Lilian acordou muito antes do despertador naquela manhã. Nem havia conseguido pregar o olho na verdade pois, não parava de pensar em como seria seu primeiro de trabalho. Sim...depois de algum tempo, estava trabalhando novamente e esperava que daquela vez durasse.
— Bom dia querida, acordou cedo.— sua mãe comentou com um sorriso pequeno nos lábios enquanto terminava de coar o café.
— Nem consegui dormir... — comentou perdida enquanto se encantava com o céu limpo e o clima fresco ao abrir a janela. — Você acha que eu vou me sair bem mamãe?
— Mas é claro meu amor, você é inteligente, prestativa e gentil, com certeza se sairá mais do que bem.— sua progenitora a abraçou de lado.
— É uma pena que a senhora não possa dizer que sou bonita não é? — Lily deu uma risadinha ácida.
— Filha ! — dona Helena a repreendeu com uma breve irritação. — Você é sim bonita, mais do que você sequer possa imaginar...
— Mãe, a senhora é tesoureira na igreja, ajuda o reverendo Moisés, sabe que não pode mentir não é? — comentou divertida.— Estou satisfeita com o "inteligente", afinal não se pode ter tudo não é?
— É melhor você tomar café e parar de falar besteira antes que eu te dê uns tapas garota! — a mulher disse a acertando com o pano de prato enquanto a filha corria dela em meio a risadas.
— Mãe, eu não sou mais uma criança, eu tenho 29 anos! — protestou.— estou velha... não tanto quanto a senhora mas...
— Lilian Fernandes!!!
(...)
Ao chegar na empresa, trinta minutos antes do seu horário, Lilian foi direto para a recepção se informar e não ficou surpresa ao encontrar Paola já no seu devido lugar atendendo a telefonemas e fazendo anotações. Parecia que ela estava sempre ali, será que madrugava na empresa?
Lily afastou seus pensamentos bobos quando ouviu a loira pronunciar seu nome seguido de um "bom dia" bem animado.
— Bom dia Lilian! — sorriu.— animada para o seu primeiro dia de trabalho?
— Sim! Bastante na verdade.— Lily sorriu tímida.— estou um pouco nervosa...
— Oh, é compreensível afinal você trabalhará para o brutamontes mais conhecido como meu patrão, presidente dessa empresa e de forma direta. — ela fez careta.— não deve ser fácil ser a secretária pessoal do Sr Eduardo.
— C-como? — Lilian arregalou os olhos gaguejando. — não... eu fui contratada para ser a secretária geral da empresa senhorita Paola...
— Ah, esse cargo já foi ocupado pela Berenice, te colocaram no cargo de secretária pessoal do presidente já que a noiva dele despediu a anterior... Ops... falei demais ! — disse levando a mão a boca.
— Deve haver algum engano... eu... — de repente Lilian parecia perdida. — Você tem certeza disso Paola?
— Claro, inclusive vou te levar agorinha até a sua sala que fica do lado da sala do Sr Eduardo, vamos? — ela disse com um sorriso divertido enquanto caminhava na frente em direção ao elevador.
Ao chegarem no oitavo andar, penúltimo do prédio, Lilian pôde observar que era ali onde se concentrava os cargos mais altos da empresa, pois ela podia ler claramente as placas em cada porta, vice-presidente Angelique Chávez, diretor geral Oliver Castro, e ainda tinha a parte técnica da empresa, a parte da engenharia... e então pararam de frente para uma porta diferente de todas as outras, em um tom diferente e se distinguindo também na coloração da placa que era dourada e não prata como das demais.
Presidente: Eduardo Gomez.
Paola se aproximou e deu algumas batidinhas e logo ouviram um "entre" e Lilian tinha absoluta certeza que era a voz de Eduarda, era rouca e grave desde a última vez que se lembrava, não que tenha o ouvido falar muitas vezes.
— Presidente, a senhorita Fernandes acabou de chegar. — a loira diz olhando para a imensidão daquela sala até que a cadeira gira e Eduardo fixa seu olhar em Lilian.
Frio e intimidante.
— Obrigado Paola, agora volte ao trabalho.— diz firme ainda encarando sua nova funcionária.
— Sim senhor. — a mulher assente com um sorriso meio forçado e pisca para Lily surrando um "boa sorte" antes de sumir pelo extenso corredor deixando apenas o barulho que seu salto alto fazia ao entrar em contato com o piso. E foi uma longa observação, o que fez o homem bem ali pigarrear chamando a atenção da mulher que se encontrava ainda meio perdida ao lado de fora da sala.
— A senhorita pretende ficar aí fora por mais quanto tempo? — questionou um pouco sarcástico.
— Ham... perdão Sr Eduardo... — ela disse adentrando a sala a medida que fechava a porta atrás de si.— Bom dia! — disse ao de sentar na cadeira de frente para o presidente.
— Eu ordenei que se sentasse? — questionou seriamente enquanto a encarava.
— Ah... não...me desculpa...— a mulher já ia se levantar quando ouviu uma risada.
— É apenas brincadeira senhorita Fernandes, pode continuar sentada.— diz com um sorriso divertido.— Eu não sou tão carrasco assim, aposto que falaram horrores de mim para a senhorita não é?
— Claro que não Sr Eduardo... — diz sem jeito.— falaram muito bem do senhor...
— Claro, vou acreditar então.— ele finaliza com um meio sorriso e então pega uma pilha de pastas que estava em cima da mesa a colocando perto de Lilian.— Bom, comece revisando esses relatórios dos últimos meses e veja o que precisa ser mudado e o que deve ser mantido por favor, sugestões são bem vindas, afinal você está aqui para isso e depois organize tudo direitinho e guarde está bem?
— Claro, e tudo isso para hoje...? — questionou se levantando e pegando as pastas.
— Sim. Por quê? Acha que não é capaz? — Eduardo se recostou na poltrona e cruzou os braços a encarando seriamente.
— S-sou, claro... — ela diz sem jeito.— No fim do dia, estará tudo pronto.
— Ótimo, sua sala é bem aqui ao lado, ainda não tem placa, mas isso já está sendo providenciado.— ele diz e pega seu telefone quando toca e antes de atender olha para sua nova funcionária.— E ah, dê um jeito na minha agenda e de transferir todas as ligações para você, resolva tudo que puder e por enquanto é só isso, está liberada.
— Com licença Sr Eduardo. — diz caminhando até a porta e quando foi abrí-la deu de cara com Oliver que se assustou ao olhar para a secretária.
Lilian sabia que não era bonita, mas será que ela era tão feia assim? Ficou aborrecida pela forma como Oliver se assustou e o pior que não foi proposital, o v diretor realmente havia se assustado e até tentou disfarçar lhe desejando bom dia mas, ela apenas murmurou um "desculpa" e seguiu seu caminho.
E quanto ao diretor e melhor amigo do presidente bom, adentrou a sala com a mão no peito e olhou para Eduardo que já explodia em risadas.
— Se eu infartar, a culpa é sua Eduardo, estou lhe avisando!
— Não exagere! — o presidente diz ainda rindo enquanto o amigo se senta de frente para ele.
— Sério, a mulher é muito feia meu amigo, você tem certeza que vai mantê-la como sua secretária pessoal? O que vai fazer quando tiver que viajar, ir a jantares, fechar negócios, você levará essa feiosa? Não pensou nisso?— questiona e de repente Eduardo se pega pensando. Oliver podia parecer cruel naquele momento, mas tinha total razão.
— Vamos pensar nisso depois. — suspirou.— nada que uma roupa apresentável, um cabelo arrumado e algumas maquiagens não resolva!
— Meu amigo, acho que ali nem o gênio da lâmpada resolveria!
E então ambos gargalham até Eduardo ficar sério e encarar Oliver por meio segundo antes de dizer:
— Sabe que vamos para o inferno por isso, não sabe?
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The Ugly ◆
RomanceLilian era uma mulher de 29 anos, formada em Administração e Ciências Contábeis, com um currículo de dar inveja, tendo experiência nos dois melhores bancos do estado. Isso, fruto de muito empenho e esforço durante toda a sua adolescência. Lily, com...