O Rei Destruído.

Capítulo 12: A lebre, o coiote e o coelho.

Nota: Após uma considerável ausência, estou de volta para anunciar que retomarei as atualizações com mais frequência. Para aqueles que não se lembram, nos últimos capítulos, acompanhamos Sarada caindo em um lago e sendo resgatada por Sasuke. Em seguida, tivemos uma breve interação SasuSaku e, por fim, a nossa rainha pediu para conversar com Gaara ao perceber que ele também percebia as sombras que acompanhavam o Uchiha.

Espero que aproveitem a leitura (estou me sentindo um pouco insegura, como sempre quando volto a escrever), e não se esqueçam de dar uma estrelinha se gostarem. Até breve!

━━━⋅⊰♛⊱⋅━━━

Nas vastas extensões de Suna, as dunas douradas se erguiam como gigantes, preservando em seus grãos os ecos de lendas esquecidas e proezas de guerreiros que, sob a estandarte de Tobirama, ergueram o Império à sua glória. No meio das ondas de areia e do derramamento, um monarca entalhou o emblema da besta no âmago de seu povo. Através das eras, essa chama forjou almas imbuídas de força e selvageria.

Compaixão, respeito e integridade eram os alicerces de Tenji Uchiha quando triunfou no Norte e se estabeleceu como um dos Seis Generais da aurora da Dinastia Senju. O lema ainda adornava as tapeçarias e permanecia gravado junto ao brasão, cumprindo o desejo do primeiro conquistador que ansiava pela prosperidade de sua linhagem. No palácio, poucos traços arquitetônicos e decorativos de seu governo persistiam, exceto pela muralha que ergueu em seu reinado; agora uma testemunha silente de quase cinco séculos de história.

No entanto, as epopeias compostas em línguas quase extintas enalteciam apenas feitos heróicos, evitando mencionar as derrotas de Tenji e ocultando a lenta decadência de seu exército, que gradualmente se perdeu no abraço impiedoso do deserto, empurrando-os para as grutas rochosas à medida que incendiavam aldeia após aldeia.

Dizimaram, subjugaram os nativos, ceifaram vidas e profanaram mulheres a cada celebração de suas conquistas em batalha. Eram guerreiros implacáveis, cedendo apenas à fúria impiedosa do mormaço que não conheciam igual, assim como à sede que rasgava suas gargantas e ressecava suas bocas martirizadas. Ali, o próprio sol pairava no céu com asas escamosas, expelindo fogo em rugidos famintos e dentes afiados tentando devorá-los. De caçadores, eles se tornaram as presas.

A história permanecia ausente nas páginas de Satori. Não havia registro da provação que ele e seus soldados enfrentaram ao adentrar o deserto, nem daqueles que sucumbiram um a um sob o calor inclemente do dia e os ventos cortantes das noites. As tempestades de areia devoraram muitos, e quando alcançaram o vulcão, répteis alados banquetearam-se com suas carnes como se fossem leite batido.

Sob o calor enlouqueceram pelo medo, e aqueles que não morreram acabaram por fugir aterrorizados pelas sombras que obscureciam o sol e pelas criaturas que rastejavam sob seus pés. De cima e de baixo, tornaram-se iscas, assim como o último general, que encolheu-se desidratado e impotente entre as rochas.

Dispersaram-se como os mais vis dos parasitas em sua luta pela sobrevivência.

Tenji, em sua solidão, resistiu bravamente ao beber o sangue de seu cavalo até que a criatura caiu exausta, oferecendo-lhe alimento. Suas próprias pernas se desgastaram até se tornarem pedaços de carne exposta, resultado de incontáveis passos sob o terreno escaldante. Preferia se desmembrar a falhar, uma convicção que incessantemente martelava em sua mente empoeirada, determinado a conquistar aquela terra ou reduzi-la a cinzas.

Nos momentos de desespero, proferiu maldições aos céus, lançando imprecações contra as trevas que Tobirama o enviou para enfrentar. À beira da morte, com o entardecer o tornando frígido, sua lealdade foi corroída pela cólera. Ansiava por forças ou uma montaria que o levasse de volta ao ponto de partida. Desejava muitas coisas, mas não possuía vigor sequer para se erguer e afastar-se de suas próprias vestes sujas de merda.