Capítulo 3

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Willian estava do lado de fora da grande casa central da fazenda.

Seus olhos estavam no céu nublado e ele sentia a fria brisa noturna levar seus cabelos. Sua esposa estava no quarto do casal, havia a deixado sozinha, não suportava ser desprezado com tamanho furor. O olhar que Charlotte dirigia a ele não tinha nada além de medo e nojo, a falta de reação quando ele a tocava, quando a beijava ou quando se deitava com ela, o fazia se sentir o pior dos homens, então descontava todo o seu ódio e frustração na doce criatura, que suportava todas as agressões e ainda se deitava com ele da forma que ele quisesse.

"Sempre tão submissa", pensou ele, levando o charuto aos lábios enquanto olhava para o céu. "Minha doce Charlotte , jamais será de mais ninguém..."

Um sorriso maligno tomou seus lábios.

Não pretendia ficar com ela por toda vida, queria herdeiros e ela não podia dá-los a ele, mas não a deixaria partir, fizeram um juramento perante Deus e a única coisa que iria separá-los era a morte.

Ao menos assim ele pensava.

Estava tão distraído em seus devaneios que mal notou o trotar dos cavalos que se aproximavam, quando os percebeu, os dois capatazes já estavam extremamente próximos à entrada da casa. Mas Willian Griffin não se assustou, os reconheceu, sabia que eram trabalhadores da fazenda dos Capman, certamente, sua sogra havia lhe mandado um recado. Ainda não entendia como Judith o venerava tanto, porém, com certeza, ela concordava com seus métodos de por sua filha na linha, afinal, sempre que os visitava, se mostrava muito feliz e satisfeita com o casamento que tinham.

— Senhor Griffin! — iniciou um dos capatazes, descendo de sua montaria enquanto o outro aguardava, ainda sobre o cavalo. — A senhora Capman nos mandou aqui para entregar isso.

O homem de meia idade, dedos calejados e um porte físico alto estendeu o bilhete para Willian, que o pegou com curiosidade. Sem sequer agradecer, somente se virou e afastou-se deles, indo para um local mais privado a fim de saber do que a carta se tratava.

Os homens não demoraram a partir, não esperavam menos de Willian Griffin, ao contrário do pai, Honoro, Willian era mesquinho e arrogante, sempre tratava todos com superioridade mesmo que, no fim, não passasse de mais um fazendeiro regional.

Enquanto os dois visitantes rumavam à sua própria fazenda, Willian entrava em sua casa. O loiro pegou um dos poucos candelabros que ainda estavam acesos e seguiu em direção ao seu escritório, adentrou o local tranquilamente, fechou a porta e sentou-se na grande poltrona, só então abriu a pequena carta.

Os olhos tempestuosos devoraram as poucas linhas em segundos e seu coração gelou, seu pior pesadelo estava se tornando realidade. A mente de Willian trabalhava a todo vapor enquanto ele tentava conter um surto de raiva que começava a vir, subindo da ponta de seus pés e irradiando por todo seu corpo, fazendo seu olho direito tremer e sua respiração ficar profunda e arfante como de um cão raivoso.

"Marcel retornou inesperadamente, querido genro, e pretende ir a sua casa ainda essa semana.

Não posso o controlar, espero que mantenham a civilidade e se comportem como os homens que são. Converse com sua esposa e a instrua, sabe como ele é protetor, ao menor sinal de perigo, você irá perdê-la!

Tome cuidado."

— Mas que inferno! — gritou ele, passando as mãos violentamente na mesa, jogando ao chão tudo o que havia ali.

O tinteiro manchou o chão amadeirado e os pequenos potes de vidro onde guardava carimbos, penas e cera, se quebraram em um estrondo alto demais para aquela hora da madrugada.

O Duque que me amavaOnde histórias criam vida. Descubra agora