Capítulo três

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                                  Abigail

Me levanto atrasada e agradeço por não precisar arrumar o meu cabelo. Não sei o que acontece com o meu celular porque ele só não desperta nos dias que eu mais preciso acordar na hora. Se eu tivesse empregada já teria comprado um novo a tempos. Decido vestir um vestido que ganhei de Mattia a um tempo atrás, já que não posso ser vista de pijama do Looney Tunes por aí. É bizarro como tudo o que Benjamin disse vêm ecoando na minha mente desde a hora em que ele foi embora.

Estou vestida com um vestido preto, colado. Executivo. Com uma gola terrível, quase geométrica. Definitivamente não faz o meu tipo de roupa. Mas se no momento não pude escolher nem o meu noivo creio que não posso escolher o que vestir também.

Abro a câmera do celular e tiro uma foto no espelho para mandar para a Kali. - Ao me ver percebo o quanto esse vestido me deixa desconfortável. - Kali disse que queria me orientar sobre o que vestir, mas já vai odiar que estou vestindo uma roupa preta. O problema é que nem dá tempo de trocar. Estou totalmente atrasada.

Desço as escadas às pressas depois de ouvir Benjamin buzinar pelas janelas, até me encontrar com Kaser no saguão.

— Atrasada de novo, dona Abigail?

— Hoje a carona já tá até na porta me esperando! - Sorrio, cruzando a portaria.

Eu podia jurar que ele estaria com um carro conversível. E ele estava.

— Bom dia. - Benjamin diz, me olhando da cabeça aos pés.

— Bom dia, Benjamin. - Digo.

Confesso que achei que ele abriria a porta. Mas não abriu. E por isso, preciso parar de pensar nesse cara e no que ele pode ou não fazer. Urgentemente.

—Bom, Abigail. Precisamos combinar algumas coisas antes que você conheça o meu pai. - Ele quebra o silêncio, seu tom de voz mais baixo do que o de costume. — Apesar dele ser importado, é igualzinho a qualquer outro homem de Wall Street que você já conheceu. Então por favor, tome cuidado. - Ele liga o carro.

— Ah, tudo bem. Vou fingir que já conheci algum homem de Wall Street. - Sorrio.

— Que mentirosa! Pelo o menos um você conhece. Aposto que você conhece o Leonardo Di Caprio. - Ele exclama.

— O que o Leonardo Di Caprio tem a ver com Wall Street, Benjamin?

— Tudo, ô dona Coney Island. Ele é literalmente O Lobo de Wall Street!

— Eu nunca vi O Lobo de Wall Street. E pro seu governo, eu sou de Coney Island, não de Inwood. - Fico instantaneamente corada. Não fazia ideia de que ele tinha essa informação.

— Mas foi o que eu disse. - Ele diz, rindo. — E vou providenciar que você assista esse filme o mais rápido possível.

— É que é difícil acreditar que você é capaz de absorver uma informação sobre alguém que não é você.

— Ah, Abigail. Tá claro que você não me conhece. Como acha que eu sei que você é de Coney Island?

— Sei lá. Deve ter visto a ficha que preenchi pro Andrew.

— O Andrew é meu funcionário, senhorita. E eu realmente tenho acesso a tudo o que ele têm. Mas não foi o caso. Ele me passou a gravação da sua entrevista de emprego. Ou melhor, do podcast que ele gravou com você. Como você fala, hein?

— Desde quando é errado falar?

— Ninguém disse que é errado, Abby. Adorei dirigir ouvindo a sua voz. - Benjamin diz, me fitando.

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