Capítulo 25

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Anastácia Stelle

O grande dia finalmente chegou e como imaginávamos, o
anúncio que meu pai fez durante a semana reverberou por toda
Chicago. Não havia um jornal sequer que não estivesse circulando a
notícia de que o assassino de Magnólia Stelle , uma das herdeiras
da famosa Hill e Stelle, enfim foi preso e agora não representava
nenhum perigo para a família, que promoveria um baile de
máscaras para uma grande quantidade de convidados em
comemoração.
Carla me manteve atualizada sobre o que acontecia com a
equipe de gestão de eventos e organizou cada centímetro daquele
lugar nos mínimos detalhes. Até agora tudo estava saindo como o
planejado e Ruth acabara de deixar sobre a minha cama o vestido
que eu usaria naquela noite, assim como a máscara e o arranjo de
cabelo que foi escolhido com muita cautela.
Se tudo desse certo, ainda naquela noite saberíamos quem
estava nos traindo e teríamos a chance de prender um assassino
em série mundialmente procurado.
Já estava me preparando para o banho que sucederia o
evento quando bateram em minha porta.
— Sim?
— Sou eu. — A voz familiar me fez sorrir.
— Entre, Lobinho. — O homem alto passou pela porta com
aquele sorriso de lado, mas notei a preocupação em seu semblante.
Seus olhos se desviaram dos meus para sondar o vestido muito
extravagante, cuidadosamente colocado sobre a cama. Ele respirou
fundo.
— Vai ser difícil vê-la neste vestido sem poder tocá-la. —
Corri até ele que não hesitou em me receber de braços abertos e

depositar um beijo tenro e rápido em meus lábios.
— Será por pouco tempo — garanti. — A festa vai acabar
logo.
— É o que espero — disse e segurou minha mão. — Quero
conversar com você quando tudo isso terminar — avisou e me fez
prender o ar.
— Algo sério?
— Sim, mas nada com que se preocupar agora. — Tentou me
tranquilizar, o que me deixou ainda mais inquieta. — Há outros
assuntos que merecem sua atenção com mais urgência. — Ele  segurou minha mão e me guiou até uma das cadeiras que ficavam
na minha mesa de estudos. — Sente-se, por favor.
— Uma notícia boa nunca começa com “sente-se, por favor”
— observei, desconfiada, e vi Lobo escorar o corpo na mesa ao meu lado sem soltar minha mão.
— Meu anjo... — Ele deslizou o polegar por meu rosto com
cautela. — Se eu te pedisse para listar agora todos os suspeitos que
você tem em mente, ainda que a chance seja remota, quais nomes
você diria.
— Começaria pelo Foster... aquele dali não me engana. —
Levei os dedos à boca, pensando nos próximos nomes e citei 11
dos 12 cientistas da Hill e Stelle , além de alguns nomes aleatórios
que me vieram a mente. — Ah, e tem também o responsável pela
análise de projetos da empresa. Ele me detesta profundamente.
— Certo. 16 nomes. — Balancei a cabeça, confirmando. —
Todas essas pessoas se tornam, a partir deste instante, suspeitas.
— Sim, extremamente suspeitas.
— Agora quero que me escute e preste muita atenção no que
vou dizer. — Ele assumiu um tom mais baixo, cuidadoso. — Cada
pessoa na sua lista tem um motivo óbvio para te prejudicar, então
fica fácil desconfiar delas, mas quero que você expanda esse leque
e comece a pensar em outras pessoas. Aquelas pelas quais você se
colocaria em perigo para proteger. Aquelas que você ama.
— Não acho que alguém ao meu lado seria capaz de me trair
dessa maneira, Chris. — Gelei por dentro com a hipótese.

Ele enlaçou minha mão mais uma vez. O toque delicado e
cauteloso ajudou as batidas aceleradas do meu coração a voltarem
ao normal.
— É o que pensa, coração. — Ele beijou o topo da minha
cabeça. — Mas todos podemos ter nossa parcela de maldade. Uns mais que os outros. — Estremeci e ele acariciou minhas costas e se
sentou ao meu lado, fechando-me em seu abraço. Respirei fundo,
sentindo seu perfume entrar em meus pulmões e tentei me ater
àquele cheiro, buscando me acalmar. — Desconfie de quem você
ama e não só de quem te odeia.
— Isso é muito difícil.
— Sei que consegue. — Ele tocou meu queixo e ergueu meu
rosto até que nossos olhos se encontrassem sob a luz baixa do
quarto. — Preciso da sua melhor versão sarcástica hoje. Consegue
fingir que está tudo bem?
— Passei um bom tempo fazendo isto. Não terei nenhuma
dificuldade. — Mas a tristeza e medo súbito que sentia no peito de
aquela história maluca se tornar verdade estava prestes a me
sufocar. Confiava em pouquíssimas pessoas, não conseguia
acreditar que uma delas estava me traindo, mas sentia que a
preocupação de Lobo não era em vão. Alguma coisa estava
acontecendo. — Ainda assim, vou torcer para que no final do dia
você esteja enganado.
— Eu também, coração. Torço para que não se magoe
quando tudo isso acabar.

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