Capítulo 05: Tão rápido quanto um beliscão.

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Nota da autora: para ajudar na visualização das vestes, no meu perfil do pinterest contém uma pasta com as imagens criadas para a história (o link está no meu perfil). A de hoje é uma atípica, por isso achei necessário mostrar a diferença entre ela e as dos próximos capítulos.

Também atualizei com todos os personagens que terão certa relevância e finalizei a pasta de citações. Quem se interessar, basta entrar no meu perfil.

Agradeço todos os comentários e estrelinhas recebidas em todos os capítulos, o apoio de vocês é muito importante.

Até semana que vem. 

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Quando o sol iluminou o céu e encurtou as sombras, Sakura viu pela primeira vez as pequenas pétalas douradas de tsubaki girarem e desabrochar diante de sua atenção. A copa arredondada e densa crescia muitos metros acima de sua cabeça, com galhos ramificados e adornados com folhas de verde profundo e aparência cerosa. Era bonito e perfumado, tal qual as ervas com que Hinata adornou seu banho pela manhã e o chá morno que reservou para que ela não se queimasse.

A empregada era zelosa, falante nos dias que se passaram e iniciava, assim como ela, a jornada de desbravar o palácio que nunca havia adentrado até ser convocada para promover conforto à Rainha. Para a sulista, acostumada com a pele arrepiada e o gelo que queimava o seu nariz, parecia impossível existir algo nas terras tão agradável quanto a mulher de braços fortes. Após uma semana, os olhos de aventurina ainda persistiam em se transbordar de lágrimas quando ela lhe penteava os cabelos ou cantava sussurrado enquanto preparava sua banheira. Tudo nela era um acalento para seu sofrimento.

Já Ino, a segunda serva, apresentada no mesmo dia em que a primeira, era possuidora de uma fala engraçada em sua visão do mundo. O cabelo loiro longo e escorrido, somado com a íris clara, em muito a lembravam da própria casa, se não fosse o corpo robusto, de pele bronzeada e pouca elegância nos gestos. Não eram damas da corte, mesmo que não tivesse com o que comparar, visto que ali não existiam nobres transitando pelos corredores. O fato a estranhava por suas dezenas de estudos, com Amali que narrava incansavelmente quantos aristocratas dividiam a moradia com o amado Rei Koji de Hyōzan.

Quando cansada, machucada e desidratada, não foi capaz de se questionar como um palácio poderia ser tão vazio quanto aquele. Mas, assim que foi alimentada com pão, carne e frutas, a mente voltou a trabalhar revigorada.

Não era munida de bravura para perguntar abertamente sobre o próprio marido, mas comentou com Hinata que sua moradia era quase deserta. "No ocaso do falecido primeiro príncipe, tudo mudou", ela respondeu melancólica, afofando os cobertores grossos para que dormisse confortável. Pelo silêncio de Ino, e a feição deprimida carregada pelas pupilas peroladas, não perguntou sobre o provável Príncipe Sem Cabeça. E mesmo que fosse menos empática, não confessaria o infeliz apelido com o qual chamavam o homem no Sul.

Não era necessário destrinchar as palavras para entender que era uma figura amada mesmo após a morte, enquanto em seu antigo lar era tratado como um tolo; uma reles piada em meio às camadas mais baixas do povo que repetiam as falas de seus donos. A escolha de não resgatar o assunto foi certeira, mas ainda pensava nisso ao passear entre os arbustos cheirosos e floridos que enfeitavam o início da primavera de Suna.

Ino dizia que o melhor momento do dia para passear era no início da manhã, pouco após o desjejum e antes da inclemência do sol. O caminhar fazia parte das orientações de Shizune para fortalecer o seu corpo, no entanto, tirando a atividade médica que a cansava pelo descostume, não tinha nada além para se fazer.

O Rei Destruído.Onde histórias criam vida. Descubra agora