Diálogos pt.1
- Vai ficar aí até fumar tu é? -Eu digo quase gritando da janela.
- A vai tomar no cu Valentina! -Ele fala alto.
- Mas quero que volte! -Digo.
- Pra que? Vai ficar com sua amiga Tânia. -Ele fala em um tom raivoso e com um pequeno toque de ciúmes.
- Está com ciúmes por que eu fiquei conversando com ela ao invés de te ouvir? Hahahaha, me poupe, agora você volte. -Falo em tom de brincadeira.
- Me obrigue!
- Dúvida?
- Dúvido.
- Então vou quebrar todas as garrafas e assim você fica sem o que beber aqui.
- Filha da puta.
- Sou mesmo.
- Tá, tá, daqui a pouco eu volto. -Ele termina.
- Até que em fim te convenci! -Digo dando um gole na garrafa.
- Você tá digitando o nosso diálogo? -Ele pergunta ao notar que eu estou teclando no celular.
- Talvez sim, talvez não...
- Desgraçada.
- Obrigada lindo.
-
Vai continuar escrevendo nossa conversa até quando? -Ele pergunta parando de fumar por um momento.
- Até eu ficar com preguiça de escrever o resto ou você ir embora, o que vier primeiro. -Digo.
*Silêncio*
- Tem mais alguém te incomodando na escola? -Ele pergunta em um tom sério.
- Até agora não, não fui a escola depois que fez aquilo com o garoto -Falo com um certo tom de deboche -Mas por que a pergunta? Raramente me pergunta sobre a escola.
- Nada, nada que precise saber. -Falo olhando pro nada e com uma voz meio séria.
- Hm, tá "preocupado" comigo por um acaso?
- Não, mas também não posso deixar que fiquem te batendo ou te enchendo o saco o tempo todo. - Ele fala.
Ele fuma novamente, porém dessa vez o vento veio em minha direção, fazendo com que eu sinta o cheiro e comece a tossir.
- Que pulmão fudido -Ele diz brincando.
- Ué, tá achando ruim? Compra outro pra mim.
- Ah, vai se fuder, se quiser compre você mesma.
- Oxi, com que dinheiro?
- Tira do rabo.
- Euem.
*Mais um tempo em silêncio*
- Quando vai parar de queimar os meus presentes? -Ele diz, subindo a parede de fora de minha casa para poder voltar ao meu quarto pela janela.
- Parece uma aranha, só e todo torto, e em resposta a sua pergunta, eu paro quando voltar a me dar apenas caixas vazias. -Falo abrindo um pouco mais de minha janela para que ele consiga passar.
Ele entra em mei quarto novamente e se senta na minha cama, enquanto eu deixo minha janela na posição anterior.
- Vai irritar outra pessoa vai. -Ele fala enquanto se acomoda em minha cama.
- Que folgado, e eu não tenho mais ninguém pra conversar além de você. -Digo colocando as mãos na cintura.
- O problema é seu, não meu.
Dou um leve tapinha em seu pé indicando que quero espaço pra ficar na cama também.- Olha, se eu não tenho ninguém pra conversar, sobra pra você, então o problema se torna seu. -Termino.
- Vai parar de escrever nossa conversa não? -Ele diz levemente irritado, dessa vez de verdade.
Penso em continuar, mas acho melhor parar.