6. Anjo da Morte

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⚠️ ATENÇÃO

❌Capítulo com cenas explícitas (gráficas) de violência.

Pov Regina

Não sei há quanto tempo estou caminhando, no entanto, até agora nem sinal do esconderijo e sinto a sede me consumir. Para piorar, o sol começa a se pôr no horizonte. Agora, além da possível ameaça dos canibais, é provável que eu encontre algum animal selvagem nesta floresta.

Começo a cogitar a hipótese de subir em uma das árvores e me abrigar como posso do frio.

Enquanto observo as árvores pelo caminho, tentando encontrar uma que seja fácil de escalar, subitamente ouço um grito pavoroso e vejo um rapaz correndo desesperado na direção oposta, sendo seguido por alguns homens.

Um deles arremessa uma pedra que bate na cabeça do rapaz, e ele cai no chão com a pancada. Os homens rapidamente cercam o jovem e vejo que, aos poucos, ele recobra a consciência.

— Pensou que ia fugir de nós, seu merdinha? — um dos homens fala, cuspindo no rapaz. O gesto nojento é repetido por cada um dos outros miseráveis que cercam a vítima.

Observo que os homens tremem e lembro que isso é um dos sintomas de quem pratica canibalismo.

O adolescente volta a gritar, pedindo clemência e que os adultos o matem de uma vez. Nessa hora, penso no meu filho e sinto uma onda de desespero me tomar. Nunca me senti tão impotente quanto agora, porque pressinto que estou prestes a assistir a morte brutal e violenta desse pobre garoto.

Os adultos seguem humilhando-o. Urinam no corpo dele e um dos homens se lança sobre o rapaz, rasgando as roupas dele enquanto os outros soltam gritos animalescos.

Um dos miseráveis morde o lábio inferior do jovem, arrancando um pedaço.

Fecho os olhos e tapo os ouvidos, escondendo-me atrás duma árvore, pois não quero ver nem ouvir tamanha atrocidade. Imagino que eu serei a próxima, mas não consigo me movimentar e, infelizmente, só me resta esperar para que, quando eles terminem com o rapaz, não venham na minha direção, pois certamente terei o mesmo fim bárbaro.

Com o coração quase pulando para fora do meu peito, abro os olhos de repente e vejo a Xerife na minha frente, de pé e encarando-me. Sua sombra se projeta sobre mim e ela parece o próprio anjo da morte. 

Instintivamente sorrio para ela, tendo a certeza que apenas esse demônio será capaz de me salvar e resgatar o rapaz das mãos daqueles monstros.

A Xerife se aproxima mais e me levanta bruscamente do chão, empurrando-me contra o tronco da árvore. Suspiro aliviada ao perceber que a dor que sinto nas costas é bem real. Ela não é uma miragem, nem um fruto de minha imaginação desesperada.

— Eu devia te entregar para eles e deixa-la ser comida viva para que aprenda a nunca mais fugir de mim. — diz, muito alterada.

— Ajude o rapaz, por favor! — não hesito em implorar, porque é só a situação dele que me importa no momento.

A Xerife olha na direção dos homens: — Ele já está praticamente morto, Regina. — fala num tom frio.

— Por favor! — volto a suplicar.

Olha indecisa para mim.

— Está bem, mas fique aqui! Se você ousar fugir, enquanto estou lutando contra esses vermes, vou te procurar até no inferno! — Afirma de modo ameaçador.

Ela retira a espada das costas e anda na direção deles com passos seguros e decididos.

— Hei, monte de merda! — diz, chamando a atenção dos canibais.

Inimigas - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora