I shouldn't be asking myself why

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August

[20 de setembro de 2028]

Estava sentado naquela mesa encarando o prato feito na minha frente e as frutas vividas em cores. Ele não gostava das cores frias. Olhei a cadeira a minha frente e ela estava vazia, assim como o meu estômago e meu coração. Quando eu quebrei o ovo essa manhã ele estava podre, e fui obrigada a quebrar outro novamente, assim como o copo que joguei no lixo minutos atrás. Estava frustrado, e decepcionado. Aquele não era meu dia, aquela não era a minha vida. Mexi na aliança no meu dedo esperando que ela queimasse meu dedo.

Espetei o Bacon e enfiei um na boca. Me senti bobo por estar esperando. Não era a primeira vez e não seria a última. Já contei as vezes em que fiquei sentado aqui esperando, que fiquei batendo o pé na cadeira e mexendo no celular, olhando para o relógio incessantemente, contando os minutos e os segundos que pareciam não passar.

Mas não importa quantas vezes eu tenha passado por isso, a ansiedade sempre parece tomar conta de mim de uma forma avassaladora. É como se eu perdesse o controle sobre meu próprio corpo e mente, ficando refém de uma sensação de agonia e incerteza que me consome por dentro.

Ouvi a cadeira ser arrastada. com um som estridente. Era como se cada arrastar de perna produzisse um rangido agudo que perfurava meus ouvidos. Eu sabia que era a cadeira de madeira antiga que estava a minha frente, mas o som parecia ecoar por toda a sala.

- Desculpe - ele disse rapidamente. Tirei meus olhos do prato e o observei: seu rosto estava suado, seus cabelos molhados, sua regata branca quase transparente e seu sorriso falho- Eu fui...

- Não precisa - eu disse, enquanto pousava os talheres no prato.

- Amor- ele começou e eu sorri por um segundo.

- Podemos estar juntos no mesmo local, mas sabemos que não estamos mais juntos de alma- eu disse e ele riu

- Você sempre adorou esse tipo de poesia- Ele pegou os talheres e partiu o ovo no meio

- Você sabe que sim- eu sorri de volta para ele

- Desculpa mesmo pelo atraso. Amanhã podemos sair para comer se quiser- Ele pegou na minha mão

- Não precisa- neguei

- Você quem sabe, amanhã eu não trabalho- ele disse

- Que estado privilegiado- comentei

- Nem me fale. Marlow é o paraíso- ele disse dramaticamente

- Bom, mas eu tenho trabalho- Me levantei

- Eu vou te deixar na clínica- ele se levantou e pegou meu prato.

Neil era eficiente até demais quando queria. Neil lavou a louça, e eu sequei. Éramos uma dupla perfeita, às vezes não entendia o porque do nosso casamento ter dado tão errado. Talvez pela forma como nos conhecemos ou pelas brigas constantes. Mas eu sei que apesar dos pesares, éramos muito gratos um pelo outro. Neil me encontrou em uma situação onde eu estava totalmente refém da culpa e da tristeza, e ele estava me consolando. Apesar de sermos diferentes, éramos parecidos em alguns aspectos. Eu ainda o amava de certa maneira. Mas amor não é tudo e meu último relacionamento me mostrou isso. Tentamos reatar o relacionamento muitas vezes, mas em nenhuma delas funcionou. Mas eu acreditava na nossa amizade acima de tudo.

- Eleanor continua doida?- Neil perguntou dando partida no carro

- Ela se demidiu semana passada- comentei

- Por que não me contou?- ele perguntou e eu dei de ombros. Neil precisa entender que divórcio é novo para mim, para ele não era, mas para mim era. Eu não sabia o que podia contar ou não.

Between The Marrige And Love vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora