2. Xerife Swan

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Pov Emma

Pensando na minha prisioneira preferida, acomodo-me na poltrona e apoio as botas em cima da mesa, observando a espiral de fumaça do charuto, ainda aceso no cinzeiro, subir e se espalhar no escritório.

No momento que eu vi Regina Mills, esposa de Killian Hook, a reconheci. Treze anos atrás, eu e minha irmã, Ariel, nos unimos ao bando de Hook, iludidas pela promessa de um futuro melhor, onde não seríamos menos que nada.

Antes disso, éramos propriedades de Frederick e Kathryn, dois Spurious de quem fomos escravas e amantes. O casal apreciava todo tipo de perversão e uma das piores coisas que precisávamos fazer era transar enquanto eles assistiam. Como queríamos continuar vivas, não tínhamos muita escolha, a não ser seguir as ordens deles, por mais abomináveis que fossem.

Além do mais, era melhor está ali, fazendo sexo pervertido com eles todos os dias, do que nas ruas, passando fome, frio e morrendo de sede.

Desde muito pequenas, Ariel e eu, só tivemos uma a outra e quando o casal nos comprou em um leilão de humanos, estávamos tão fracas que, na primeira noite, durante uma sessão de sexo, ela desmaiou enquanto era subjugada por Frederick.

Obviamente que isso não ficou impune e, depois de sermos devidamente alimentadas, e ganharmos sustância para suportar as fantasias depravadas deles, minha irmã recebeu uma punição: foi chicoteada vinte vezes por mim.

Preferi aplicar o castigo nela, a deixar que um dos dois o fizesse, porque sabia que eles seriam impiedosos e desfrutariam infligindo o máximo de dor nela.

Depois de alguns anos, não aguentando mais os abusos e humilhações, decidimos fugir e voltar para as ruas. Pouco tempo depois, nos juntamos à horda de Hook que, na época, já era um pequeno exército.

Na semana que ingressamos no bando, conheci Regina. Ela devia ter pouco mais de vinte anos, assim como eu, e lembro que seus cabelos eram mais longos do que agora.

Nunca cheguei nem a falar com ela, pois os neófitos¹, como eram chamados os novos integrantes do bando, não podiam se aproximar muito do casal de revolucionários. Desde aquela época, eles já tinham todo um código de conduta para impedir que Spurious infiltrados tentassem matar os principais líderes da rebelião.

Com pouco mais de um mês, o exército de Rumple Gold atacou o acampamento, fazendo alguns prisioneiros. Na ocasião, Ariel e eu estávamos entre os capturados e fomos trazidas para Hyperion Heights que, naquele ano, era uma prisão comandada pelo próprio Gold.

Ao chegarmos aqui, sofremos todo tipo de maus-tratos, desde surras a estupros reiterados. Os soldados gostavam de apagar seus charutos nas minhas costas e me queimar com velas, depois de me baterem com cintos ou chicotes. Eles também costumavam me amarrar de ponta cabeça e me submergir dentro de tambores de água até meus pulmões praticamente explodirem.

No início, ainda mantinha alguma esperança que o bando de Hook viesse nos resgatar, mas depois de semanas e semanas sofrendo as piores torturas, essa ilusão não demorou a desaparecer.

Mas Ariel, como era de sua natureza, continuou iludida. Ela sempre repetia os discursos de incentivo dele, quando Killian bradava: "Façam isso por mim, pela nossa espécie! Juntos, acabaremos com o reinado de terror de Rumple Gold".

Engraçado que, até estar dentro daquela cela fria, com o corpo todo moído das surras e violações, eu nunca tinha parado para refletir sobre as palavras de Hook. "Façam isso por mim...", o correto seria por nós. Mas essa frase sempre foi mais adequada para definir o caráter egocêntrico e narcisista dele.

O grande homem e líder, na realidade não passava de uma fraude e éramos meros joguetes, lutando por ele e pela sua família. Certamente se um dia conseguíssemos derrotar o exército de Rumple, Killian logo colocaria a coroa de rei e aos soldados, que combateram ao seu lado, só restaria se submeter a um novo modelo de governo, talvez tão opressivo e desigual quanto o de Gold.

Inimigas - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora