Chapter 4

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Após o jantar... Ou antes mesmo de terminá-lo eu me tornei a sobremesa. Dazai me ergueu com facilidade se encaminhando para o quarto que eu havia aproveitado minha ressaca anteriormente.

Ele me deitou nos lençóis cheirosos e macios e se colocou em cima de mim me beijando ardentemente. Seus atos eram tão intensos quanto seu olhar. Senti suas mãos subindo por baixo da blusa que ele havia cedido para mim e gemi manhosa quando chegaram aos meus seios descobertos. Ele provavelmente não esperava que eu estivesse sem já que subiu o olhar para mim brevemente antes de se livrar da blusa e torturá-los com lambidas e mordidas. E só aquilo já estava me deixando louca.

Trocar olhares por tanto tempo sem nenhum contato físico para em seguida nos encontrarmos havia acendido uma estranha faísca entre nós. Eu estar a algum tempo sem ninguém também havia contribuído. O vinho que ele provavelmente calculou metodicamente para me fazer me soltar também era responsável.

Ele era um amante agradável, muito agradável. Era bom em todos os requisitos. Exemplos? Suas carícias eram quentes, um mero toque seu era capaz de me arrepiar por completo. Seu olhar era capaz de transmitir uma impressão quase ameaçadora, mas era uma espécie de medo agradável. Sua boca era capaz de fazer maravilhas por todo o meu corpo e quando chegou ao centro do meu prazer não precisou de muito para que eu me desfizesse.

Dazai parecia saber a medida certa de tudo, suas estocadas deixavam de ser lentas e apaixonadas para se tornarem cruéis e profundas quando eu precisava. Seus gemidos eram terrivelmente melodiosos e quando ele se desfez ficaram mais irresistíveis ainda. Não demorei a me juntar a ele novamente:

-Não faça isso- ele disse passando os dedos levemente por minhas costas.

-O que?

-Morder o lábio. É um gatilho terrível para mim.

-Me lembrarei disso.

Oque havia me conquistado foi a aura misteriosa por trás daquele homem. Seus olhos profundos me diziam que ele tinha muito a esconder e eu imediatamente fiquei obcecada por ele. Não acho que posso ser culpada de algo já que ele quem havia sido o responsável por meu estado. Como resistir àquelas encaradas diretas ao extremo? Não me lembro de ele alguma vez ter desviado o olhar, era sempre da minha parte de esse vacilo partia.

Não sei se devia culpar ou o término caótico ou se ele só era muito charmoso, mas aquele homem havia me atraído de imediato. Eu quis conhecer as profundezas de seu ser, ler o livro por inteiro e não apenas o prólogo que era oque ele costumava mostrar.

Ele era incrível, mas suas bandagens me incomodavam. Ele não havia reclamado de dor enquanto me possuía:

-Por que as usa?- as toquei levemente.

Ele me encarou parecendo estar numa batalha interna com seus pensamentos:

-É pessoal.

- Eu gostaria de saber.

-Irei te contar quando a hora certa chegar- ele apertou minha bochecha e só aquilo foi o suficiente para me fazer esquecer o assunto.

Meses depois eu me arrependi amargamente. Eu devia ter exigido logo sua resposta para que eu fosse embora daquele quarto. À medida que o tempo ia passando e eu ia explorando aquele ser humano, mais estranhas as coisas iam ficando.

Permanecemos meses naquela rotina de nos encontrarmos sem compromissos e era muito gostoso. Mas também era muito intenso e percebendo isso, ele decidiu me contar as tirando de seu corpo e se virando para mim. Seus braços possuíam diversas cicatrizes de cortes. Não pareciam ser recentes, mas eu odiava o fato delas existirem. Fiquei tão chocada que nem percebi que estava muda:

-Eu não esperava uma reação positiva sua- ele riu apesar do fato ser pesado demais.

-Eu não tenho como apenas sorrir e. - eu estava agoniada- Quando? Por quê?

Ele segurou minha mão e me puxou para o sofá:

-Precisamos conversar sobre isso- ele disse enquanto afagava meus cabelos- Eu comecei quando ainda era adolescente. O gatilho foi a perda de um amigo especial, ele era como um irmão para mim. Fazíamos tudo juntos desde a infância. Um dia ele simplesmente não estava mais lá e eu nunca consegui lidar com isso. Então acabei me rendendo a esse sentimento ruim e autodestrutivo.

Ele olhou para mim quando sentiu minhas lágrimas em seu pescoço:

-Vamos, não chore.

Ele pediu aquilo, não porque estava com pena, mas sim porque o pior ainda estava por vir. Quando me acalmei um pouco mais ele prosseguiu:

-Eu acabei me acostumando com esse sentimento e migrei para uma zona perigosa- ele me encarou muito intensamente- Eu passei a apreciar a idéia de me destruir, apesar de odiar sentir dor e ter medo de morrer sozinho. Mas eu queria. Já ouviu falar em suicídio duplo? Essa se tornou minha nova meta.

-Diga que isso é passado Dazai.

Ele ficou em silencio:

-Diga que você não deseja mais nada disso- eu voltei a chorar- Não faça isso comigo.

Comecei a bater em seu peito como se aquilo fosse mudar alguma coisa e ele apenas aceitou, calado. E como eu odiei aquele silencio vindo dele.

Eu queria negações, que ele dissesse que estava tudo bem e que nada daquilo aconteceria. Mas ele não disse nada.

Dazai era a pessoa mais complexa que eu já havia conhecido. A começar por suas vontades: ele realmente queria se matar. Morrer ao lado da mulher de sua vida seria algo ainda melhor.

Pode parecer algo ate romântico em uma literatura. Mas descobrir que seu novo objeto de prazer e obsessão fazia esse tipo era como um banho de água fria. Eu estava me apaixonando por ele e aquilo só me dava vontade de fazê-lo esquecer tais idéias, pois eu sentia a dor da perda sem ao menos ter acontecido. Era como uma espécie de premonição.

Era esse o meu destino? Ser trocada pelo primeiro homem da minha vida e abandonada pelo último? Que raios de destino meia boca era aquele?

Me afastei dele tendo sua atenção presa em mim o tempo todo. Eu estava de costas para ele quando peguei minha bolsa no outro sofá e me encaminhei para a saída.

Eu me sentia sufocada.

Prestes a explodir.

E não queria fazer aquilo na frente dele, não mais do que já havia feito.

Ouvi ele se levantar e vir atrás de mim:

-Mei- ele quebrou seu voto de silencio quando toquei a maçaneta.

-Não- disse levantando a mão para que ele parasse.

Não olhei para ele, pois se olhasse desistiria de ir embora dali:

-Apenas escute...

-Eu já ouvi demais.

Sua mão passou por minha cabeça e encostou a porta se apoiando nela:

-Me escute, por favor.

A voz dele saiu como um sussurro e eu precisei de todas as minhas forças para abrir aquela porta e sair dali, me sentindo destruída em vários sentidos.

Reverse Psychology- Imagine Dazai OsamuOnde histórias criam vida. Descubra agora