- Não, não e não!
- Mãe, você está sendo um pouco exagerada, não acha?!
- Maraísa, eu já falei que não. - essa era a sétima ou oitava vez que eu discutia com dona Almira desde que Marília deu a notícia que moraríamos juntas. Eu pensei que ela ia morrer de felicidade, mas foi completamente o contrário.
Minha mãe soltou um grave não na cara de Marília e pediu que ela não insistisse mais, o que prontamente concordou. Não sei o que deu na minha mãe, mas estava disposta a descobrir.
- Se você me explicar os motivos para que eu não vá morar com a Marília, eu paro de te encher. - andava atrás dela enquanto ela fazia o almoço, hoje era domingo e alguns familiares viriam.
- Tudo bem, Maraísa. - largou o pano que estava em seu ombro sob a bancada e cruzou os braços. - Preste bem atenção, eu amo a Marília e ela é a nora que toda sogra pediu a Deus. Educada, inteligente, centrada, trabalhadora, bonita...
- Mãe, eu já sei disso tudo. Pode pular para os motivos para que nós não moremos juntas?! - dona Almira bufou e passou a mão pelos cabelos.
- Eu sou a mãe mais liberal do mundo e isso você não tem como negar. Aceitei seu namoro com sua professora, treze mais velha que você e sendo mulher. Convenhamos que a maioria das mães que se deparassem com uma situação dessas, colocaria a filha para fora de casa e mandaria prender a pedófila. Mas eu não. Abri os braços para Marília e a aceitei de todo coração, porque ela te faz feliz. O problema, Maraísa, é que vocês estão aqui em Miami, qualquer problema ou briga, você pode correr pra mim. - suspirou e segurou minhas mãos. - Mas agora você está indo para NY, não conhece ninguém. E se acontecer algo entre você e Marília, como vai aguentar morando junto com ela?
- Mãe, se eu brigar com ela mesmo não morando sob o mesmo teto, estaria sozinha do mesmo jeito.
- A diferença é que você teria o seu próprio teto para morar, teria o seu espaço para ficar sozinha, respirar e achar uma solução para qualquer problema, tanto com ela quanto a algo relacionado a faculdade. Por isso, não concordo com essa ideia de morarem juntas, ainda estão no início do namoro. Se ver dia sim, dia não, dormir juntas fim de semana sim, fim de semana não, é uma coisa.. mas ter esse convívio todos os dias é diferente, acaba desgastando. Vá por mim, passei por isso com seu pai. - seu olhar era terno e preocupado, o que me fez repensar na proposta de Marília.
- Tudo bem, mãe, mas você sabe que eu posso te falar que não vou morar com ela e mesmo assim viver lá.
- Eu sei. Te conheço muito bem, mocinha. Se você viveu um triângulo amoroso com duas professoras embaixo do meu nariz e eu não vi, imagina o que você não vai fazer morando em outro estado. - fez um carinho leve em minha bochecha com o polegar. - Por favor, não apresse as coisas. Não cometa o mesmo erro que eu.
- Obrigada por ser quem é, dona Almira Henrique. - ela sorriu fraco, preferia ser chamada por seu sobrenome que pelo do meu pai e eu sabia disso, mas algumas pessoas já tinham o costume, inevitável.
- Agora suba e vai tomar um banho, seus tios e tias estarão ai em algumas horas.
- Mãe... posso fazer uma pergunta?
- Claro, mi hija.
- E a Sofia? - minha mãe gelou e respirou fundo.
- Seu pai tem a guarda dela, não sei quando posso lutar por isso.
- Já tem um ano que você não a vê. Sinto falta da pequena.
- É.. eu também. Um dia conseguirei Sofia de volta, espero que ela lembre de mim. - um filete de lágrima rolou dos olhos dela e eu a abracei. Dona Almira era trabalhadora, só não perdeu minha guarda porque eu já podia decidir com quem queria ficar, mas Sofia tinha três anos e meu pai não economizou motivos para que ele ficasse com a guarda. Por esse e outros motivos, não tinha um bom relacionamento com ele e evitava visitá-lo.
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My Biology - 2 Temporada
FanfictionO que fazer quando você se vê envolvida com sua professora de biologia, mas terrivelmente atraída por sua insuportável professora de laboratório? Maraísa não esperava pelas reviravoltas de seu último ano no colégio e nem que seus pensamentos seriam...