Eu inundo um lugar

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Quase não acordei de manhã, na verdade, se não fosse pelas batidas frenéticas na minha porta, eu provavelmente continuaria dormindo. Estou acostumado a acordar com um monte de vozes gritando no meu ouvido logo cedo de manhã, ou com meu filho me cutucando suavemente pela manhã. Sorri um pouquinho com a última memória.

Me levantei e abri a porta, encontrei o garoto chinês de ontem, ainda com alguns arranhões nos braços descobertos. Junto com ele estava uma garota indígena americana de olhos multicoloridos e penas trançadas no cabelo.

- Bom dia!- A garota cumprimentou- Meu nome é Piper, e esse do meu lado é Frank.-

- Oi.- Frank acenou, parecendo meio tímido. Ele parece um bebê... um bem grande, mas ainda parece um. Pensei enquanto olhava para eles.

- Bom dia. Por que estão aqui? Se vocês vieram me interrogar de novo, voltaram com a cara esfaqueada.- Ameacei, só para ver o rosto assustado dos dois.

- Na-nada disso, só viemos te chamar para o café da manhã.- Piper gaguejou, olhando para mim um pouco assustada .

- Depois eu apareço, vou tomar banho.- E em fechei a porta na cara deles. Me espreguicei de novo e peguei o verso do bilhete de ontem. Começando a monta um mapa pequeno do acampamento para enviar de volta para a Anésia. A pomba de ontem descansando suavemente na cabeceira da cama.

Enquanto rabiscava um mapa, uma ideia me apareceu a mente. Uma distração, para que eles não notem eles chegando e eu saindo, e mesmo que seus amigos demorassem para aparecer, uma distração caudada por mim ainda faria eles ficarem com raiva de mim, parando de me importunar com perguntas e mais perguntas.

Quando terminei o mapa, acordei a pomba e lhe entreguei a folha. O animal prontamente saiu pela minha janela e levantou voo.

Não fui tomar café da manhã, seria apenas mais olhares questionadores. Então decidi ir para os campos de morangos, esperando poder roubar alguns.

Não tinha ninguém nos campos, ou foi o que pensei, então comecei a colher os morangos. Foi quando uma voz alta gritou no pé do meu ouvido.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO PIRRALHO?- Me assustei tanto que quase derrubei os morangos, mas consegui segura-los no último momento. Me virei para ver quem estava gritando comigo.

A primeira impressão que tive do homem foi que ele parecia o dono de um boteco que tinha na esquina de casa, com os cabelos encaracolados e uma camisa com estampa de onça. Mas então notei a áurea que o envolvia, quando se é um semideus experiente, você aprende a identificar uma áurea divina a metros de distância, e esse homem é claramente um deus.

- O gato comeu sua língua pivete?- O deus perguntou irritado. Veja, eu não respeito autoridades, mas tente ficar cara a cara com deuses e deusas indígenas com poderes divinos por seis anos e não saber como agir com um deus irritado.

- Me perdoe senhor, não me falaram que eu não deveria usufruir dos morangos, por favor não me transforme em uma palmeira.- Pedi enquanto me curvava um pouco, assim como Jaci tinha me ensinado.

O deus me olhou com um olhar questionador. - Eu ia de transformar numa parreira, mas é raro encontrar um semideus educado então vou te poupar por hoje.- Ele se virou e saiu, fazendo alguns morangos amadurecerem no caminho. Fui rápido em pegar os morangos e sair correndo.

No momento em que sai dos campos bati o rosto em um peitoral músculoso.

- Foi mal aí companhe- Paolo?!- Gritei sem acreditar, Paolo sorriu para mim.

- Percy! Iai companheiro, como vai a vida?- O rapaz perguntou enquanto me esmagava em um abraço.

- Não te vejo des do segundo ano! É aqui que você esteve todo esse tempo?- Perguntei, mesmo sabendo a resposta.

- Pois é, dá pra acreditar? Eu, um semideus? Foi chocante, e você, como veio parar aqui?- O moreno questionou enquanto passava o braço ao redor dos meus ombros.

- Me sequestraram.- Comentei como se perguntasse o clima. Paolo me olhou assustado.

- E você ainda não esmurrou a cara deles? Que sortudos.... Pera...- Ele me virou e me fez encara-lo, parecia estar pensando em algo, até...

- A ANÉSIA E O JP TÃO VINDO NÃO TÃO? CARA O ACAMPAMENTO TÁ MUITO FUDIDO.- Ele gritou desesperado, olhando de um lado para o outro, e então olhando para mim de novo. Eu comecei a rir.

- Pois é, eles não vão saber o que os atingiram, aliás, já tenho um plano de distração.- Olhei para ele sério, Paolo me encarou com seus olhos castanhos.

- Olha Percy, você é meu amigo e tudo mais, só que... o acampamento é minha casa agora, eu não sei se posso te ajudar.- Ele me explicou inserto. Suspirei, parece que vou ter que usar da boa e velha chantagem.

- Paolo, não precisa me ajudar, mas por favor não conta para ninguém.- Supliquei, mas ele ainda parecia inserto.

- Paolo... O Beto tá sozinho, por favor, me ajuda a ver o meu filho.- Meu olhar de tristeza era puro e verdadeiro. Meu coração apertou, só agora me dei conta do quanto eu estava sentindo falta do meu garotinho.

Paolo pareceu reparar que minhas emoções eram verdadeiras, ele suspirou e abaixou a cabeça.- Tudo bem, eu te ajudo. Do que precisa?- Meu olhos se iluminaram.

- Distração, preciso de uma distração.-

[ Jason pov]

Me cabeça latejou, a semana estava difícil, primeiro uma nova profecia, depois um filho de Poseidon que renega o pai na frente de todo o refeitório e se recusa a nos ajudar, e agora isso.

Não sei bem como começou, mas por algum motivo três grandes cães infernais saíram do controle e invadiram o anfiteatro. Foi Paolo que deu alarme, gritando umas das poucas palavras que o acampamento entende em português, ' Socorro'.

E agora aqui estavam eles, lutando contra os cães, até que eles não eram ferozes, mas causaram um bom estrago.

- Estão todos bem?- Perguntei a todos, que acenaram com a cabeça.

- Ótimo, vamos para a enfermaria chegar se há algum ferimento.- Comandei andando para saída do anfiteatro.

- Hã, Jason, temos um problema.- Travis gritou mais à frente, suspirei, minha dor de cabeça aumentando, caminhei em direção a saída e , no momento em que olhei para o acampamento, senti que poderia desmaiar.

O acampamento, pelo menos a área dos chalés, estava completamente alago, campistas subiam dos telhados para tentantar se safar de se molhar.

- Como isso aconteceu??- Perguntei exasperado. Minha resposta veio rapidamente.

No meio do acampamento estava Perseus Jackson, flutuando calmamente na água e me encarando com um sorriso de escárnio.

- Gostou do presente Grace?- Ele questionou.- Vai demorar para limpar, e eu não vou ajudar.-

Naquele momento, pude sentir a mesma dor de cabeça de quando me atingiram com um tijolo no Acampamento Júpiter.

Percy Jackson, the brazilian demigod Onde histórias criam vida. Descubra agora