Segunda Chance | BlackHill

22 - Família

Maria e Natasha olhavam estáticas o corpo de Victor caído no chão, se tinham alguma esperança de arrancar algo importante dele, já era. E mais uma vez elas estavam de volta ao ponto de partida.

- E lá se foi a nossa única pista - Natasha suspirou frustrada saindo da sala

O dia seguiu corrido e cansativo para o casal, mas finalmente elas estavam em casa. Peter estava no sofá vendo desenho, e aproveitando enquanto o filho estava entretido, elas foram preparar o jantar. Natasha estava terminando de lavar a louça enquanto Maria cortava alguns legumes.

- Você acha que o Nick está certo? Digo, e se há uma célula da H.I.D.R.A crescendo dentro da S.H.I.E.L.D esse tempo todo?

Ivanov havia conseguido plantar uma pulga atrás da orelha de Maria.

- Uma célula terrorista crescendo por anos dentro da S.H.I.E.L.D sem que você ou Nick percebam? Difícil - Natasha falou secando as mãos no pano de prato e se virando para fita-la

- Espero que esteja certa - Maria suspirou

- Ei, não pensa nisso, ok? - Natasha se aproximou - Ivanov só quis te distrair, e mesmo que ele estivesse certo, não é sua culpa - assegurou sabendo que Maria se culparia caso isso fosse mesmo verdade, se a morena tinha um defeito, era ser perfeccionista demais com seu trabalho

- Eu sou a vice-diretora da S.H.I.E.L.D, eu deveria saber que há uma célula terrorista crescendo entre nós

- Isso não é algo simples, estamos falando de um esquema gigantesco e de uma organização que vem desde a guerra fria, não é algo que vá ser notado da noite pro dia, eles são bons em se esconder - disse calmamente - Se houver, você vai descobrir, mas quando isso acontecer, se é que vai acontecer, não se culpe por não ter descoberto antes - lhe ofereceu um sorriso gentil e pegou em sua mão - Você é a melhor, e eu estou aqui para te ajudar no que for necessário

Maria apenas assentiu com um sorriso fraco e então a beijou. Natasha lhe passava uma confiança e paz que a muito tempo ela não sentia. De alguma forma ela sabia que independente da luta que viesse pela frente, ela seria capaz de vencer se tivesse a ruiva ao seu lado.

Assim que o jantar ficou pronto, a pequena família sentou-se à mesa para a refeição.

- Não - Peter falou fechando a cara e recusando o brócolis que Maria lhe ofereceu

Natasha riu do jeitinho fofo e bravo que o menino falou.

- Vamos lá, Peter, tem que comer o brócolis também - Maria falou levando outra vez a colher até a boca do menino que prontamente recusou balançando a cabeça negativamente

- Deixa pra lá, só hoje - Natasha falou

Hill suspirou e colocou a colher no prato do menino.

- Ele precisa aprender a comer legumes desde pequeno - Maria falou entregando o copinho de suco nas mãos de Peter

- Um dia só não faz mal, a gente tenta de novo amanhã - a ruiva respondeu levando o garfo a boca - Podíamos sair amanhã, fazer algo diferente pra aproveitar esse fim de semana

- Eu tenho uma reunião pela manhã na agência, mas o resto do dia estou livre - Maria falou levando a taça de vinho à boca - Tem planos?

- Tinha pensado em corrermos no parque pela manhã e aproveitar pra levar o Peter pra tomar um sol, esse garoto tá mais branco que papel

A forma descontraída que Natasha falou fez Maria soltar uma leve gargalhada.

- Tadinho, amor - a morena falou

Natasha deu de ombros e continuou sua refeição.

- Papel - Peter tentou repetir e as mulheres sorriram

- Isso aí, papel - Maria falou, ela se orgulhava vendo Peter aprender palavras novas a cada momento

Depois de terminarem o jantar, os três passaram mais um tempo na sala assistindo tv até que Natasha decidiu que era hora de colocar Peter para dormir. Enquanto a ruiva colocava o filho na cama, Maria foi escovar os dentes e se trocar.

Assim que saiu do banheiro e viu que a namorada ainda não estava no quarto, Maria foi até o quarto do filho ver se Natasha precisava de ajuda.

- "Olha João, é uma casa de doces!" Maria apontou animada e saiu correndo até lá - Natasha contava enquanto, com a mão livre, fazia um carinho na cabeça do filho

A ruiva estava sentada à beira da cama de Peter que já estava quase cochilando. Com um livro de histórias na outra mão, ela fazia vozes diferentes para cada personagem. Maria encostou no batente da porta e sorriu admirando a cena em silêncio para não atrapalhar a história. Ela com certeza guardaria esse momento pra sempre em sua memória.

- Está aí a muito tempo? - Natasha perguntou ao ver a namorada parada na porta

- Só um pouquinho - Maria sorriu

Peter dormiu antes do fim da história, Natasha se levantou da cama e cobriu o menino antes de fechar o livro de história e deixar sobre a cômoda.

- Fizemos a coisa certa, não é? - Natasha perguntou abraçando a cintura de Maria e descansando sua cabeça no peito da mulher

- Sim, nós fizemos - Hill respondeu com um sorriso fraco olhando o filho dormir - Tia Helena adoraria conhecê-lo, ela adoraria conhecer vocês dois - suspirou e então Natasha a abraçou mais forte - Sinto falta dela

- Eu sei... - a ruiva falou baixinho - De onde ela estiver, ela está orgulhosa de você

- Obrigada - Maria disse depois de um momento em silêncio

- Pelo o que? - Natasha perguntou ainda abraçada a ela

- Por ser a minha família

Natasha sorriu contra o vão do pescoço da namorada e então se afastou um pouco para olhá-la nos olhos.

- Eu amo você!

- Eu também amo você! - Maria afirmou e lhe deu um selinho - Vamos, antes que a gente acorde ele

***

Maria abriu os olhos devagar, ainda sonolenta quando escutou o choro abafado de Peter do outro lado da porta do quarto. Ela se levantou rapidamente e assim que abriu a porta deu de cara com o filho de pezinhos no chão e segurando a chupeta.

- Ei garoto, o que foi? - perguntou baixinho o pegando no colo

- Bicho - Peter choramingou apontando em direção ao seu quarto

- Não tem bicho lá - disse indo até lá com ele - Viu, não tem nada - mostrou após acender a luz, ela tentou colocar Peter na cama de novo, mas ele continuou choramingando sem querer desgarrar do colo dela

Hill suspirou, já se passavam das três da manhã, ela estava com sono e cansada demais para lutar com o menino, então preferiu o caminho mais fácil.

- Tudo bem, tudo bem... Vamos dormir juntos hoje

Hill entrou no quarto com Peter no colo, encostou a porta, deu a volta na cama e o colocou deitado no meio dela com cuidado para não acordar Natasha, o que foi em vão.

- Tudo bem? - a ruiva perguntou sonolenta se virando para eles

- Tá sim, acho que o Peter teve um pesadelo - falou se deitando também - Disse que tinha um bicho no quarto

Natasha puxou o filho e a namorada para mais perto e eles se embolaram em baixo das cobertas.

- Pode dormir tranquilo - falou baixinho fazendo um carinho nos fios castanhos do cabelo do menino - O bicho se foi, eu e sua mãe estamos aqui

Maria sorriu com a fala. Mãe. Ela estava gostando desse novo título.