Capítulo 8

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DIANA

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DIANA

- Vamos conversar. - Foi o que o meu pai disse a quase uma hora atrás quando saímos do hospital. No entanto, desde que chegamos a cafeteria, além de ficar bebericando do seu café puro e desenhando a alça da xícara com o polegar ele não fez, ou falou nada.

- Vai demorar muito? Yas está me esperando, nós ficamos de ir ao cinema.

- Dá pra ficar quieta e esperar um pouco? Eu estou pensando ainda. - Solta a alça da xícara levando as duas mãos para debaixo da mesa, suspirando e me olhando.

Ligo a tela do celular, o relógio marca 20:32. Ele espera que fiquemos sentados aqui até a cafeteria fechar?

- Ok - ele fala. E, vejo-o esfregando as palmas das mãos na calça acredito que secando. Mas o que ele tem para falar que está tão nervoso, ao ponto de suar as mãos desse jeito? - Você gosta do Nathan?

- O quê? Como assim?

Eu não estou me fazendo de desentendida - bom, talvez um pouco - eu já imaginava que a conversa seria sobre isso, o fato de eu estar gostando do filho do patrão dele, mas acabei descartando imediatamente essa possibilidade porque desde que chegamos ele está enrolando pra falar, e acredito que isso não é um assunto tão difícil.

- Pode falar, eu não sou um idiota.

- É óbvio que o senhor sabe a resposta, sabe desde que foi ao meu quarto me chamar.

- Eu sei muito antes de ir ao seu quarto. - Ele diz. - Mas eu preciso ouvir de você para poder chegar onde eu quero.

- Vai contar para a mamãe? Eu ouvi você feliz falando com ela sobre o Nathan estar gostando da minha irmã. Vai ganhar o que com isso?

- Eu não vou falar nada para a sua mãe. - A sua voz sai carregada de desprezo.

- Tá... Eu gosto dele sim, satisfeito? Não sei pra quê repetir o que você já sabe. - Essa última parte eu falo quase que para mim mesma.

- Eu vi como vocês ficaram na vez que ele esteve lá em casa, aquela ida com a desculpa de que queria ir ao banheiro. - Ele vai contando e estranhamente eu sinto como se os meus pecados estivessem sendo descobertos, ou eu sendo virada do avesso. É desconfortável. - Do lado de fora, quando ele te entregou alguma coisa. Eu vi e pensei: o que será que é aquilo? Mas descobri no dia que você foi com a sua irmã para o hospital, e o senhor Rangel deu-me o recado dele. Era o número dele, certo? Aquilo que ele te entregou. Você quem ligou para ele.

Oh, que coisa incrível, você descobriu pelos detalhes e por ser enxerido que estamos flertando. Parece estar se achando demais, é melhor baixar essa bola. Não é como se isso merecesse aplausos ou algum prêmio.

- Está se perguntando como eu sei de tudo sem ninguém ter me falado? - Ele parece querer rir e cruza os braços, encostando mais na cadeira.

- Na verdade, não. - Eu sinto vontade de rir com o convencimento dele, até poderia rir se eu não estivesse tão nervosa.

Mesmo falando que não vai contar para a minha mãe, eu me sinto angustiada com a possibilidade dela saber, ao menos por agora. Às vezes parece que ela me odeia, e se souber disso vai ser ainda pior.

Ele continua contando a sua grande descoberta:

- Eu já tive a idade de vocês, e também não sou bobo. Só a sua mãe não prestou atenção a esses detalhes porque está iludida demais e preocupada em achar um marido para a sua irmã.

Eu não gosto do jeito que ele está falando, ainda mais minha mãe estando incluída na mesma frase.

- E onde o senhor pretende chegar com tudo isso? Só falta dizer pra pedir dinheiro caso a gente chegue a namorar. - Dessa vez eu rio com essa suposição, mas o sorriso não dura muito quando ele fica sério.

Sério e me olhando.

- É bom que você goste. Que goste dele. - Hum... Não estou gostando nada disso.  - Desse jeito fica mais fácil a oferta que tenho para te fazer.

- Oferta?

- Sim, então preste atenção porque é algo muito bom pra você também.

Ok, mas eu duvido muito disso.

- Eu passei algum tempo fora, certo?

- Seis anos... Algum tempo são semanas ou meses, e não seis anos. - Rebato entre dentes. - Mas o que isso tem a ver com o Nathan, essa oferta que você tá falando? Eu não estou entendendo nada e isso já está me estressando.

- Eu quero que você se aproxime dele. Mas eu falo no sentido de se aproximar até ele compartilhar as coisas dele com você. Olha, vou explicar direito.

- Acho bom, até porque eu não estou gostando nada do rumo que essa conversa parece tomar.

- Você vai gostar.

E a explicação é a mais absurda possível. Ele diz que o Nathan está guardando um projeto muito grande sobre um hotel parque que ficará em outro estado, passado por seu pai. Ao que parece o projeto é de uma mulher muito próxima da família, e o patrão dele juntamente com o Nathan estão juntos nisso.

Inclusive, a escolha de onde - nesse caso, de quem- guardar foi dela. Ela quem escolheu, mesmo que ele não trabalhe nisso.

Para mim não faz sentido, ele nem é arquiteto, ou é? Ou o certo seria designer? Sei lá, mas porque tem que ser ele o responsável por guardar uma coisa assim tão grande, ou tratar com ela os detalhes? Ela só pode ser uma oferecida.

- Mas essa mulher é o que dele, afinal? - Sim eu estou com ciúmes, e ciúmes me deixa irritada. Não sei quem é mas já odeio.

Será que ela também vai ao hospital visitar ele? Vai ver deve ser uma loira bonita de peitos e bunda grande, vai ver ela deve estar lá agora para passar a noite com ele.

- Eu não sei o que é dele, mas preciso que você dê uma jeito de fazer uma cópia do projeto pra mim.

- Eu não vou fazer nada disso!

- Deixa de ser burra, pensa comigo. Você quer fazer faculdade, não quer? Quer colocar o seu negócio, sair da casa da sua mãe. Eu tenho contato com uma pessoa que trabalhou comigo quando eu estava fora, eu já falei com ele. Ele aceitou comprar se eu lhe entregar.

Eu pego a minha bolsa pra levantar e ir embora, ele segura o meu braço quase debruçando-se em cima da mesa, o copo de plástico com o resto do café cai no chão.

- Escuta! - Ele continua insistindo. Eu puxo o braço do seu aperto. - Todo mundo ganha, ele que precisa que eu termine antes daquela mulher, você e eu. Você não tem noção do quanto aquele projeto vale, só a parte que você vai receber dará para fazer tudo que você quer, e ainda sobrar. Sua única participação vai ser fazer uma cópia e me entregar, pronto. Não vai se envolver e o seu nome não estará metido nisso. O Nathan nunca saberá. Aliás, nem o meu nome vai estar, eu apenas vou vender.

Estou pasma... Chocada, de verdade.

- Não me olhe assim. - Ele diz, o silêncio é gigante. Só não é maior do que a minha decepção.

Eu sempre soube que ele tinha um lado que não prestava, mas descobrir isso assim desse jeito é demais.

Tem alguns clientes passando em direção a porta da rua olhando para nós.

- Vocês vão continuar igual, namorando ou do jeito que vocês quiserem. Ninguém precisa saber disso. Eu vou dar um tempo para você pensar, não precisa me dar uma resposta agora.

- Eu não preciso que você me der tempo. Eu não tenho nada para pensar. - É a única coisa que consigo dizer, para depois virar as costas e sair.

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