Estava desesperada, e se eu não estivesse no primeiro andar, pelada, e com toalha do outro lado do banheiro, eu poderia pular a janela, mas nessa situação era impossível até cogitar a isso. E a essa altura, eu não sei qual era a pior opção. Esperar, ou fugir pagando peitinho, bunda e tudo o que estivesse exposto a luz do sol.
— Não teria arrependimento nenhum em sentar em mim?! — sua voz rouca repetiu baixinho, tocando o vidro do box — Você sabe que isso não é certo, não é Gabi? O teu pai não iria tolerar isso, e você sabe... — e a cada palavra, eu podia ouvir sua respiração se tornar pesada bem a minha frente, com apenas o vidro nos separando, enquanto o verde de sua camisa destacava no suor do vidro.
Essa não era a reação que eu esperava, e tão pouco seria do feitio dele levar o que uma menina mais nova tinha a dizer sobre ele. Era como se isso fosse um sonho muito bom, mais real demais para me deixar excitada apenas com sua voz e a probabilidade dele me observar sem roupa contra o vidro do box.
— O que você veio fazer aqui? — questionei, engolindo todo o meu desespero e sendo tomada pela excitação que me guiava a fazer algo insano como abrir a porta do box. O meu corpo estava tendo vida própria, deixando que minha mãe espalmasse o box para empurrá-lo.
— Eu não vou fazer nada que você não queira, Gabi — respondeu não o que eu perguntei, mas sim o que eu estava pensando: o que aconteceria depois que eu abrisse o box!? — Não confia em mim?
E então eu abri, deslizando a porta para a esquerda dando a visão de como eu vim ao mundo para ele, que perdeu o ar assim que me observou atentamente. Olhando cada detalhe do meu corpo com atenção, carinho e uma pitada de malícia me fazendo queimar, como a pimenta mais ardida... eu que nunca tive vergonha, fiquei sem graça com o olhar dele sobre mim, tão obcecado.
— Você é linda, bem mais do que eu esperava ser... — ele sorriu, e chegando próximo a mim ele recolheu uma mecha do meu cabelo úmido a colocando para trás me deixando ansiosa para o que estava por vir — O quê!? O que você quer, Gabriela? — ele questionou, e encarando os meus olhos enclinou a sua cabeça para frente segurando o meu queixo de uma forma delicada.
— Me beija... — pedi. Se um dia eu era uma pessoa sã, hoje eu não sei mais o que é isso. E talvez o meu pai me mate, ou mate nós dois... mas isso era tudo o que eu queria desde os meus quinze anos de idade, e hoje isso estava acontecendo. Nada me faria perder esse momento, e muito menos a minha falta de sanidade mental.
Mordendo um sorriso, seguido de sua língua deslizando sobre seu lábio inferior, ele se inclinou mais um pouco e logo agarrou a minha nuca, entrelaçando seus dedos em meus fios para tomar a minha boca em um beijo calmo, nas ao mesmo tempo necessitado e com uma pitada de malícia.
Ele espalmou sua mão livre em minhas costas e foi deslizando a mesma para baixo a enlaçando em minha cintura, e me dando impulso para entrelaçar as minhas pernas em sua cintura... até que ouço batidas na porta e uma voz ao longe me chamar repetidas vezes e insistentemente.
Abri meus olhos devagar enxergando apenas o teto de gesso do meu quarto, e nenhum sinal do Caio. Nem por cima de mim, nem embaixo e muito menos do meu lado na cama. Tudo isso que tinha acabado de acontecer era apenas um sonho erótico da menina que é apaixonada pelo melhor amigo, que estranhamente também era irmão adotivo e empregado do papai. Tinha sido um breve apagão pós festa, com uma ressaca daquelas e que eu não fazia ideia de quantas horas eu havia dormido.
— Abre a porta, tampinha! — bateu mais uma vez, e eu tomei um baita susto ao perceber que era o Caio na porta.
Eu estava apenas de calcinha e embolada nos lençóis da cama, e talvez eu não estivesse muitas opções de roupa para quem estava apenas com a do corpo, ou a que estava no corpo... não era algo a ser criticado, o meu pai me arrastou da Rocinha sem ao menos pegar a minha mochila me deixando sem roupas para usar aqui.
— Calma, Caio, eu em! — falei fingindo naturalidade, e corri para o outro lado do quarto abrindo todas as gavetas a procura de algo para vestir, uma camisa ou alguma coisa que ao menos que servisse em mim. E encontrei, uma camisa bem maior do quê qualquer vestido meu.
Vesti a mesma pulei sobre a cama, e descendo pelo outro lado dela andei em direção a porta abrindo a mesma.
— Pensei que tinha morrido... — ele me olhou dos pés a cabeça, e agora, desinteresse era o que ele carregava em sua expressão. E isso de alguma forma me deixava mal, não era essa a expressão que eu queria depois do sonho que eu acabei de ter. Talvez eu estivesse me iludindo, e o pior, sozinha.
— Não, eu só acabei pegando no sono depois do banho... acho que para uma noite virada, essa era a consequência. — contei e ele negou com a cabeça — Você poderia conseguir algumas roupas pra mim? — questionei ficando na ponta dos pés, enquanto segurava no batente da porta e na porta em si.
— Eu conheço algumas meninas que trabalham numa lojinha aqui do morro, qualquer bagulho eu desço lá ou posso pedir pra virem trazer pra você — disse, agora olhando para dentro do quarto.
— Algum problema, Caio? — questionei erguendo as sobrancelhas e ele logo voltou a focar no meu rosto.
— Nenhum, tampinha! Vai lá se trocar, vou te esperar aqui — disse empurrando a porta e passando por mim, ficando perto demais deixando que eu quase caía na tentação de que é ele. E por um momento, senti que o que havia acontecido no sonho iria se realizar agora. Mas a única coisa que aconteceu foi ele passar por mim com os olhos fixos no meus me causando arrepios até onde eu achei que seria impossível.
— Hum... vou me trocar no banheiro — limpando a garganta, falei, indo pegar o meu vestido preto que estava largado sobre a cama e ele sentou na cama, apenas confirmando com a cabeça.
Eu não havia demorado tanto assim, mas o bastante para me trocar e ajeitar o cabelo em um coque alto deixando alguns fios soltos, até sair do banheiro e pegar o Caio vasculhando as gavetas do nosso pai.
— O que você tá fazendo, Caio?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Proibida Pra Mim
Ficção Adolescente(+18) Caio sempre foi um bom garoto, mas a sorte parecia ter outros planos para ele. Abandonado pela mãe, foi acolhido pelo temido dono do morro, que o moldou para ser um fiel traficante. Caio seguiu as ordens do pai adotivo com disciplina militar...