Capítulo 5

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— Boa tarde. — Matheus estava à porta de Sophie, tinha ido até lá sem nem ao menos avisar que ia. O que com certeza pegaria todos de surpresa.

— Pois não? — Quem havia atendido a porta era Karen. Sorriu convidativa ao reparar bem no belo homem que estava parado ali. — Como posso lhe ajudar?

— Aqui é a casa dos Alencar? — Não tirava os olhos da menina. — Eu sou Matheus Ferri, noivo da Sophie.

— Não pode ser. — A menina riu sem graça e olhou o belo carro preto reluzente que estava parado na frente da casa. — Não pode ser.

— Eu sou tão ruim assim que não posso me casar com Sophie? — Sorriu de canto deixando Karen ainda mais encantada. — Eu juro que tenho muitos atributos, senhorita.

— Não é isso, o senhor parece ser muito melhor do que a minha irmã merece. — Deu um sorriso mais aberto. — Prazer, Karen Alencar. — Matheus beijou a mão da menina que estava estendida.

— Sinto um imenso prazer em conhecê-la, Karen. — Se colocou ereto novamente. — Você, e apenas você, não precisa me chamar de senhor. — A garota sorriu, percebendo o flerte. — Mas será um segredo nosso.

— Combinado. — Sorriu, se fingindo de envergonhada. — Entre, vou chamar o papai para lhe atender. Creio que queira falar com ele primeiro.

— Sim, tenho assuntos a tratar com seu pai. — Ela assentiu e deixou Matheus sozinho por alguns instantes. Logo voltou, acompanhada do homem alto e com cara de fracassado. — Boa tarde, Carlos.

— Surpreso com a sua visita, senhor Ferri. — Carlos parecia intimidado demais para tratar Matheus pelo primeiro nome. — Sua assessora ontem nos disse que não o veríamos até o casamento.

— Um imprevisto de última hora. — Contou forçando simpatia. — Eu preciso levar a Sophie hoje.

— Hoje? — Arregalou os olhos. — O casamento foi adiantado?

— Não, apenas um jantar com meus pais que fazem questão de conhecê-la antes do casamento. — Deu de ombros. — Mal sabem eles que eu também não a conheço.

— Tudo bem. Karen, pode ir chamar a Sophie, por favor? — A menina tinha os olhos vidrados em Matheus, nem ouviu o que o pai havia mandado. — Karen?!

— Sim, papai. — Disse ainda encarando a visita.

— Vá atrás da Sophie, não vê que nosso convidado quer falar com ela?! — Finalmente desviou a atenção e então foi casa adentro. — Essas meninas...

— Sua filha é adorável. — Elogiou. Nanci e Karla haviam chegado na sala para cumprimentar ao ouvirem uma voz diferente.

— Essa é a minha esposa, Nanci. — Apresentou. — E a nossa filha caçula, Karla. — As duas sorriram. — Este é Matheus, o noivo de Sophie. — Ambas ficaram de boca aberta. Não tinham se dado o trabalho de procurar fotos do sujeito e agora estavam surpresas com sua beleza.

Quando Sophie chegou à sala com a meia irmã, tinha o cabelo preso num coque, no alto da cabeça, uma faixa prendendo os fios rebeldes. Usava um short jeans surrado e uma blusa de alça rosa, que um dia tivera sido vermelha. Tinham puídos pela blusa, via-se de longe que era roupa velha.

— É essa criatura? — Matheus disse alto, após reparar bem na mulher. — Você só pode estar de brincadeira!

— Ela é bem bonita. — Carlos tentou argumentar, Sophie ficou completamente sem graça.

— Eu te pedi uma filha, Carlos, você está me dando sua empregada. — Caminhou para perto dela e pegou as mãos, olhando as unhas de Sophie. — Misericórdia, que coisa horrorosa!

— Não fala assim de mim. — Sophie tomou coragem para dizer. — Eu sou um ser humano também.

— Mas não parece, isso não vai convencer ninguém. — Balançou a cabeça. — Eu nunca me apaixonaria por uma mulher dessa.

— Senhor Ferri, está sendo rude. — Sophie ouviu risadinhas de Nanci e Karen, se sentia humilhada. — Ela é bonita, solta o cabelo, Sophie. — Carlos mandou, e Sophie, ainda mais humilhada, soltou o coque.

— Melhorou dois por cento. — Matheus rolou os olhos. — Olha a palha que estão as pontas desse cabelo?! — Pegou as madeixas entre os dedos. — As olheiras fundas de quem não dorme há dias. Fora a magreza dessa menina. Garota, você não come há quantos dias?

— Eu comi hoje, como sempre.

— Claramente não come não. — Olhou novamente para seu corpo. — Você ao menos tem todos os dentes? — Ergueu o lábio dela para contar.

— Você está achando que eu sou um cavalo pra meter a mão na minha boca e contar meus dentes? — Ela respondeu desaforada, e ele a odiou ainda mais. — Tenha o mínimo de educação, por favor.

— Carlos, o negócio está desfeito. — O pai de Sophie arregalou os olhos. — Te pedi uma filha, você me ofereceu uma empregada, feia e mal-educada.

— Não é assim.

— É assim sim. — Trincou o maxilar. — Karen é uma lady. — Apontou para a jovem que sorriu ainda mais. — Abriu a porta e me tratou com educação desde que me viu. Cabelos bem penteados e corpo bonito. Era ela que você devia ter prometido a mim, eu até pagaria a mais por ela.

— Karen é menor de idade. — Respondeu sem graça. — A única em idade pra se casar é Sophie, minha filha mais velha.

— Além do mais, o nome da noiva já foi divulgado, agora não dá mais pra trocar. — Matheus pensou alto, querendo dar um tiro na sua própria testa por ter acreditado somente nas fotos.

— Garota, você sabe se comportar? — Falou com Sophie, que tinha a cara fechada e os braços cruzados. — À mesa.

— Eu sou uma Alencar, senhor Ferri. — Estava revoltada. — Tive a mesma educação que minhas irmãs.

— Menos mal. — Suspirou derrotado. — Você tem alguma roupa que preste aqui?

— Não, todas as que a sua funcionária me ajudou a escolher, foram enviadas pra sua casa. Aliás, tem a que cheguei ontem, mas temo ainda não ter lavado.

— Inferno! — Disse alto. — Certo, vamos. — Pegou pela mão e começou a puxá-la para fora.

— Ficou doido? Eu não vou pra lugar nenhum. — Fincou o pé no chão. — Acho que quem não tem educação aqui é o senhor.

— Eu te explico no caminho. — Reforçou. — Já conversei com seu pai, com você eu converso no carro, pode facilitar a minha vida uma vez, senhorita Alencar?

— Tudo bem. — Parou de resistir e entrou no banco do carona após dar apenas um aceno com as mãos para a família.

— Papai, volta atrás, ele vai adorar casar comigo. — Karen pediu observando o carro ir embora. — Eu acho que me apaixonei à primeira vista. — Recebeu um olhar fuzilante do pai e se encolheu.

— Você viu a forma como ele tratou a Sophie? É isso que quer pra você? Ser humilhada na frente de outras pessoas? Tem certas coisas no mundo que nenhum dinheiro pode pagar. Fica aqui pertinho do papai que eu sempre vou cuidar de você com muito carinho. — Ergueu a mão para fazer um carinho na filha que se encolheu ainda mais.

— Sophie também não quer isso pra ela. — Karla defendeu. — É incrível como nessa casa tem dois pesos e duas medidas. — Virou as costas e foi para o quarto fazer uma oração silenciosa pedindo para que tudo ficasse bem com Sophie.

Meu Príncipe EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora