Capítulo 10

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Despedidas são sempre difíceis quando momentos como o que tive naquele quarto de motel são intensos e trazem a tona tantas verdades, lá no fundo eu não queria ir, mas pensar sobre aquela aventura e que ela poderia ter algo haver com a decisão de interferir nos planos de uma vida inteira e de minha família foi difícil de ser aceita.

Eu me casaria dali alguns dias e o status de senhorita seria substituído pelo de senhora. Senhora Sofia Hills Forbes, esposa do magistrado Michael Forbes.

— Até logo Sofia.

E antes que eu tivesse a chance de sair, Erick me puxou pelo braço e tomou minha boca num beijo urgente, não foi como no começo, foi diferente, parecia haver sentimento, senti sua urgência o jeito como me abraçou foi carinhoso como se estivesse marcando o momento com aquele ato amoroso e aquilo me deixou um tanto quanto desestruturada, não pelo ato em si, mas sim por tudo o que foi exposto ali, fomos amantes e confidentes, algo mesmo que pequeno  foi estabelecido entre nós dois, mas não havia como definir em apenas uma palavra.

—  Obrigada.

— Pense bem, não comprometa sua felicidade.

— Adeus. — Essa foi a minha verdadeira despedida.

Sai dali me perguntando o que tinha acontecido, aquilo não era um jogo, foi muito mais que isso, quando entrei no táxi não pude evitar de olhar para trás, com aquela mísera esperança de que ele pudesse vir atrás de mim como se fossemos protagonistas de um filme de romance e me impedir de fazer aquilo que deveria ser feito. Não pude evitar do sorrir imaginando tal situação. Mas será mesmo que era isso que eu queria?

Mas não, a vida nunca foi um conto de fadas, a realidade estava ali e eu precisava ser consciente que eu deveria vivê-la e estava ciente que tais contos não existem, havia apenas a doce ilusão da expectativa e do sonho.

Encontrei Janaína que me esperava um pouco nervosa, revelou que a desculpa dada pelo meu sumiço com as garotas foi que me senti um pouco indisposta e que poderiam terminar a noite sem mim, contei tudo a ela nos mínimos detalhes o que havia acontecido e não vi em seu olhar o julgamento que eu tanto temia, vi em seu rosto o entendimento, e era isso que eu precisava, de apoio.

— O que eu faço agora, Jana?

— Agora, nós vamos para casa descansar, e depois conversamos melhor sobre isso, é uma decisão importante, mas saiba que o que quer que escolha, eu sempre vou estar do seu lado, uma pela outra sempre, lembra disso?

—Sempre.

A contagem regressiva para o “grande dia" havia começado, a família começava a chegar e alguns detalhes da decoração já estavam encaixotados na garagem de casa. Cada pequeno detalhe devidamente escolhido, Michael já havia tido sua despedida de solteiro, que segundo ele e os primos consistiu em Whisky bourbon  18 anos e charutos cubanos até altas horas da noite. Nossas agendas de trabalho haviam sido encerradas no começo da semana, trinta dias de férias para podermos aproveitar a lua de mel, três semanas em Bora Bora, extravagância justificada por Michael por merecimento por um momento inesquecível deveria ter uma viagem mais marcante ainda.

No decorrer dos dias tínhamos tudo milimetricamente planejado, o jantar com nossas famílias aconteceria em dois dias no jardim da casa dos pais de Michael, seria um dos últimos eventos juntos antes da cerimônia e a sensação de felicidade que todos falavam que eu sentiria ainda não havia de fato chegado, não me sentia de fato uma noiva ansiosa para vestir o vestido branco e dizer o sim no altar, a única na face da terra que não via o próprio casamento como algo feliz, imaginava que somente quando eu me visse vestida de noiva esse efeito catártico se aflorar, bem é o argumento que tenho usado como justificativa para não estar por aí mostrando todos os dentes da boca em todas as ocasiões que falavam do casamento.

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