01. Deixa De Ser Esquisito

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Lee Minho



Equilibrei a caixa de papelão com alguns livros em uma das pernas e tentei encaixar a chave no buraco da fechadura do meu novo apartamento.


Fui expulso de casa quando meu pai me flagrou com meu namorado, agora ex, dentro do quarto. Estávamos apenas trocando alguns beijos quando a porta abriu e o resultado foi uma expulsão e vários xingamentos.


Pensei que Lewis não me abandoria naquele momento difícil, pensei que ele me apoiaria e até mesmo se mudaria comigo, mas eu estava errado.


Lewis achou que eu deveria ter enfrentado meu pai, que eu deveria ter quebrado tudo, que eu deveria ter tido uma reação melhor do que apenas enfiar alguns pertences dentro da mochila e sair.


Vaguei pelas ruas por algumas horas até finalmente criar coragem para ligar para um dos meus amigos.


Jisung foi minha salvação. Ele havia acabado de se mudar da casa dos pais, pois queria mais privacidade, coisa que não conseguia dentro de casa tendo tantos irmãos e irmãs, além de uma família extremamente conservadora.


Havia mencionado que iria atrás do jornal da faculdade, para anunciar que precisava de um colega de apartamento, alguém para dividir as despesas.


Eu tinha um dinheiro guardado e nenhuma outra opção, então pedi a ele para que me deixasse ficar com o quarto.


— Por que está me culpando quando a culpa é toda sua? — Ouvi uma voz gritar assim que consegui entrar e arregalei os olhos com a cena.


— Então agora eu sou o culpado? Você me trai e eu sou o culpado da traição? — Jisung gritou de volta.


— Vejamos só... Estamos namorando a três semanas e não saímos dos beijos sem graça. Você se esquiva toda vez que eu tento tocar sua pele por baixo da roupa e muda o assunto quando estamos brincando em ligação. Somos homens, temos necessidades, Jisung. Não consigo entender como você consegue manter tudo muito inocente o tempo todo. — Suspirou e passou as mãos pelos cabelos. — Você não me dá absolutamente nada para me aliviar, nem provocações, nem fotos, absolutamente nada. Eu te traí porque gosto de você, caso contrário tinha apenas terminado.


— Eu expliquei antes mesmo do pedido de namoro, Adam, expliquei que não me sinto preparado para contatos mais íntimos e que não sinto tanta vontade ainda. Eu acho que só consigo me excitar quando confio na pessoa, e é um processo. — Jisung suspirou frustrado e passou a mão nas bochechas, para secar o rastro que as lágrimas deixaram.


De repente, me senti péssimo por estar escutando toda a discussão, por estar escutando uma confissão tão íntima do meu melhor amigo.


— E diz que a culpa não é toda sua? Acabou de confirmar que é! Eu não tenho culpa de você não conseguir se excitar. Tentei te passar o máximo de confiança possível e mesmo assim não foi o suficiente. Você não têm essas necessidades mas eu tenho. Gosto muito de você e por isso que aquela transa não significou nada, foi apenas uma forma de descarregar toda a pressão de ter que esperar por você. Não é tão difícil de entender, Jisung, use a própria cabeça! — Bufou irritado e puxou os próprios cabelos.


Jisung se jogou sentado no sofá e cobriu o rosto com as mãos. Ele parecia totalmente destruído e sem forças para contra argumentar, então eu decidi que era hora de me fazer presente.


— Não vai dizer nada, porra?! — Adam gritou.


— Caia fora do nosso apartamento! — Joguei a caixa que estava segurando ao lado da porta. — Agora! — Gritei quando ele soltou uma risada debochada.


— Nosso apartamento. — Repetiu devagar e se virou para Jisung. — Agora eu entendi tudo. Não queria dar para mim porque já estava dando para ele?


— Eu disse para sair! — Me aproximei dele em passos largos e alinhei nossos rostos como uma forma de intimidá-lo. — Esse é meu apartamento também, sai ou eu te faço sair e ainda adiciono isso na sua ficha da faculdade.


— Está bem. — Disse com certa desdém. — Por ele não vale a pena discutir, ele não me deu nada. — Sorriu debochado e caminhou para a porta. — Se continuar com essa idéia romântica acabará sozinho. — Disse antes de sair e bater a porta com força.


— Jisung? — Respirei fundo e me ajoelhei em frente ao sofá que ele estava sentado. — Está tudo bem agora. Ele realmente não merecia nada vindo de você, pense que foi bom ele ter mostrado a verdadeira face agora.


— V-Você escutou t-tudo? — Perguntou ainda com o rosto nas mãos.


— Não vou mentir para você, Hannie, eu escutei grande parte da discussão. Não queria interferir mas também não queria te deixar sozinho com ele. Eu sinto muito. — Abaixei suas mãos e as beijei. — Ele não merece que você chore. A culpa não é sua, Hannie.


— É sim. — Murmurou e puxou as mãos. — Nunca dá certo porque eu não consigo avançar. E-Eu já fui na psicóloga para ver se era um bloqueio mental e ela me disse que algumas pessoas são assim, precisam sentir confiança antes de sentir algo a mais. Eu os faço esperarem, os faço ficarem muito tempo em carinhos inocentes. Mas, Minho, eu prezo muito esses carinhos, toda a cena em si, eu tento me apressar mas...


— Jisung, não é assim que funciona. Confiança leva tempo e não é algo que você consegue se apressar para sentir. A pessoa tem que ser confiável, mas se a pessoa não consegue entender e esperar então ela não merece que você confie. No final, acho que fez a escolha certa em esperar. — Acariciei seus cabelos.


— Você acha? — Perguntou em um fio de voz.


— Eu tenho certeza, Hannie. Você é muito precioso e merece alguém que te respeite e que te compreenda. Sexo não é a parte mais importante de um relacionamento, não somos animais, conseguimos controlar nossos desejos. Não há desculpa para traição, não há desculpa para falta de respeito. — Beijei suas duas bochechas e sorri carinhoso. — Estou sendo sincero com as minhas palavras, é o que eu realmente penso. Confie nas palavras do seu melhor amigo.


— Eu confio, Min. — Sussurrou e puxou uma das minhas mãos, a colocando na lateral de seu rosto.


— Dê um tempo desses caras, cuide dessa cabecinha cheia de dúvidas e desse coraçãozinho pesado. — Me levantei do chão e o puxei para cima. — Que tal doces e carinhos na barriga?


— É tão estranho quando você fala assim. — Riu fraco. — Parece até que eu sou um cachorro.

— Ah, mas isso te acalma, não é estranho se funciona! Vamos, mostre a barriguinha! — Gesticulei para ele levantar a camisa.


— Minho! — Riu com mais vontade quando levantou a própria camisa e eu esfreguei a mão algumas vezes.


— Vê? Você está até mais feliz! Aposto que está com vontade de colocar a língua pra fora que nem um cachorrinho! — Zombei.


— Deixa de ser esquisito! — Bateu no meu braço.


— Mas já está bem? — Resmunguei enquanto esfregava o braço atingido de forma exagerada.


...

Heey!

Esse é o primeiro capítulo e eu estou empolgada ;) espero que gostem dessa :) ❤

Comentários são importantes, ainda mais pq eu estou escrevendo essa fic agora ❤


My Friend, My Lover | Versão Minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora