao sentir as mãos quentes dela, ela parecia carregar o ar da morte.

- não.. - ele falou sem hesitar.

- não há lógica em não sentir medo de mim - ela sorriu largamente como se escutasse uma piada cheia de graça.

- mas eu não tenho- ele se virou ficando cara a cara com a garota.

Ele queria saber se havia sido ela a matar Elina e torturado Robson, mas as palavras sumiram quando seus olhos verdes ficaram diante dos violetas.

Ele concordava com Bella, olhos violetas eram belos.

- você sabe que foi usado não é? - Ela falou sem dó.

- sei...

Quando a garota havia recém se mudado para a cidade, Brian fazia parte do grupo popular e foi atraído pela beleza da garota, seus amigos vendo isso apostaram para ele fazer ela se apaixonar por ele. No começo Brian achou que estava no controle, mas quando menos percebeu, quem havia se apaixonado perdidamente e até obsessivamente, havia sido ele e não ela. Ela sabia exatamente o que fazer para deixá-lo louco, e conseguiu.

Ele não era tão estúpido a ponto de não perceber até hoje, que ela quem estava o usando.

- foi usado e descartado - ela sorriu.

- o que? - ele falou quase sem acreditar, descartado? Quando.. - por que?

- Brian, você foi apenas um brinquedo.

- eu não tenho mais valor algum pra você? - ele sentiu sua garganta seca e a dificuldade de respirar.

- não - ela sorriu.

- eu não aceito isso...

- você gosta de ser usado? - ela riu fazendo carinho no rosto dele - não imaginei que ia conseguir um cachorrinho tão obediente.

- Violeta - as palavras ficaram presas em sua garganta quando seus lábios foram tocados pelos da garota.

- você quer eu te beije? - ela o olhou, seus lábios tocando os dele, mas não o suficiente.

Ele odiava isso, odiava o domínio que ela tinha sobre ele.

- quero...

Ela riu e o beijou.

Quantos caras ela havia beijado daquela maneira!?

Quantos foram apenas usados e descartados.  Ele não sabia, mas sabia de uma coisa, eles existiam, e não eram poucos.

- Violeta - ele se afastou - por favor - segurou o rosto dela com delicadeza com as mãos, a garota a sua frente estava diferente. Não importa como ela parecia bem por fora, ele conhecia os olhos dela. - essa não é você - a expressão dela endureceu.

- não é eu? - ela riu ainda com os braços ao redor do pescoço dele - então quem eu sou?

- alguém tentando fingir que está tudo acabado, e que não tem mais salvação - ele falou e ela o soltou bruscamente e o empurrou de leve.