CÁLICE

5 2 0
                                    

Entorne até a borda
Pendurado sob uma corda
Jogai-me sobre a mesa
Beber-me até que eu esqueça

Aproxime-me este cálice
Com seu vinho vermelho vibrante
Seu gelo sempre calmante
Matar-me da dor de ser um amante.

Meus vícios e maus hábitos
Nunca os abandono, apesar dos fatos
Traí-me ao pensar em esquecer
Considerei-me tornar a morrer.

Veias sempre geladas
Mãos sempre flácidas
Minha heroína, o meu ópio
O cálice dourado de meu podre espólio

Pai, afasta de mim este cálice
Faça com que as vozes apenas cale-se
Faça que meus tormentos simplesmente acabem
Impeça-me que de que minha dor um dia mate-me.

—Luiz de Souza

OS FRAGMENTOS DO LIMBOOnde histórias criam vida. Descubra agora