Capitulo 01

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— Uma gin tônica, por favor.

Era a bebida que eu sempre pedia quando saia pra balada com as minhas amigas, quando o barman me entregou a taça, sorvi o líquido gelado me deliciando com o leve amargor do gin. Eu estava ali me perguntando o porquê de fugir daquele bando de loucas, mas aquilo me fez mais bem do que eu imaginei, nunca pensei que na minha noite, eu ficaria deprimida daquela forma e querendo me esconder do mundo. Indecisão.

Era para estar lá no meio delas, usando uma falsa grinalda na cabeça e me embebedando até não conseguir mais parar em pé e curtindo o momento especial que minhas amigas me presentearam, mas meu único desejo era ficar sozinha e aproveitar aquilo que me desse vontade naquela noite, e era isso que eu faria.

Mas sabe quando a gente não sabe como fazer e nem por onde começar?

Pois é, a minha sina e talvez um desequilíbrio emocional ou talvez a voz da razão falaram bem mais alto.

Tomei mais um gole do meu drink, e outro, até pedir uma segunda dose e logo após a terceira, o fracasso era o meu companheiro por não saber como aproveitar a noite que cogitei fazer dela uma das melhores da minha vida e vendo que a tornei  ainda mais desastrosa, me dei por vencida, paguei minha conta e quando fui jogar a bolsa no ombro de um jeito não tão delicado trombei com uma parede de músculos que enlaçou os braços fortes na minha cintura impedindo que eu desse com a cara no chão.

— Me desculpe — Foi a primeira coisa que me veio à cabeça enquanto eu encarava aquele homem que abriu um sorriso e exibiu uma fileira de dentes perfeitamente brancos e alinhados, ele era lindo, ou era o efeito do álcool falando mais alto?

— Imagina, sem problema nenhum. Você está bem? — A voz grossa e bem entonada chamou minha atenção.

— Estou um pouco alta por conta da bebida, obrigada, já vou indo.

Não havia como não reparar na beleza singular daquele homem, até que quase fui vencida por um sorriso torto e sensual.

— Eu acabei de chegar.

— E eu com isso? — Sorriu novamente e depois mordeu os lábios carnudos. — Aproveite a festa, essa boate é bem… —  Me perdi nas palavras —  Acolhedora! — É sério, Sofia!

— E se eu pedisse para você ficar mais um pouco? — Era interesse puro que tilintava naqueles olhos semicerrados e o sorriso torto.

— Boa jogada. — Ele deu de ombros e me encarou colocando uma das mãos no bolso da calça de sarja e a outra veio direto na alça da minha bolsa.

— E se eu quiser conhecê-la melhor?

Aquele era um jogo de sedução e ele parecia gostar, e me senti tentada a ficar, então decidi que eu iria arriscar algo na minha vida pela primeira vez, eu iria jogar o jogo que ele estivesse jogando, se aquela era a minha noite, eu iria correr algum risco e colocar as cartas na mesa só pelo fato de ter a necessidade daquele sentimento de adrenalina correndo nas veias e aquilo poderia me render uma distração e talvez uma boa conversa com um desconhecido qualquer.

Parei para observá-lo melhor, devolvi minha bunda na banqueta que estava antes, era como se sua presença fosse imposta a qualquer pessoa presente ali naquela boate, ele só olhou para o cara do banco ao lado e ergueu uma das sobrancelhas, fazendo com que em segundos o lugar ao meu lado ficasse vago.

Os ombros largos e braços fortes, usava uma camisa de grife que abraçava e moldada bem seus músculos, mordi o canto da boca ao imaginar o que tinha debaixo do tecido, já me dando uma advertência por estar pensando o que não devia, ele ergueu a mão pedindo ao barman uma dose de whisky, o Rolex no braço esquerdo gritava que ele não era um homem qualquer, a cor da bebida sendo despejada em seu copo combinava com sua pele negra, ele era fascinante, ou era o álcool correndo na minha corrente sanguínea e começando a falar besteiras.

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