Capítulo 6

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Marília POV

Eu finalizava com a última paciente do dia. Uma menina morena, de olhos castanhos e por ironia do destino ou não, estava usando um lacinho na cabeça. Ela não fez careta quando tomou a injeção, o que me fez sorrir e chamá-la de corajosa, arrancando uma risada dela.

Ofereci um pirulito como recompensa e, como todas as outras crianças, me deu um beijo na bochecha em agradecimento. Levantei da cadeira e estiquei o corpo, tinha passado duas horas sentada naquela cadeira. Um outro médico apareceu para cobrir o resto do horário, o que me deu total liberdade para ir embora.

Retirei o jaleco e coloquei sob meu ombro, caminhando lentamente para dentro do prédio. O elevador, que costumava demorar mais ou menos cinco minutos para chegar ao térreo, estava parado bem ali. O que algumas feiras não podem fazer com uma faculdade. Entrei e apertei o andar da sala dos professores, recolheria minhas coisas e ia para casa.

Esperaria Maraísa, mesmo sabendo que ela provavelmente terminaria comigo. Encostei a cabeça na parede de aço e respirei fundo, precisava ser forte. As portas se abriram e o corredor parecia de um hospital abandonado, sem ninguém passando por ali.

Passei o cartão de identificação e destranquei a porta, entrando na sala dos professores. Abri meu armário, guardei o jaleco e peguei minha bolsa. Senti alguém cutucar meu ombro e virei rapidamente para ver quem era.

- Oi, Mendonça.

- Landres?! O que está fazendo aqui?

- Vim visitar minha esposa no ambiente de trabalho dela. - Bárbara sentou-se em uma das mesas, entrelaçando os dedos e me encarando com um sorriso cínico no rosto.

- Bom, se foi a sua esposa quem você veio ver, não tenho nada com isso. Com licença.

- Você não pode tê-la. - eu parei imediatamente e voltei a encará-la, que agora brincava com o dedo indicador, fazendo desenhos na mesa de madeira.

- Gabi?! Eu não quero a sua mulher, Landres. Eu tenho a Maraísa.

- Mas é exatamente dela que estou falando, Mendonça. - cerrei os olhos e ela fez um sinal para que eu sentasse à sua frente. - Senta, não vou avançar em você.

- Você não é louca. - sentei em uma cadeira afastada dela e a mesma respirou fundo, voltando a me encarar.

- Não aja como se não soubesse do que eu estou falando. Sabe que não pode ter a Maraísa. Ela está na faculdade, ainda vai viver experiências que você já experimentou, tem muito pela frente. O que você pode oferecer a ela agora, além de sexo e companhia?!

- Eu dou a ela tudo que você não conseguiu dar. - Bárbara franziu o cenho e eu fitei seus olhos castanhos, cheios de dúvidas. - Amor.

- Amor?! - ela gargalhou e jogou a cabeça para trás. - Isso não vai sustentar nada, Marília. Você sabe bem o que a faculdade oferece, são quatro anos da vida da Maraísa que você não vai poder acompanhar como ela gostaria que acompanhasse.

- Sinceramente, o que você ganha me falando essas coisas?

- Estou te livrando de uma dor de cabeça maior. Nossa amizade de anos foi abalada por causa de uma adolescente que não soube decidir entre uma ou outra. Se a Henrique já era assim no colégio, imagina o que não faria aqui?! - abaixei a cabeça e suspirei, a filha da puta tinha razão. - Marília, se for pra ser, ela volta pra você.

- Como assim?

- Deixa a Maraísa livre. Deixe que ela viva todas as experiências que ela precisar viver, vai ser bom para o amadurecimento dela. - segurou minha mão e eu rapidamente tirei. - Eu sei que você tem todos os motivos para desconfiar de tudo isso que eu estou falando, mas não adianta negar que concorda comigo. Eu estou feliz com a Gabi, sei que o que aconteceu no passado te dá vontade de não olhar na minha cara, mas não vamos ganhar nada remoendo isso. Pense no futuro, Marilia. Maraísa precisa caminhar sozinha. - ela levantou da cadeira, caminhou até mim e colocou a mão no meu ombro, enquanto eu fitava um ponto fixo à minha frente.

My Biology - 2 TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora