Capítulo 9

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Maraísa POV

- Você está bem? - Giulia se aproximou com uma caneca de chocolate quente e sentou ao meu lado na varanda. O clima estava começando a esfriar e não se via o céu azul, somente uma cobertura acinzentada por cima dos prédios.

- Acho que vou ficar.

- Você gostava muito dele, não é?

- A gente acaba se apegando, né? Ele me ensinou um monte de coisa, eu sabia de sua família, era um homem maravilhoso. Não merecia partir agora. - fechei os olhos para sentir a leve brisa gelada que batia em meu rosto e respirei fundo. - Fico imaginando como está a Sra. Jones e a filha dele.

- Tenho certeza que Deus tem um plano maior para elas. Não se preocupe, todos ficarão bem. - ela alcançou minha mão e me lançou um olhar terno. Sorri fraco e dei um gole no chocolate quente. - Eu sei que essa carinha não é só por causa do Dr. Jones. - olhei para ela, que me observava. - Quer conversar?

- Não consigo esconder nada de você, não é? - abaixei a cabeça e suspirei. Olhei para o líquido dentro da caneca e balancei um pouco em minhas mãos. - Eu fiz uma coisa hoje de manhã que não tinha que ter feito.

- O que você fez?

- Eu quase me entreguei pra Marília na sala dela.

- O que?! - Giulia deu uma leve engasgada e me olhou incrédula. - Como assim, Mara?! Ela te forçou?

- Pelo contrário, ela que me parou. - dei de ombros e senti meus olhos marejarem. - Marília teve força para me parar, disse que se não fizesse aquilo, seria pior para mim e pra ela.

- Ela estava certa. Imagina se acontece alguma coisa, como ficariam depois?

- Eu sei, mas.. eu estava sentindo falta dela. Quando a desgraçada me prensou na parede, meu corpo pegou fogo e eu perdi a noção de tudo, até de quem eu sou. - massageei a têmpora esquerda e bufei. - Você precisava ver como ela estava, fora de si, assim como eu. O problema é que Marília sempre teve mais controle das emoções e vontades, por isso conseguiu parar.

- E eu agradeço a Deus por ela ainda ter isso. Cuidado da próxima vez, ok? Pensa em você e nela. Siga em frente. - assenti com a cabeça e mais uma vez, fechei os olhos para sentir a brisa. Ouvimos a campainha e olhei para Giulia, dando a certeza de que eu não levantaria de onde estava para atender a porta. Ela riu fraco e levantou-se, me deixando sozinha na varanda.

- Cadê a moça? - ouvi a voz de Emma vinda da sala e passos se aproximando de onde eu estava. Ela colocou a cabeça para fora e abriu um enorme sorriso para mim, que não consegui evitar de sorrir junto. - Como você está? Fiquei sabendo do Jones.

- Vou ficar bem, não se preocupe.

- Bom, vai ter que ficar mesmo. Temos uma festa para ir depois de amanhã.

- Que festa?! - Giulia apareceu novamente e voltou a sentar-se ao meu lado.

- Festa para os calouros da Columbia.

- Meu Deus, um médico e professor acaba de morrer e a faculdade vai dar uma festa?!

- Não, a faculdade não está organizando nada. Nós que organizamos. Apenas pedimos o pátio emprestado, é o suficiente e eles permitiram. - Emma retirou um papel do bolso e nos entregou. Tinha todas as informações da festa, line-up, o que serviriam de bebidas. - O que me diz?

- Acho que estou precisando mesmo, nós vamos. - entreguei o flyer para Giulia e a pequena negou com a cabeça. - Vamos, para com isso!

- Não, Mara, eu tenho namorado. O Kayque me mata se souber que eu fui em um lugar desses.

My Biology - 2 TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora