Chapter 7

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Em todos os meus anos eu nunca imaginei que iria passar em um psicólogo.

Muito menos por causa de um término.

Menos ainda que ele cuidaria de mim fora das nossas consultas, que por sinal, nem existiam mais.

Se eu pudesse voltar no tempo e mudar o profissional que iria me atender eu provavelmente teria feito. Evitar Dazai teria me poupado de sentir muitas coisas ruins que eu sentia toda vez que ele demorava um pouco para responde minhas mensagens, que ele esboçava alguma reação diferente ou quando eu parava para pensar sobre suas ataduras.

Elas me atormentavam diariamente.

Eram como uma espécie de lembrete de quem eu estava lidando, por quem eu estava me apaixonando e da situação de risco na qual eu estava me metendo.

Elas precisavam me lembrar de tudo aquilo, pois num dia normal Dazai era apenas um homem gentil e sedutor exatamente como eu o via nas consultas.

Mas era difícil lembrar com aquele homem sendo atencioso de todas as formas possíveis. O jeito que ele me olhava sempre conseguia me desestabilizar.

Talvez aquele conjunto de fatores tivesse me prendendo àquela relação estranha que estávamos tendo nas últimas semanas.

Eu pensava em todas aquelas coisas enquanto passava o batom vermelho nos lábios como último toque antes de sair.

Ouvi a buzina do lado de fora e soube que ele estava ali, exatamente no horário marcado.

Me apressei para sair logo de casa e não o deixar esperando do lado de fora. Assim que entrei em seu carro e sentei ao seu lado me tornei vitima de sua análise esmagadora. Seu olhar focou primeiro em meu rosto. Meus olhos e lábios. Depois ele desceu pelo meu corpo, se divertindo com o que via e com as reações que recebia em troca.

Mesmo sem me tocar eu sentia o peso de sua atenção como se ele estivesse de fato me tocando de forma ardente e avassaladora.

Como ninguém nunca havia feito antes.

Ele se aproximou de mim me dando um beijo na bochecha e eu senti o lugar derreter ao eu toque:

-Você é linda.

-Quando estou arrumada sim- entrelacei os dedos envergonhada.

Ele piscou uma vez antes de me lançar um olhar duro e exigente:

-Eu sou linda estando produzida ou não- sua cabeça se inclinou- Repita comigo.

-Sério?

-Sério, diga.

Inspirei profundamente:

-Eu sou linda estando produzida ou não.

Dazai sorriu e deu a partida:

-Nunca se esqueça disso.

Ele havia insistido em sairmos para jantar como forma de compensar seus sumiços, fora todos os presentes que ele me deu ignorando minhas negações, seus cuidados e insistência em estar comigo.

Após o ocorrido na data de aniversário da morte do seu amigo ele havia mudado sua forma de agir. Também parecia muito arrependido por ter apenas sumido.

Dazai não estava acostumado a pensar em conjunto e eu estava no processo para entender aquilo.

Chegamos ao restaurante onde ele fez reservas e fomos levados até a nossa mesa próxima a uma grande janela onde podíamos ver a cidade iluminada do lado de fora:

-Creio que pelos seus olhinhos brilhando você gostou da vista.

Olhei para ele envergonhada:

-É linda sim... Obrigada.

Ele me encarou:

-Pelo que?

Aquilo era uma pergunta retórica, ele sabia muito bem pelo que eu estava agradecendo. Assim como em nossas consultas, Dazai tinha a estranha mania de me perguntar até as coisas mais bobas, por mais que ele estivesse cansado de saber:

-Por ter me trazido aqui.

Ele sustentou o olhar por um tempo antes de chamar o garçom e fazermos nossos pedidos:

-Não precisa me agradecer por isso.

-Mas é claro que preciso.

-Estou tentando compensar por ter roubado algumas noites de sono de você. Não foi a intenção.

-Só... Não faça de novo.

-Não vou, prometo- ele disse segurando minha mão.

Aquele pequeno gesto fez com que eu me sentisse o centro do universo, a mulher mais amada do mundo, a mais atraente e a única que importava para ele:

-Finalmente vi sua cara de satisfação- ele disse sorrindo.

-Como assim?

-Dei muito duro nas consultas para ver uma expressão de felicidade verdadeira. E só agora ela apareceu.

Sorri verdadeiramente feliz com suas palavras.

E eu realmente me sentia bem.

Depois do meu término eu tive problemas sérios com minha autoestima e por muito tempo evitei me arrumar com qualquer coisa que pudesse chamar atenção demais. Mas eu estava me libertando daquilo.

Eu devia saber que na vida, nada dura para sempre e a felicidade faz parte disso.

Uma pequena olhada para o lado foi a responsável por estragar toda a minha noite.

Uma pequena olhada para a mesa mais à frente seria a responsável por minha infelicidade.

Joey estava mais a frente, tranquilo, como se o mundo estivesse em paz.

Como se nunca tivesse terminado comigo.

Como se não tivesse machucado, e eu duvidava que tivesse mesmo.

Eu estava sendo atingida por sua presença como se fosse a única machucada que estivesse tentando recolher os pedaços do coração para prosseguir.

E eu era.

Reverse Psychology- Imagine Dazai OsamuOnde histórias criam vida. Descubra agora