Capítulo 8;

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Elas precisaram esperar a roda completar as últimas 5 voltas antes de descer.

Era isso então.

Na ligação que recebera da sua agente, Kim tivera a permissão para entregar Lalisa aos

"sequestradores". E a primeira coisa que ela pensara fora: Ufa. Acabou. Mas, por que no caminho para o carro, ela torcia para ter mais algumas horas?

Seu corpo havia esfriado e o vazio gélido se tornara um incômodo que ela jamais imaginara que seria tão difícil de superar. Havia sido beijada por Lalisa Manoban e cada centímetro de sua pele havia traído seus princípios. Naquele momento, sentada no carro com nada além do silêncio caótico dentro de sua mente, Jennie queria despertar do transe.

— Você vai dirigir? — perguntou Lalisa.

As mãos de Kim seguravam o volante com tanta força que os nós de seus dedos estavam esbranquiçados. O rosto dela formigava e seus olhos apontavam para o lado de fora, mas não via coisa alguma diante de si.

— Eu... — A caçadora limpou a garganta. — Eu vou sim.

Girou a chave e, se o carro não fosse automático, com toda certeza teria morrido ali mesmo. O freio de mão ainda estava puxado quando ela pisou no acelerador.

— Vamos pra minha casa. Preciso trocar de roupa e pegar uma coisa lá — disse Lisa.

— Coloca no GPS.

Por mais que a vampira tenha se surpreendido com a facilidade com a qual a garota aceitara a idéia, ela rapidamente digitou o endereço da mansão dos Manoban na tela e a viagem seguiu silenciosa.

O alarme de que isso podia ser uma má ideia soava mil e uma vezes lá nas camadas profundas do cérebro de Jennie, mas, sendo franca, depois de ter beijado Lalisa e gostado disso, se os Manoban sugassem seu sangue e jogassem seu corpo numa vala, estariam lhe fazendo um grande favor.

— Você está bem?

Kim tirou os olhos do trânsito e encarou a vampira por alguns segundos. Não sabia se era uma pergunta de verdade ou se Lalisa só estava curtindo com a sua cara, porque a vampira vestia sua expressão indecifrável de sempre.

— Você me beijou.

— Sim, e daí?

— Por quê?

— Não adianta fingir que não gostou. Ficou claro como água que você gostou e gostou bastante.

— Você não respondeu: por que você me beijou?

— Porque eu senti vontade.

— Então é sempre assim com você? Quando sente vontade de beijar, machucar ou matar alguém, vai lá e faz?

— É. É exatamente assim. Não escondo o que eu penso e nem as coisas que eu quero. Devia tentar, é melhor do que se esconder.

Kim girou o volante, parou o carro ao lado de uma calçada, abriu a porta e saiu.

Estava cega de raiva.

Tinha raiva de Lalisa, sim, mas principalmente raiva de si mesma por ter sido tão estúpida e caído naquela armadilha óbvia. Em poucas horas, tudo em que ela acreditava tinha sido posto à prova e isso porque se deixara levar pela lábia daquela maldita vampira e por sua própria ganância.

Precisava de um tempo para clarear as ideias. O fato de que pensara, por um segundo sequer, que se aliar a Lalisa Manoban era uma boa ideia, mostrava sinais de um declínio grave à insanidade.

— Onde você pensa que vai? — As unhas longas de Lalisa afundaram na pele de seu braço e a impediram de dar mais um passo para longe.

Kim se virou para se encontrar com os olhos castanhos que ardiam diante de si. Era agora que a vampira revelaria sua verdadeira face e ela sabia disso. Ela nunca gostou de ser contrariada.

HeartstakerOnde histórias criam vida. Descubra agora