7 - Perda

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Dois dias atrás, poucas horas após Natasha e Clint saírem para a missão de Budapeste, Hill recebeu o telefonema que mais temia.

A agente estava em sua sala tratando de algumas burocracias, quando seu celular tocou, no identificador de chamadas, o nome da clínica de repouso era exibido. Hill ignorou a primeira e a segunda chamada, mas seja lá qual das enfermeiras desejasse falar com ela naquele momento, parecia importante pois não desistiu tão fácil. Decidida a resolver aquilo logo e voltar para seus relatórios, Maria finalmente atendeu o telefone.

- Hill - disse ao levar o aparelho no ouvido

- Senhorita Hill, é a Lúcia - a mulher começou do outro lado da linha, Maria tinha treinamento avançado em interrogatórios então era capaz de identificar pelo tom de voz de alguém quando estavam mentindo, ou no caso, quando a situação não era boa - A sua tia, eu sinto muito...

Maria podia dizer que sentiu o chão abrir sob seus pés naquele momento. Seu coração apertou, as pernas fraquejaram e as lágrimas borraram sua maquiagem. Aquela faca que sentia atravessar seu peito toda vez que visitava a tia e a via esquecer de ti agora parecia dez vezes maior.

- Quando? - foi a única coisa que ela conseguiu dizer

- A encontramos a alguns minutos, acreditamos que ela faleceu dormindo

E ela não teve forças para responder mais nada. A chamada foi encerrada e o celular largado em cima da mesa. Quando se pegou pensando nesse dia, Maria achou que estaria pronta pra enfrentar a situação, afinal já perdeu tanto. Deveria estar acostumada. Mas não foi bem assim, foi pior.

Depois de alguns minutos processando a notícia e o choque, Maria foi até o banheiro, lavou o rosto, respirou fundo, vestiu sua melhor armadura e saiu da sala. Ela precisava providenciar o velório. Na verdade, ela precisava de um abraço, de colo ou um ombro amigo, mas ela não tinha tempo pra isso. Ela não tinha quem fizesse isso por ela.

Ela estava sozinha.

Dois dias se passaram e Hill ainda não tinha se permitido chorar, não tinha se permitido sentir a perda. Ela estava sentada no primeiro banco da pequena capela que havia dentro do cemitério enquanto via o caixão de sua tia ser carregado até a frente do altar. A capela estava praticamente vazia, a família de Hill era sua tia e ela não tinha muitos amigos que pudessem lhe fazer companhia naquele momento.

- Eu sinto muito - Fury disse se sentando ao seu lado no banco da igreja - Helena era uma mulher extraordinária - sorriu tristemente

- Era sim - falou baixo sem desviar o olhar do caixão

- Como...

- Se for me perguntar de novo como eu estou por favor nem continua - cortou antes que o homem pudesse completar

- Maria, ela não era só sua tia, também era sua mãe, tá tudo bem, você não precisa ser forte o tempo todo - falou calmamente

Maria, nada respondeu, Fury iria dizer outra coisa mas novamente foi interrompido, dessa vez por seu celular que começou a tocar.

- Com licença - deu um leve aperto no ombro de Hill tentando lhe passar algum tipo de conforto e então saiu para atender a ligação - Fala, Romanoff 

- Nick, a missão foi bem sucedida. Já estamos voltando, chegaremos em algumas horas

- Ótimo

- Preciso discutir uma coisa contigo, assim que chegar vou até sua sala, é importante

- Vai ter que esperar, provavelmente não estarei lá

- Porque?

- A tia da Agente Hill faleceu, estou no velório

Segunda Chance | BlackHillOnde histórias criam vida. Descubra agora