17 - Apego

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- Peter, volta aqui - Maria falou já cansada

Ela estava tentando colocar o menino pra tomar banho, mas ele não estava colaborando. Enquanto ela foi ao banheiro de seu quarto colocar a banheira para encher, o garoto resolveu se esconder.

Peter pode ser pequeno, e ainda se enrola com as palavras as vezes, mas é um ótimo bagunceiro e muito esperto para uma criança de dois anos. Depois de dois dias "tranquilos" sob os cuidados de Maria, ele resolveu que hoje daria trabalho.

- Onde você tá? - Hill perguntou chegando na sala após procurá-lo no outro quarto e não encontrar - Você tá todo sujo de mingau, vou te deixar dormir assim se não aparecer - olhou no canto do sofá, na cozinha e nada, foi até o outro banheiro e sem sucesso também, até que escutou uma risadinha abafada ao entrar em seu escritório - Eu sei que você tá aí - olhou em baixo da mesa e ele não estava, Maria suspirou derrotada até que seu olhar caiu sobre a estante de livros no canto da parede, o móvel continha um pequeno armário na parte de baixo, a mulher se aproximou devagar e abriu as duas portinhas de uma vez só - Aha! Achei você!

O garoto caiu na risada e se jogou nos braços dela. A morena se derreteu toda com o grande abraço que recebeu.

- Você demorou - Peter disse ainda risonho - Peter ganhou

- Não ganhou não, se não eu não estaria agora te levando pro banho - disse fazendo cosquinhas na barriga do menino que se acabou de rir outra vez - Ih, acho que te fiz ficar com soluço

Se algum de seus agentes vissem aquela cena, diriam que Hill foi abduzida e havia outra pessoa se passando por ela. Aquela não era a chefe durona, fria e sem coração que eles conheciam.

Depois de finalmente conseguir dar banho no pequeno, Maria agora seguia para o seu maior desafio da noite. Fazê-lo dormir. No primeiro dia foi tranquilo, Peter dormiu no carro. No segundo por outro lado, foi mais difícil do que ela imaginava. Por fim, ela se cansou e os dois acabaram dormindo desajeitados no sofá enquanto Sherek 2 passava na tv.

Hoje Maria estava determinada a não deixar que isso acontecesse de novo. Depois de acordar com uma bela dor nas costas, a morena decidiu que faria Peter dormir na cama de hóspedes onde ele passou a primeira noite e depois seguiria para a sua.

- Histólia, histólia - Peter pediu batendo as mãozinhas no colchão

No que eu fui me meter... - Maria pensou

E agora, que história ela contaria?

- Eu não sei contar história - disse cobrindo o menino, Peter fez um beicinho, mas não chorou, apenas se levantou e tentou descer da cama, mas Maria o pegou - Onde pensa que vai? É hora de dormir

- Dormir não - falou emburrado

- Dormir sim - ela contrariou o garoto, que não gostou e começou a choramingar

Maria suspirou, ela não sabia mais o que fazer. Peter estava enjoadinho e claramente com sono, mas não dava o braço a torcer. O menino não parava quieto na cama, seria impossível fazê-lo dormir assim. Ela preferia lidar com trinta recrutas inexperientes do que um bebê de dois anos. A morena então o pegou no colo e deitou a cabeça dele sobre seu ombro.

- Shii... - começou a murmurar baixinho enquanto andava com ele pra lá e pra cá dentro do quarto

Nada resolvia então, Maria se lembrou da canção de ninar que sua tia cantava para ela quando era pequena e não conseguia dormir.

Segunda Chance | BlackHillOnde histórias criam vida. Descubra agora