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Novembro, 1986

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Novembro, 1986.

Era uma madrugada fria de segunda feira na Skid Row, Los Angeles. A briga de bar entre moradores de rua embriagados atormentavam aqueles que tentavam dormir o pouco de tempo que lhe restavam. Talvez foi por causa de bebida ou a droga do roubo no jogo de pife, mas isso não importava. Diferente de semana passada, não era uma briga que provavelmente poderia acabar em morte.

Todos rezavam que não.
O som da arma disparando dava sustos de acelerar o coração e acabava com o sono do pessoal. Mas todos já estavam acostumados, infelizmente. Os que lá moravam morriam de inveja dos privilegiados que residiam em frente a praia, apenas sentindo a brisa e escutando a valsa das ondas batendo na areia. Mas não na Skid Row. A única "brisa" que podia sentir era o odor fétido da maconha por debaixo de seus narizes.

Contudo, no pequeno complexo de pequenos apartamentos com a parede cinza clara que com o tempo fora vandalizado com imagens terríveis, morava uma pequena família. Composta por um pai e duas irmãs. Eles dormiam como anjos nos dois pequenos quartos.

Exceto Eloise.

Ela havia feito uma pequena cabana improvisada com seus lençois e com a ajuda de uma lanterna, lia ansiosamente seu livro de ervas medicinais que comprara no dia anterior. Tinha economizado por uns três meses com o dinheiro do trabalho de garçonete, e junto com as moedinhas que seu pai largava na estante da cama conseguiu o livro estava em suas mãos.

O motivo? Eloise amava os mistérios da alquimia e das plantas para uso medicinal. Era uma paixão pessoal sua e evitou por muito tempo falar sobre, pois muitas pessoas poderiam pensar que ela era louca ou até mesmo uma bruxa.
Se amar isso fosse loucura, Eloise amaria ser louca.

Porém, ao escutarem o som do telefone reverberando alto em seus ouvidos em meio ao silêncio ensurdecedor, levaram um susto maior do que o tiro. O telefone tocando as três da manhã era mais assustador que um tiro, por via das dúvidas.

Eloise saiu da cama num pulo e correu na velocidade da luz para atende-lo.

— Alô?

— Estou falando com Edward Monnieri?

A voz que a garota escutou do outro lado da linha a fez apertar ainda mais o telefone para si. Era macia e brilhosa como cobertas de seda, mas ao mesmo tempo existia asperidade por conta da leve rouquidão.

— Sou a filha dele, Eloise. - disse a mesma, nervosamente. - Quer falar com ele?

— Seria de bom grado, se necessário.
De canto de olho, ela pôde observar os rostos aterrorizados de seu pai e de sua irmã mais nova.

The Ripper Hammett - Kirk HammettOnde histórias criam vida. Descubra agora