Quatorze

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Somewhere above the clouds
S

ina Deinert's point of view

— E você dizendo que as sobremesas não eram nada de mais, hein? Porque esse bolo de chocolate aqui está dizendo bem o contrário, meu amigo — falei, comentando sobre a sobremesa maravilhosa do voo. — Será que eu posso pedir mais um? — murmurei de deleite.

Estava tão bom que eu nem fiquei com vergonha.

Nem com Noah ocupando o exuberante assento de primeira classe ao meu lado. Ah, sim! Aparentemente, agora eu voava de primeira classe. Eu ainda não tinha entendido muito bem como é que deixei que ele pedisse — ou melhor, exigisse — um upgrade do meu assento na econômica sem discutir. Mas eu sabia que a cena tinha incluído Noah colocando o braço sobre meus ombros e pronunciando a palavra namorada. O que, pensando bem, percebi que tinha me pegado de surpresa a ponto de simplesmente assentir feito uma idiota e colocar meu passaporte em cima do balcão.

Ele abaixou o jornal atrás do qual estava escondido, revelando a sobrancelha erguida.

— Meu amigo?

— Shhhh. Estou curtindo meu bolo.

Ele suspirou e voltou a ler.

Com a colher no ar, hesitei antes de levá-la à boca.

— Você não precisava ter feito aquilo, pagar meu upgrade foi um pouco demais.

Ouvi um grunhido evasivo vindo dele.

— Estou falando sério, Noah.

— Achei que você quisesse comer em silêncio.

— Vou devolver o dinheiro quando voltarmos. Você já está fazendo o suficiente.

Ele suspirou quase no mesmo instante.

— Não precisa, Sina Maria. Sou membro do Sky Club da companhia aérea, tenho muitas milhas — explicou Noah enquanto eu finalmente comia o último pedaço daquele pedaço de céu em forma de bolo. — E, como eu disse, podemos usar o tempo de voo para nos prepararmos.

Quando finalmente terminei de comer aquele que tinha se tornado o ponto alto do meu dia, limpei a boca com o guardanapo, coloquei-o de volta na bandeja à minha frente e virei para Noah.

— O que acaba de me lembrar que terminou o intervalo.

Ele me ignorou, então cutuquei o jornal.

— Temos que voltar ao trabalho. Anda — falei, dando mais uma cutucada. — Hora da preparação.

— Você precisa mesmo fazer isso? — perguntou Noah de trás do jornal.

— Aham.

Cutuquei o jornal algumas vezes, impossibilitando a leitura.

— Preciso da sua atenção total. Só falamos de algumas das pessoas da minha família, e nosso tempo está acabando.

Puxei um dos cantos do jornal.

— E então, tenho sua atenção total?

— Você não precisa fazer nada disso.

Noah baixou o jornal com um movimento repentino.

— Você sempre tem a minha atenção total, Sina Maria.

Isso fez meu dedo pairar no ar.

— Rá! Muito engraçadinho você tentando me comprar com esses truques baratos — respondi, e sustentei o que esperava ser um olhar sério. — Não pense que essa conversinha mole vai livrar você dessa. As relações internacionais dos Estados Unidos da América não são importantes agora.

The german love deception | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora