O relógio no pulso de Maria marcava cinco e quarenta e cinco da tarde, era quarta feira e a vice diretora da Shield estava de folga naquele dia. Hill estacionou o carro em frente a grande casa branca com um enorme jardim. Apertou as mãos no volante numa tentativa falha de espantar o nervosismo ou o medo, ela não sabia bem o que estava sentindo naquele momento. Observou os homens e mulheres com suas roupas brancas impecáveis caminhando por ali ou só fazendo companhia a alguns pacientes nos bancos do jardim. Ela respirou fundo, vestiu as luvas e saiu do carro.
Assim que colocou os pés na rua, sentiu o vento frio cortar seu rosto e desejou voltar pra dentro do veículo onde estava quentinho. Mas fez o oposto e continuou caminhando até adentrar a casa de repouso.
— Senhorita Hill, que bom que veio hoje - Lúcia, a enfermeira chefe falou quando viu a mulher entrar na casa - Helena sente sua falta, a senhorita diminuiu a frequência das visitas
— Tenho tido muito trabalho nos últimos meses - forçou um sorriso
— A sim, bom, sua tia está no quarto. Fique a vontade para ir até lá - falou e Hill assentiu caminhando até o local
Ela parou em frente a porta entreaberta, respirou fundo e bateu.
— Pode entrar - escutou a voz doce de sua tia
— Oi - sorriu ao entrar no quarto, Helena estava deitada já com seu pijama vendo tv - Como está? - perguntou puxando a cadeira que estava atrás da porta e colocando ao lado da cama da tia
— Estou bem, Antônia - disse e Hill suspirou abaixando a cabeça
Antônia era a mãe de Maria. A morena sempre foi muito parecida com sua mãe e nos últimos meses, com a progressão da doença, Helena confundia a sobrinha com sua irmã.
— Tia, sou eu, Maria - falou segurando sua mão
— Maria? - perguntou confusa e logo mudou sua expressão - Maria, minha filha, como está linda hoje, está cada dia mais parecida com sua mãe
Helena tinha picos de lucidez. Mas eles não duravam por muito tempo.
— Você sempre diz isso - sorriu tristemente
— Que carinha triste é essa, raio de sol? Brigou com a Emily, foi?
Emily é a ex-namorada que abandonou Maria.
— Nós terminamos tia, lembra?
— Que pena, eu gostava tanto dela, quando foi isso? - perguntou tentando ajeitar o travesseiro para se sentar na cama e então Maria se levantou para ajudá-la
— Foi no ano passado - disse e logo tratou de mudar de assunto - Mas o que tem achado daqui, as enfermeiras te tratam bem?
— Perfeitamente, elas são uns amores - sorriu e em seguida apontou para uma caixa rosa de papelão média em cima da cômoda - Pega aquela caixinha ali pra mim, aprendi um ponto novo se crochê com a Ana, deixa eu te mostrar
Maria então se levantou e caminhou até o outro lado do quarto, pegou a caixa e se sentou novamente na cadeira que estava antes.
— Aqui - entregou para a tia que lhe olhou confusa
— Antônia?
Nesse momento Hill sentiu como se uma faca atravessasse seu coração. Era sempre a mesma sensação toda vez que isso acontecia. Doía ver a mulher que a criou e esteve ao seu lado em todos os momentos de sua vida, se esquecer dela um pouco mais todos os dias.
Era por esse motivo que Maria diminui a frequência das visitas, ela já estava esgotada emocionalmente. A morena enxugou as lágrimas que teimavam em escorrer por seu rosto e sorriu deixando um beijo na testa da tia logo em seguida.
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Segunda Chance | BlackHill
FanfictionPara Natasha, entrar para a S.H.I.E.L.D após escapar da sala vermelha onde foi treinada, significava uma segunda chance para fazer a coisa certa e quitar suas dividas com o universo. Ela só não imaginava que nesse novo trabalho teria que lidar com...