34 - Culpa

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Ao lado de Colson, Natasha entrou em sua casa sendo seguida por uma equipe tática da SHIELD. Logo na sala, se deparou com o corpo pálido de Jessy sobre uma enorme poça de sangue e com um buraco de bala na cabeça. Não havia sinal de luta, tirando alguns brinquedos de Peter espalhados, a casa estava arrumada. Se não fosse pelo corpo da pobre babá estirado em frente ao sofá, ninguém diria que alguém havia invadido o local.

No andar de baixo, nem sinal de Maria ou Peter, estava tudo no mais completo silêncio. A equipe então se dividiu, três agentes continuaram a verificar os cômodos no andar de baixo, na esperança de encontrar alguma pista. E os outros dois subiram com Natasha e Colson para o segundo andar. A cada degrau que subia, Natasha sentia o corpo estremecer, tinha medo do que poderia encontrar lá em cima.

A porta do quarto de Peter estava aberta, Maria estava lá, sentada à beira da cama do filho enquanto segurava a tartaruga de pelúcia favorita dele. Tentando se manter firme, Natasha trocou um olhar com Colson que rapidamente entendeu o recado.

— Vão verificar os outros quartos — ele ordenou aos agentes e se retirou junto com eles

Natasha respirou fundo, prendeu sua arma no cinto do uniforme e caminhou até a esposa. Os olhos azuis de Maria estavam avermelhados. Nenhuma das duas disse uma só palavra, elas apenas se abraçaram e por longos minutos choraram silenciosamente no ombro uma da outra.

— A culpa é minha — foi a primeira coisa que Maria disse ao se desvencilhar dos braços de Natasha — Eu confiei nela, eu trouxe ela pras nossas vidas

Uma coisa é certa, a culpa não era de Hill, ela fora enganada como todos os outros, mas isso não a impedia de se culpar. Natasha mantinha a postura séria, mas Maria conhecia muito bem a mulher com quem se casou. O rosto da ruiva poderia estar sério, mas os olhos evidenciam a enorme tristeza que Natasha sentia naquele momento.

— Maria, para! — Natasha disse firme — Não foi culpa sua, não tínhamos como saber, foi tudo rápido demais

Natasha jamais culparia Maria. Ela estava com raiva, com medo e se sentindo impotente, culparia Deus e o mundo se necessário, mas nunca a Maria.

— Não vou me perdoar se algo acontecer com o nosso filho

Maria se sentia envergonhada demais, mesmo não tendo motivos, ela sequer conseguia manter o contato visual com Natasha. A culpa de algo que ela sequer podia prever estava a matando.

— Nós vamos encontrá-lo, ok?

Mesmo com o coração doendo e o medo de nunca mais ver o filho, Romanoff tentava se manter firme e passar confiança à Maria. Ela sabia que nesse momento, não adiantava se desesperar, elas precisariam ter o máximo de calma e foco possível para encontrar Peter.

Hill assentiu diante a pergunta da esposa e então se levantou. Enxugou as lágrimas e "vestiu sua armadura" antes de sair do quarto.

— Colson! — sua voz firme ecoou pela sala — O que encontraram?

— Infelizmente nada, nenhuma pista. O trabalho foi muito bem feito, com certeza foi premeditado

— Quero que rastreie o carro de Emily e chequem cada câmera de segurança num raio de quinhentos metros, chequem todas as rodoviárias, estações de metrô, os aeroportos públicos e as pistas particulares também — Maria ordenou, sua postura era impenetrável, fria e rígida, Colson podia ver o ódio penetrado em seus olhos azuis

— Já estamos fazendo isso

— Ótimo, e revirem a vida de Emily de cabeça pra baixo, quero cada mínimo detalhe — falou e viu o colega de trabalho assentir positivamente — Algum sinal de onde Rollins e Sinclair se meteram?

— Encontramos os corpos no quintal

(...)

— Faz esse menino calar a boca — Emily gritou para Caleb depois de trancar o carro

Peter chorava chamando as mães enquanto se debatia no colo do homem. Eles caminharam pra dentro de uma velha fábrica de papel, Caleb amarrou o menino em uma cadeira e o amordaçou.

— Vamos ficar aqui até quando? — Caleb perguntou, mas foi ignorado — Qual é o seu plano, hein Emily? Porque o papai tinha um, ele queria usar o garoto para voltar a organização, mas você nunca saiu dela

No primeiro ano após a morte do pai, Emily se dedicou a descriptografar e descobrir tudo que podia sobre os arquivos que havia recebido de Victor. No ano seguinte, já tinha todo o plano, só precisava esperar o momento em que Peter desenvolveria qualquer tipo de anomalia, por menor que fosse, assim se confirmando as pesquisas de Reymond, o que veio bem mais cedo do que ela imaginava.

— Vou vingar o nosso pai

— Se você quer tanto se vingar, por que não matou ele lá mesmo junto com a babá?

A verdade é que Caleb pouco se importava com a morte do pai, eles nunca tiveram uma boa relação. O homem estava ali apenas porque fora chantageado pela própria irmã.

— Porque como você mesmo disse, esse não era o plano do papai

— Ainda não entendi o que você ganha com isso, não deveria ser olho por olho?

— Sabe o que dói mais do que ver um filho morto? — ela perguntou e viu o irmão negar — Vê-lo se tornar tudo que você tentou destruir

— Vai entregá-lo à chefe — Caleb sorriu captando a ideia da irmã

Segunda Chance | BlackHillOnde histórias criam vida. Descubra agora