Corte de Treva e Luz

Capítulo 5

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       Elain acordou assustada sentindo o peito arder angustiado. Conseguia ouvir o coração de alguém nos ouvidos, tão acelerado que parecia estar prestes a explodir, carregado de dor e desespero. Lucien, não sabia dizer como sabia, mas aquela sensação, só podia ser ele. Tentou se concentrar e tocar na extensão daquele laço, só ia verificar se ele estava bem. Disse a si mesma. Mas não sentiu nada do outro lado. Estava vazio, silencioso, quieto. Seu próprio coração se acelerou, se lembrando da visão que teve com Nuala e Cerridwen. E se algo tivesse acontecido com ele?

      Sem pensar direito, deu um puxão. Nada. Era como se já não existisse. Se levantou atirando as cobertas longe e tentou acessar aquele estranho poder que mais uma vez havia deixado de lado, fingindo que não existia, o mesmo poder que a fizera aparecer nas costas do rei de Hybern quando viu que Nesta morreria.

      Sentiu a névoa se formando em volta de si, em um momento estava em seu quarto e no outro, em uma sala desconhecida. Tentou respirar fundo ao tomar conta do que fez. Depois pensaria sobre isso, primeiro, Lucien. Olhou ao redor tentando se adaptar a pouca luz do local e arfou ao encontrá-lo no chão. Ele estava encolhido em um canto, seu corpo todo tremia envolto em chamas, o som de seus batimentos agora estavam tão altos que gritavam em seus ouvidos. Sentiu um misto de alívio e medo.

      Pela mãe! Como ela apagaria aquilo? Se aproximou lentamente, o suficiente para que ele a ouvisse.

_ Lucien - sussurrou, ele não se mexeu - Lucien - tentou novamente, a voz um pouco mais alta agora, tentou se aproximar um pouco mais mas o fogo ficou maior queimando sua mão estendida -

      Recuou, nem mesmo sentiu dor ao ver o rosto de Lucien. Foi difícil respirar. Seu semblante era um misto de terror e dor. Lágrimas grossas escorriam feito uma cascata de seus olhos. Suas mãos começaram a tremer e ela própria não sabia o que fazer para tirá-lo daquilo. A única vez que vira algo parecido fora com Cerridwen, o desespero que sentira ao ver a espectro daquele jeito, parecia não chegar nem perto do que sentia agora. Tentou dar outro puxão no laço. Nada. Nem mesmo uma reação. Era como se ele já não estivesse mais presente. Como se já não estivesse mais aqui. Como se seu corpo agora fosse só uma casca oca e vazia. Começou a se desesperar.

_ O que eu faço? O que eu faço? - colocou as mãos na cabeça -

      Talvez se chamasse Feyre ela poderia ajudá-lo. Como faria para chamá-la? É só gritar seu nome em pensamento e ela ouviria? Talvez pudesse ir até a casa de novo e voltar. Mas em primeiro lugar, nem sabia direito como diabos ela havia chegado até ali afinal. Céus! Queria bater em si mesma por ser tão idiota. Se fosse mais preocupada com seus poderes, se ao menos tivesse falado com alguém ou tentado entender. Podia ir correndo até lá, não ficava tão longe. Mas como poderia deixá-lo sozinho? E se ele se descontrolar e se machucar? E se ele machucasse outras pessoas? Tinha certeza de que jamais se perdoaria.

      Será que se jogasse água nele ele apagaria? Ela teria rido, se não fosse um pensamento sério.

_ Feyre... - se pegou chamando a irmã com desespero - Feyre, por favor. Me ajuda.

      Se sentia ainda mais idiota agora. Não sabia nem mesmo como os poderes da irmã funcionavam, e a via usá-lo o tempo todo. Jamais se sentira tão impotente como naquele momento. Ela era patética. Lucien soltou um grunhido de dor tirando-a de seus pensamentos, e aquele som partira seu coração em mil pedaços. E se o fogo estivesse o machucando? Estava decidido.

      Se encaminhou até a cozinha enchendo uma panela de água, voltou para perto de Lucien, se preparando para jogar.

_ O que você está fazendo? - Feyre disse ao seu lado -